
Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 5 | nº 791 | 29 de janeiro de 2025
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
Cotação do boi gordo estável
O mercado abriu com poucos negócios e com parte dos frigoríficos fora das compras. A cotação não mudou. As ofertas estão razoáveis e as escalas, em média, para oito dias.
O boi gordo está negociado em R$327,00/@, a vaca em R$305,00/@ e a novilha em R$317,00/@. O “boi China” está cotado em R$335,00/@. Ágio de R$8,00/@. Todos os preços são brutos e com prazo. No Mato Grosso, na região Norte, o boi gordo está cotado em R$317,00/@, a vaca em R$300,00/@ e a novilha em R$305,00/@. Na região Sudoeste, a cotação subiu para todas as categorias. Para o boi gordo o aumento foi de R$1,00/@, cotado em R$320,00/@, e para a vaca e a novilha foi de R$2,00/@, apregoadas em R$304,00/@ e R$314,00/@, respectivamente. Na região de Cuiabá, os preços não mudaram. O boi gordo está comercializado em R$320,00/@, a vaca em R$300,00/@ e a novilha em R$310,00/@. Na região Sudeste, o preço do boi gordo subiu R$5,00/@ e o da novilha R$2,00/@, comercializados em R$320,00/@ e R$310,00/@, respectivamente. Para a vaca não houve alteração, cotada em R$298,00/@. O “boi China” está cotado em R$325,00/@. Ágio de R$8,00/@ para a região Norte e de R$5,00/@ para as demais regiões. Todos os preços são brutos e com prazo. No Espírito Santo, com boa oferta e escoamento de carne lento, a cotação está pressionada, registrando queda de R$3,00/@ para a vaca. O boi gordo está negociado em R$300,00/@, a vaca em R$282,00/@ e a novilha em R$285,00/@. O “boi China” está cotado em R$302,00/@. Ágio de R$2,00/@. Todos os preços são brutos e com prazo. Na exportação de carne bovina in natura até a quarta semana de janeiro, o volume exportado foi de 143,3 mil toneladas – média diária de 8,4 mil toneladas – aumento de 2,1% em relação ao desempenho médio diário do mesmo período de 2024. Apesar da variação positiva na comparação ano a ano, é notável a desaceleração em relação às semanas anteriores. O preço médio da tonelada ficou em US$5 mil, alta de 11,4% na comparação feita ano a ano.
Scot Consultoria
Oferta de carne bovina deve cair 4,9% em 2025 e pressionar preços no Brasil
Na avaliação do analista sênior da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, país continuará exportando grandes volumes de carne bovina
Com a reversão do ciclo pecuário, a produção de carne bovina no Brasil deve enfrentar uma queda significativa em 2025. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma produção de 10,37 milhões de toneladas, volume 4,9% menor em comparação ao ano passado. O recuo está ligado à retenção de vacas reprodutoras, estratégia adotada pelos criadores. Embora as carnes tenham representado 10,76% do índice geral da inflação em 2024, os preços registraram queda no início deste ano. Entretanto, o analista sênior da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, alerta que as carnes seguirão pressionando os índices inflacionários ao longo de 2025. “Muito provavelmente, nós teremos preços mais altos ao longo de toda a cadeia pecuária. A arroba do boi gordo já começou o ano mais valorizada em comparação ao ano passado. Essa dinâmica de preços mais elevados deve se manter durante toda a temporada, chegando ao consumidor final nos supermercados”, destacou Iglesias durante o telejornal Mercado & Companhia. Menor oferta doméstica e substituição de proteínas. Iglesias prevê que o Brasil continuará exportando grandes volumes de carne bovina, o que resultará em uma redução na oferta doméstica. Isso deverá levar parte da população a migrar para proteínas alternativas, como frango, embutidos e cortes suínos, para atender às necessidades diárias. Apesar dos desafios no setor, o analista acredita que ajustes fiscais e uma redução na carga tributária podem contribuir para amenizar os impactos no preço das carnes, diminuindo a pressão sobre o consumidor final.
