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Produção de carne e o mercado de carbono


‘Não vejo outra forma de reforçar a mensagem que não seja enfática: neutralizar suas emissões e dos seus fornecedores! O momento já chegou, e essa velocidade vem acompanhada de dúvidas, mas também muitas oportunidades de negócio’, escreve Juan Carlos Lebrón.


Juan Carlos Lebrón


É impossível assistir indiferente, mesmo como consumidor, as transformações que o mercado de proteína animal vem atravessando nos últimos anos. A melhoria nas regras sanitárias foi enorme, aumentando a segurança alimentar.


Não estamos muito distantes da época em que comprávamos num açougue e voltávamos para a casa com a carne envolta em um papel. A meia carcaça, normalmente entregue para ser desossada no açougue, era muitas vezes manuseada com os cuidados e temperatura longe do ideal.


Uma diferença tão sutil, mas tão profunda, deixamos de pedir um quilo de carne e passamos a pedir um determinado corte da indústria da nossa preferência. A carne passou a ganhar marca, nome e sobrenome!


Rastreabilidade


A rastreabilidade de origem passa a ser exigência para muitos mercados externos, e, certamente, em breve também será para o mercado interno. A origem da carne começa a ser um fator de decisão na compra pelo consumidor, obviamente vinculada a qualidade do produto.


Saber onde a carne foi produzida levou a um segundo questionamento do consumidor: como essa carne foi produzida. Bem-estar animal, desmatamento, uso de mão de obra legal, entre outros, passam a ser informações fundamentais.


A sustentabilidade, então, vira protagonista e ganha amplitude na discussão. De certa forma, vira um guarda-chuva de todas as exigências. O conceito de sustentabilidade evolui para que seja: social, ambiental e econômica.


Mas, se por um lado, os avanços e exigências até aqui aumentam os custos de produção, a busca da sustentabilidade cria novas oportunidades.


Mercado de carbono


O mercado de carbono surge como uma nova oportunidade de negócios e sai do campo unicamente da pesquisa e da academia e chega ao mercado financeiro. As maiores empresas frigoríficas do mercado assumem na bolsa, publicamente, a neutralização das suas emissões e dos seus fornecedores até 2035-2040.


Uma bezerra que nascer hoje, em 2035 ainda será uma matriz produtiva e terá produzido bezerros que se tornarão bois para o abate, produzindo carne já com suas emissões de carbono neutralizadas.


Não vejo outra forma de reforçar a mensagem que não seja enfática: neutralizar suas emissões e dos seus fornecedores! O momento já chegou, e essa velocidade vem acompanhada de dúvidas, questionamentos, incertezas, mas também muitas oportunidades de negócio.


E é justamente isso que o produtor quer entender e precisa ouvir. Como o esforço por neutralizar as emissões tornam seu produto mais valorizado e como colabora com a sustentabilidade, além de ambiental e social, financeira.


Teremos grandes e rápidos avanços nessa área da comercialização de produtos oriundos de fazendas produtoras de CCN (Carne Carbono Neutro). O primeiro carregamento de CCN no Brasil já aconteceu, com premiação para todos os atores: Produtor > Indústria > Importador.


Ou seja, a disposição do consumidor de pagar mais por essa carne é um fato. A partir dessa demanda, só se anda para frente!


*Juan Carlos Lebrón, é superintendente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e proprietário da JLC consultoria


Fonte: www.foodconnection.com.br – TECNOCARNE

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