CLIPPING DO SINDICARNE Nº 985 DE 05 DE NOVEMBRO DE 2025
- prcarne
- 5 de nov.
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Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 5 | nº 985 | 05 de novembro de 2025
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
Agrifatto identifica avanço na arroba do boi gordo em 6 das 17 praças monitoradas
Cenário de cotações firmes deve se manter na primeira quinzena de novembro, período marcado por maior consumo doméstico e pelo ritmo aquecido das exportações para a China, apostam os analistas. No PARANÁ: Boi: R$325,00 por arroba. Vaca: R$295,00. Novilha: R$310,00. Escalas de abate de sete dias.
Boi China PARANÁ: R$ 318,00/@ (à vista) e R$ 322,00/@ (prazo)
Na terça-feira (4/11), das 17 praças acompanhadas diariamente pela Agrifatto, seis registraram valorização nos preços do boi gordo: AC, ES, GO, MG, MT e RS. Nas outras regiões, as cotações ficaram estáveis, acrescentou a consultoria. Pela apuração da Scot Consultoria, no mercado paulista, o boi gordo sem padrão-exportação segue valendo R$ 317/@, enquanto o “boi-China” é negociado por R$ 322/@ (valores brutos, no prazo). As cotações das fêmeas também andaram de lado nesta terça-feira em São Paulo, com a vaca gorda cotada em R$ 295/@ e a novilha terminada vendida por R$ 310/@, informou a Scot. Segundo a Agrifatto, os preços das boiadas mantêm a tendência de alta, refletindo a forte demanda (interna e externa) e a oferta limitada de animais prontos para abate. De acordo com a consultoria, o volume de negócios efetuados nos últimos dias não foi suficiente para ampliar as escalas de abate dos frigoríficos brasileiras, que continuam curtas, em sete dias úteis, na média nacional. “Esse cenário de preços firmes deve se manter na primeira quinzena de novembro, período marcado por maior consumo doméstico e pelo ritmo aquecido das exportações para a China”, acreditam os analistas da Agrifatto. Após o recuo observado no fechamento da última sexta-feira, os contratos futuros do boi gordo subiram na segunda-feira (3/11). O papel com vencimento em novembro/25 encerrou a sessão cotado em R$ 332,20/@, com ganho de 0,97% em relação ao dia anterior. Cotações do boi gordo desta segunda-feira (3/11), conforme levantamento diário da Agrifatto: SÃO PAULO: Boi comum: R$325,00 a arroba. Boi China: R$325,00. Média: R$325,00. Vaca: R$295,00. Novilha: R$310,00. Escalas de abates de sete dias. MINAS GERAIS: Boi comum: R$300,00 a arroba. Boi China: R$310,00. Média: R$305,00. Vaca: R$280,00. Novilha: R$290,00. Escalas de abate de oito dias. MATO GROSSO DO SUL: Boi Comum: R$325,00. Boi China: R$325,00. Média: R$325,00. Vaca: R$295,00. Novilha R$310,00. Escalas de sete dias. MATO GROSSO: Boi comum: R$300,00 a arroba. Boi China: R$310,00. Média: R$305,00. Vaca: R$280,00. Novilha: R$290,00. Escalas de abate de sete dias. TOCANTINS e PARÁ: Boi comum: R$300,00 a arroba. Boi China: R$310,00. Média: R$305,00. Vaca: R$275,00. Novilha: R$285,00. Escalas de abate de sete dias. GOIÁS: Boi comum: R$300,00 a arroba. Boi China/Europa: R$310,00. Média: R$305,00. Vaca: R$280,00. Novilha: R$290,00. Escalas de abate de sete dias. RONDÔNIA: Boi: R$285,00 a arroba. Vaca: R$260,00. Novilha: R$270,00. Escalas de abate de nove dias. MARANHÃO: Boi: R$290,00 por arroba. Vaca: R$265,00. Novilha: R$270,00. Escalas de abate de oito dias. Preços brutos do “boi-China” na segunda-feira (3/11), de acordo com levantamento diário da Scot Consultoria: SÃO PAULO: R$ 318,00/@ (à vista) e R$ 322,00/@ (prazo). MINAS GERAIS (Exceto região Sul): R$ 306,00/@ (à vista) e R$ 310,00/@ (prazo). MATO GROSSO: R$ 306,00/@ (à vista) e R$ 310,00/@ (prazo)
MATO GROSSO DO SUL: R$ 321,00/@ (à vista) e R$ 325,00/@ (prazo). GOIÁS: R$ 306,00/@ (à vista) e R$ 310,00/@ (prazo). PARÁ/PARAGOMINAS: R$ 301,50/@ (à vista) R$ 305,00/@ e (prazo). PARÁ/REDENÇÃO E MARABÁ: R$ 301,50/@ (à vista) e R$ 305,00/@ (prazo). RONDÔNIA: R$ 286,50/@ (à vista) e R$ 290,00/@ (prazo). ESPÍRITO SANTO: R$ 296,50/@ (à vista) e R$ 300,00/@ (prazo). TOCANTINS: R$ 301,50/@ (à vista) e R$ 305,00/@ (prazo)
AGRIFATTO/PORTAL DBO/SCOT CONSULTORIA
CARNES
2026 será marcado por oferta de frango e forte crescimento para exportação de carne suína no Brasil
O ano que vem será marcado por uma maior oferta global de carne de frango, com crescimentos de 1,6% nos EUA, entre 1,5% – 2% na União Europeia e de 2% no Brasil, segundo o Rabobank.