Agência Safras
SUÍNOS
Suínos: cotações encerram a terça-feira estáveis
Segundo pesquisadores do Cepea, a oferta maior que a demanda tem pressionado as cotações da carne suína, cenário que vem sendo observado desde dezembro do ano passado
Segundo a Scot Consultoria, o valor da arroba do suíno CIF em São Paulo ficou estável, com preço médio de R$ 151,00, enquanto a carcaça especial subiu 0,85%, fechando em R$ 11,80/kg, em média. Conforme informações do Cepea/Esalq sobre o Indicador do Suíno Vivo, referentes à segunda-feira (27), houve alta de 0,26% no Paraná, chegando a R$ 7,65/kg, e queda de 0,25% em São Paulo, custando R$ 7,91/kg. Os preços ficaram estáveis em Minas Gerais (R$ 7,96/kg), Rio Grande do Sul (R$ 7,91/kg), e Santa Catarina (R$ 7,64/kg).
Cepea/Esalq
FRANGOS
Frango congelado ou resfriado têm alta de 0,24%
Enquanto as cotações do frango vivo estão enfraquecidas, as do milho sobem e as do farelo de soja seguem praticamente estáveis
De acordo com a Scot Consultoria, o valor do frango na granja em São Paulo ficou estável, custando, em média, R$ 5,40/kg, enquanto o frango no atacado teve desvalorização de 0,66%, custando, em média, R$ 7,83/kg. No caso do animal vivo, o preço ficou estável no Paraná, cotado a R$ 4,24/kg, da mesma maneira que em Santa Catarina, com valor de R$ 4,56/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, Vivo, referentes à segunda-feira (27), a ave congelada teve tímida alta de 0,24%, chegando a R$ 8,37/kg, assim como o frango resfriado, fechando em R$ 8,43/kg.
Cepea/Esalq
Indústria de aves do RS questiona continuidade de embargos por Newcastle
Segundo a Organização Avícola do Rio Grande do Sul, países considerados importantes compradores, como China e Chile, ainda não suspenderam os embargos. Produtores gaúchos enviaram ofício ao Ministério da Agricultura solicitando urgência de resolução
O setor de aves do Rio Grande do Sul enviou um ofício ao Ministério da Agricultura hoje (28/1) com um pedido de urgência na resolução dos embargos que permanecem impedindo as exportações de carne do Estado em função do caso da doença de Newcastle, ocorrido no ano passado. Segundo a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs), países considerados importantes compradores, como China e Chile, ainda não suspenderam os embargos mesmo após a autodeclaração do Brasil como livre da doença em aves comerciais, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em outubro de 2024. A suspensão de vendas a esses mercados já ultrapassa seis meses. “A manutenção desses embargos gera prejuízos significativos para a cadeia produtiva, sobretudo para os pequenos e médios produtores, que já lidam com dificuldades financeiras”, afirmou a Asgav em nota. As entidades gaúchas disseram que reconhecem os esforços e serviços do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) e de órgãos estaduais, que conduziram análises rápidas do caso isolado de doença de Newcastle registrado em julho de 2024. Porém, alertam que, por questões internas ou outras, estes países ainda resistem em reabrir suas fronteiras às exportações do setor avícola gaúcho. “O apelo ao governo federal é claro: intensificar os esforços diplomáticos para sensibilizar mercados como o chinês, que representam uma parcela significativa das exportações do setor”, enfatizou. Para o setor, o retorno ao pleno acesso aos mercados globais é considerado essencial.
Globo Rural
INTERNACIONAL
Brasil abre novos mercados para seu alimento halal
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira divulgou balanço do Halal do Brasil. De acordo com a Câmara Árabe, nos dez primeiros meses de 2024, as 59 empresas já aptas a exportar pelo projeto, que hoje apoia um total de 124 organizações, abriram nove novos mercados, elevando para 156 o total de países alcançados pela iniciativa, segundo o critério de avaliação estipulado pela ApexBrasil.
