Excesso de oferta do setor gerou baixo preço nas prateleiras
O Brasil enfrenta atualmente um cenário preocupante para o setor de suinocultura e, é claro, os produtores do Sudoeste do Paraná estão sentindo o impacto causado pelos baixos preços de suínos nas prateleiras dos mercados e a grande oferta dos produtores independentes e também das indústrias.
O suíno foi a proteína animal que mais cresceu nos últimos anos no Brasil. Entre 2016 e 2021, a produção aumentou mais de 30%, sendo que o Paraná foi o responsável por 1,7 milhão de cabeças, se tornando o segundo maior produtor do país no último ano.
Com o cenário de alta no custo de produção e os preços pagos aos produtores em queda, a preocupação com o excesso de produção veio a tona para os suinocultores do Sudoeste do Estado, já que a região vinha crescendo no setor nos últimos anos. A constatação inicial é de que o consumir está comprando o produto, porém, com um preço muito abaixo do necessário para cobrir os custos de produção.
De acordo com o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, Jacir Dariva, o setor está passando por um momento de dificuldades e deve afetar todo o sistema da suinocultura. ”as commodities, grãos, que é a parte principal da alimentação, está com um valor muito alto e o suíno em si não está valendo nada atualmente, o prejuízo é muito grande para o produtor e já estamos prevendo o pior”, destaca, ao afirmar que não é apenas o suinocultor que pode quebrar, “nós amos levar os frigoríficos, o pessoal que vende insumos, vai ser um problema muito sério e esperamos que aconteça algo que ajude a reverter a situação”.
China
A suinocultura estava crescendo com rapidez no Brasil após uma crise sanitária causada pela peste suína africana atingir a China há aproximadamente três anos, dizimando os plantéis no país que, até aquele momento, era o primeiro em produção de suíno no mundo, com 54 milhões de toneladas ao ano, enquanto o Brasil produzia em torno de 4 milhões.
Com essa crise se instalando na China, os produtores independentes do Brasil e as agroindústrias apostaram que a recuperação da China demoraria em torno de cinco anos e esses produtores brasileiros passaram a produzir suínos em maior quantidade para exportar a carne para a China e também assumir mercados antes atendidos por ela. Ainda segundo Dariva, no ano passado, a China foi responsável por 50% das exportações brasileiras, o que sugere em torno de 600 mil toneladas.
No entanto, Dariva afirma os chineses se recuperaram rápido e, em menos de três anos, realizaram a instalação de novas granjas, aumentaram os plantéis e, por uma questão de segurança alimentar, o governo chinês fez grandes condomínios de matrizes de animais e recompôs nesse período quase toda a produção que havia antes. “A recuperação foi fantástica, porque em dois para três anos estão quase no mesmo nível de produção de antes do problema sanitário”, destaca.
Como os suinocultores brasileiros se preparam para continuar fornecendo suínos a longo prazo, o presidente da associação afirma que há o excesso de oferta no mercado.
“Principalmente os produtores ficaram com um estoque grande de animais com a diminuição da importação de carne suína n Brasil, houve essa superoferta e os suinocultores estão percebendo o prejuízo e começaram a vender as fêmeas. Um porco pesa entre 90 e 110 quilos e a fêmea é de 250 a 300 quilos, o que vai aumentar essa oferta e os próximos meses deve haver uma situação mais crítica”.
Medidas
Para frear os prejuízos causados aos produtores de suíno, Dariva destaca que estão sendo diminuídos os plantéis, sendo que a recomendação é que seja diminuído 20% na indústria, enquanto os produtores independentes também estão trabalhando na redução do mesmo.
“Precisa adequar o que está produzindo para vender e para consumo interno, onde tivemos no ano passado um aumento, passando de 18 quilos per capta no Brasil, mas assim mesmo não foi suficiente após a diminuição da exportação para a China”, pontua.
Medidas no governo também estão sendo aplicadas, segundo Jacir, o Governo Federal libertou verba para os produtores independentes que “estão sentindo mais essa questão da falta de valor no preço do suíno”.
Dariva complementa que “no Paraná, fala-se em R$ 4 reais o quilo da carne suína, enquanto o custo de produção gira em R$ 8 e tende a aumentar quando as fêmeas que estão em excesso nas granjas chegarem ao mercado”.
A tendência é que no fim do ano tenha uma estabilização no setor, com diminuição do custo de produção após a colheita de milho e soja. “Não acredito que antes do fim do ano vamos ter a melhora entre oferta e custo de produção”, pontua.
O presidente da Associação Paranaense de Suinocultores também comenta sobre a liberação do PIS/COFINS partindo do Governo, onde houve a autorização de isenção desses impostos no milho para proporcionar aos produtores mais tempo de recuperação.
Conflito entre Rússia e Ucrânia
Outro grande impacto sofrido pelo setor de suinocultura foi causado pelo conflito na Ucrânia pois, segundo Dariva, o país estava preparado para vender em torno de 100 mil toneladas de carne suína para a Rússia. “Essa carne não vai mais para lá, além de que eles importavam carne de outros países e com a guerra, esses países descarregam seus produtos em mercados que estávamos vendendo, pressionando a diminuição na exportação de carne suína do Brasil para o restante do mundo”, finaliza.
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Fonte: Suinocultura Industrial - com informações de Diário do Sudoeste
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