As exportações das empresas participantes no período somaram US$ 3,61 bilhões, alta de 20,48% sobre janeiro-setembro de 2023. Os principais destinos foram Arábia Saudita, China, Emirados Árabes, Japão e Kuwait. Frango, açúcar, carne bovina, café, algodão, óleo de amendoim e arroz lideraram a pauta. O número de categorias exportadas (NCMs) também saltou de 190 para 343 entre setembro de 2023 e o mesmo mês de 2024, considerando todos os produtos das participantes, inclusive eventuais itens destinados a não-muçulmanos. “Estamos habilitando cada vez mais empresas para atuar no mercado de consumo muçulmano”, avalia Osmar Chohfi, presidente da Câmara Árabe-Brasileira. “O número de empresas exportadoras subiu 80% de um ano para cá. As cerca de 50 empresas que entraram este ano também são de fora do segmento de proteínas, o carro chefe das exportações. Isso nos dá a perspectiva de diversificar as vendas com alimentos de maior valor agregado futuramente”, analisa o dirigente. O alimento halal difere dos demais pelo método produtivo, que respeita princípios da religião islâmica. No caso das proteínas animais, o abate precisa ser feito pelo método de degola, sem insensibilização elétrica, por abatedor muçulmano, sob o rito islâmico e em uma linha voltada para a cidade sagrada de Meca. Também são necessárias medidas para evitar a contaminação com substâncias proibidas, como álcool e derivados suínos, que também valem para alimentos processados. Além disso, respeito ao meio ambiente e ética nas relações de contratação contam para que um alimento seja certificado como halal. O país sul-americano se tornou o maior exportador mundial de proteínas halal, vendendo cerca de US$ 5 bilhões do produto por ano. Também se tornou o maior fornecedor de alimentos para os 57 países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), com exportações ao bloco totalizando US$ 23,39 bilhões em 2023, segundo a Inteligência de Mercado da Câmara Árabe. Apesar do destaque, a avaliação da Câmara Árabe é de que o Brasil pode ter espaço nas categorias industrializadas de produtos certificados, nas quais o país tem pouca inserção. A entidade destaca que a pauta de exportação do país com a OCI é prevalente em produtos básicos, como açúcar, grãos, frango, bovino, café e mate. As vendas também respondem por apenas 9,81% das importações totais de alimentos do bloco. Além disso, o The State of Islamic Economy Report de 2024 estima que a alimentação halal movimente no mundo US$ 1,4 trilhão por ano, havendo 1,9 bilhão de consumidores em potencial. A partir desse diagnóstico, o Halal do Brasil foi estruturado para estimular empresas a adotar a certificação de produção conforme aos princípios islâmicos. Além de obrigatório em países muçulmanos para vários alimentos importados, o selo facilita vendas ao dar ao consumidor segurança para escolher um produto associado ao respeito à sua identidade. Chohfi afirma que, no projeto, 59 das 124 empresas já fazem exportações com alguma prevalência de itens certificados. As demais estão em processo de certificação ou prospectando clientes com produtos que não requeiram o selo.
Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Governo aposta em 12 novas concessões rodoviárias com leilões do Paraná em setembro
Rodovias do lote 4 ligam Guaíra, na fronteira com o Paraguai, com Cornélio Procópio, na região do Norte Pioneiro
O ministro dos Transportes, Renan Filho, apresentou na terça-feira (28) a carteira de concessões para 2025, que contempla 12 novos leilões de rodovias e três relicitações de projetos que apresentaram problemas nos contratos. Ou seja, para chegar na promessa de 15 leilões no ano, o governo federal incluiu rodovias do “programa de otimização”, que busca solucionar as concessões com obras paralisadas após imbróglio contratual. O primeiro leilão do ano será no dia 27 de fevereiro para concessão da BR-364 entre Porto Velho (RO) e Vilhena (RO), trecho batizado de Rota Agro Norte. O leilão das rodovias federais BR-040 e BR-495 entre Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro (RJ) tem certame marcado para 30 de abril. Paraná deve encerrar concessões com mais dois lotes e investimento total de R$ 60 bi. Segundo o cronograma do Ministério dos Transportes, a publicação dos editais dos lotes 4 e 5 (de um total de seis, cujos demais já foram leiloados) das novas concessões paranaenses será no mês de maio, tendo leilões na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, no mês de setembro. Os projetos foram encaminhados para aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) no final de novembro e seguem em análise pela Corte. “No Paraná, nós já licitamos quatro lotes e esses são os dois últimos. Os seis lotes vão levar para o estado um investimento em torno de R$ 60 bilhões. O Paraná vai dar um salto em infraestrutura”, declarou Renan Filho durante o anúncio. Confira os seis lotes das novas concessões de rodovias no Paraná. Os lotes 1 e 2 das novas concessões paranaenses foram leiloados em 2023, primeiro ano do atual governo Lula. No ano passado, as novas concessionárias dos lotes 3 e 6 também foram chanceladas após os leilões na B3. O lote 6 foi antecipado a pedido do setor produtivo pela necessidade das obras de duplicação do corredor logístico de Foz do Iguaçu, no oeste do estado, até o porto de Paranaguá, no litoral paranaense. O lote 4 tem uma extensão total de 627,52 quilômetros e inclui as rodovias estaduais PR-182/272/317/323/444/862/897/986, além de três rodovias federais: BR-272, BR-369 e BR-376. O investimento privado previsto é de R$ 10,9 bilhões para um contrato de concessão de 30 anos. Este é o lote que contempla rodovias nas regiões das duas maiores cidades do interior do estado: Londrina e Maringá. A ligação do Norte Pioneiro até o extremo noroeste vai de Cornélio Procópio até o município de Guaíra, na fronteira com o Paraguai. Na outra parte do lote, a concessionária fica responsável pela administração do trecho de rodovias entre Maringá, no Noroeste, e Diamante do Norte, na divisa com os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O lote 5 deve receber um investimento de R$ 6,5 bilhões para obras em 430,7 quilômetros nas rodovias federais BR-158/163/369/467, além da rodovia estadual PR-317. O trecho ligará Maringá a Cascavel, no oeste do Paraná, além do trecho entre Guaíra e Cascavel.
Gazeta do Povo
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar cai pela 7ª sessão consecutiva e fica abaixo de R$5,90
O dólar emplacou na terça-feira a sétima sessão consecutiva de queda no Brasil, encerrando abaixo dos 5,90 reais pela primeira vez em 2025, em meio ao movimento de retirada de excessos de prêmios das cotações que tem marcado as sessões mais recentes
A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,74%, aos 5,8691 reais -- a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em 5,8096 reais. Em janeiro a divisa acumula queda de 5,02%. Às 17h05 na B3 o dólar para fevereiro -- atualmente o mais líquido -- cedia 0,42%, aos 5,8755 reais. Como na véspera, o dólar à vista chegou a oscilar no território positivo no início do dia, com alguns agentes ensaiando uma realização de lucros, mas rapidamente a moeda migrou para o negativo, dando continuidade ao movimento mais recente. Operador ouvido pela Reuters ponderou que a demora do governo de Donald Trump nos EUA em cumprir a promessa de adotar tarifas de importação mais elevadas favorecia o real, assim como o noticiário político/fiscal relativamente esvaziado no Brasil. O dado fiscal do dia -- a arrecadação federal -- trouxe certo alento para os ativos brasileiros, inclusive para a curva de juros. Pela manhã, a Receita Federal informou que a arrecadação do governo federal teve alta real (descontada a inflação) de 9,62% em 2024 sobre ano anterior, somando 2,653 trilhões de reais, no melhor resultado anual já registrado na série histórica, iniciada em 1995. No ano passado, os recursos captados pela Receita, que englobam impostos de competência da União, tiveram alta real de 9,69% sobre 2023, a 2,524 trilhões de reais. Já as receitas administradas por outros órgãos, com peso grande dos royalties sobre a exploração de petróleo, tiveram alta real de 8,27% no ano, a 128,5 bilhões de reais. Neste cenário, após registrar a máxima de 5,9210 reais (+0,14%) às 9h31, ainda na primeira hora de negócios, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,8573 reais (-0,94%) às 14h16, com investidores retirando novamente parte dos excessos de prêmios incorporados às cotações no fim de 2024.
Reuters
Ibovespa fecha em queda com pressão de Vale
O Ibovespa fechou no vermelho na terça-feira, afetado principalmente pela queda de mais de 2% nas ações da Vale, que divulgou relatório de produção e vendas do quarto trimestre logo após o encerramento do pregão
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, fechou com declínio de 0,62%, a 124.085,68 pontos, segundo dados preliminares, chegando a marcar 123.972,72 no pior momento da sessão e, no melhor, 124.880,76. O declínio no dia ocorre após o índice avançar quase 2% no pregão anterior. O volume financeiro somava 15 bilhões de reais antes dos ajustes finais.
Reuters
Arrecadação tem alta real de 9,62% em 2024 e fecha ano em patamar recorde
Receitas do governo somaram R$ 2,65 trilhões no ano passado, maior da série iniciada em 1995
O governo federal registrou uma arrecadação recorde em 2024. As receitas somaram R$ 2,65 trilhões, uma alta de 9,62% em relação ao ano anterior, já descontado o efeito da inflação, segundo dados anunciados na terça-feira (28) pela Receita Federal. Só no mês de dezembro, as receitas somaram R$ 261,3 bilhões, um aumento real de 7,78% em relação a igual mês de 2023. Nesta comparação o resultado também é o melhor para o mês na série histórica, iniciada em 1995. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contou com uma série de medidas para reforçar o caixa no ano passado, mas o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o efeito do aumento de preços também ajudaram a puxar as receitas. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, classificou o resultado de "espetacular" e atribuiu boa parte do desempenho à atividade econômica. "Houve reativação de setores inteiros da economia, que passaram a recolher montantes importantes [de tributos]", afirmou durante a abertura do anúncio dos números. Ele não permaneceu na entrevista para responder a perguntas dos jornalistas, mas depois, procurado pela Folha, rebateu críticas de agentes do mercado financeiro que são céticos quanto à melhora estrutural da arrecadação e veem o desempenho de mais calcado em medidas extraordinárias. "Essas medidas não são de receita extraordinária, os resultados serão maiores nos anos seguintes. Com exceção parcial da medida da tributação dos fundos e offshores, que teve um valor expressivo em 2024, por conta da regularização do passado. Mas o fluxo continua a ser tributado, isso é novidade que veio para ficar", disse Barreirinhas. O secretário se referiu ao esforço extra obtido com a tributação dos rendimentos acumulados pelos super-ricos nos chamados fundos exclusivos, bem como dos ganhos em fundos mantidos em paraísos fiscais (offshore). Segundo a Receita Federal, o governo obteve R$ 13 bilhões com a taxação dos fundos exclusivos, o que inclui o estoque de rendimentos até então não tributado, e outros R$ 7,67 bilhões com a cobrança de impostos sobre os ganhos com fundos em paraísos fiscais. Nos próximos anos, a tendência é que a receita com essa medida seja menor. O secretário também destacou um reforço de R$ 18,3 bilhões na arrecadação com ações de conformidade, autorregularização de contribuintes e acordos de transação tributária —estes últimos renderam, sozinhos, R$ 5,4 bilhões. A redução nas compensações tributárias também ajudou o governo a ampliar receitas. O instrumento permite aos contribuintes usarem créditos tributários para abater o valor de impostos a pagar. Quanto menor é o valor compensado, maior tende a ser a arrecadação federal. No ano passado, as compensações tributárias somaram R$ 236,85 bilhões, abaixo dos R$ 248 bilhões abatidos pelos contribuintes em 2023. Neste caso, ambos os valores são nominais. A principal queda se deu na compensação de créditos judiciais. Desde o início de 2024, o Ministério da Fazenda passou a limitar o abatimento de créditos obtidos via sentença judicial, após a derrota no julgamento sobre a inclusão de ICMS na base de cálculo de PIS/Cofins (apelidada de "tese do século") ter gerado um passivo bilionário para a União. Contribuintes com créditos maiores que R$ 10 milhões precisaram se submeter aos limites mensais de uso dos créditos. Com isso, a compensação por ação judicial caiu 44,6% no ano passado, para R$ 45,7 bilhões. Em 2023, sem a trava, os contribuintes deixaram de recolher R$ 82,4 bilhões por meio do uso dos créditos judiciais (em valores nominais). A receita previdenciária, por sua vez, subiu 5,34% acima da inflação e somou R$ 685 bilhões. Segundo Gomide, o desempenho reflete o crescimento da massa salarial e ocorreu a despeito da criação de uma nova desoneração da folha para municípios menos populosos, com impacto estimado em R$ 10 bilhões. Essas são as duas principais fontes de arrecadação federal, mas outros tributos também tiveram incremento no ano passado, como Imposto de Importação (33,75%), IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) sobre rendimentos de capital (13,12%) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados, com alta de 24,75%). O desempenho da arrecadação ajudou a equipe econômica a cumprir a meta fiscal para o ano de 2024. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) antecipou que o governo fechou o ano passado com um déficit de 0,1% do PIB, ou 0,37% quando considerados os gastos extras para enfrentar as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. A meta era de déficit zero, mas com margem de tolerância para um resultado negativo de até 0,25% do PIB.
Folha de SP
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