O cenário pressiona as margens dos frigoríficos. Na visão da Safras & Mercado, o Brasil deve exportar 5,5 milhões de toneladas em 2026, com um ambiente mais estável. “A gripe aviária trouxe impactos, mas setembro foi o melhor resultado da exportação de carne de frango do ano. Os preços estavam mais deprimidos, um sinal de que o Brasil está exportando bastante para aliviar a pressão no mercado doméstico”, vê o analista de proteína animal, Fernando Iglesias. No mercado interno, as projeções de menor oferta interna de carne bovina, deve representar um maior consumo de proteínas como carne de frango e suína. O potencial para suínos até 2030 A Safras & Mercado enxerga a carne suína como o maior potencial de crescimento até o final da década, com exportações avançando entre 3,5% e 7% ao ano. “É o mercado com maior potencial para abrir novos mercados e se consolidar como um dos maiores fornecedores do mundo. O Brasil deve terminar 2025 como o 3º maior exportador global de carne suína e tem potencial para ganhar ainda mais mercado”.
Money Times
MEIO AMBIENTE
Frigoríficos buscam envolver os produtores na pecuária de baixo carbono
Empresas mantêm programas para reduzir as emissões de metano ao longo da cadeia. Paulo Pianez: “Mais da metade das fazendas já opera com sistemas integrados”
De olho nas metas climáticas e nas exigências do mercado internacional, os maiores frigoríficos do país buscam acelerar a transição para uma pecuária de baixo carbono. MBRF, Minerva Foods e JBS lançaram programas que combinam ciência, tecnologia e incentivos financeiros para reduzir as emissões de metano ao longo da cadeia produtiva e envolver produtores em práticas mais sustentáveis, com metas verificáveis de redução e neutralidade climática ao longo da próxima década. A MBRF vem intensificando os investimentos em descarbonização da pecuária com o Programa Verde+, criado em 2020 para apoiar produtores na adoção de boas práticas ambientais. Desde então destinou US$ 500 milhões em títulos de transição, e firmou parceria de US$ 37 milhões com o &Green Fund. O programa atua em quatro frentes: manejo e recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), melhoramento genético e uso de aditivos alimentares que reduzem de 9% a 12% as emissões entéricas. Segundo Paulo Pianez, diretor global de sustentabilidade e relações institucionais, a MBRF mantém cerca de 8 mil produtores parceiros, com 100% de fornecedores diretos monitorados e rastreabilidade de 90,8% na Amazônia e 88,1% no Cerrado. A meta é alcançar 100% até o fim deste ano, cobrindo toda a cadeia produtiva, da cria ao abate. “Mais da metade das fazendas fornecedoras já opera com sistemas integrados e confinamento sustentável”, diz. Entre 2021 e o primeiro trimestre de 2024, mais de 4,2 mil fazendas foram reincluídas na base de fornecimento após processos de regularização e adoção de boas práticas. A idade média de abate caiu de 33 para 29 meses, com rendimento de carcaça 17% maior em relação a 2019. “O Verde+ muda a lógica da pecuária: em vez de excluir quem tem problema, a gente inclui e ajuda a resolver”, afirma. A Minerva Foods aposta em incentivos financeiros para engajar produtores. Criado em 2021, o Programa Renove remunera fazendas certificadas pela FoodChain ID por ganhos ambientais como menor liberação de metano e maior sequestro de carbono. Com custos entre R$ 1.200 e R$ 12.500 por hectare, o programa reúne 145 propriedades, sendo 31 no Brasil, 108 no Uruguai e 6 no Paraguai. Segundo Marta Giannichi, diretora global de sustentabilidade, a meta é alcançar 50% dos animais adquiridos até 2030 e neutralizar toda a cadeia até 2040. “Um bovino abatido aos 24 meses representa um potencial de redução de 74,4% nas emissões de metano em relação a 36 meses.” As fazendas participantes registraram aumento de 160% a 915% na produtividade e de 500% a 1.700% na renda operacional líquida por hectare. O peso médio de abate é 12,5% superior à média da empresa, e a idade de abate chega a ser até seis meses menor, o que reduz as emissões. A JBS aposta em tecnologia e assistência técnica para acelerar a descarbonização. O modelo Escritórios Verdes 2.0 reúne iniciativas como Fazenda Nota 10 e Selo Combustível Social e oferece suporte aos produtores. A companhia investiu R$ 1,2 bilhão em sustentabilidade entre 2021 e 2023 e mantém 23 escritórios regionais que já atenderam mais de 7 mil produtores. Segundo Fábio Dias, diretor de relações com pecuaristas, cada propriedade pode reduzir até 30% das emissões de metano e sequestrar 3,5 toneladas de carbono por hectare ao ano. A empresa também cofinancia o NeuTroPec, centro de pesquisa do governo paulista que desenvolve tecnologias para reduzir e neutralizar emissões da pecuária tropical. “O foco é mostrar que sustentabilidade e rentabilidade caminham juntas. Quando o produtor melhora a eficiência, emite menos e ganha mais”, afirma Dias. A JBS pretende zerar as emissões líquidas até 2040 e estima que a expansão do modelo possa mitigar 20 milhões de toneladas de CO2 e até 2035. “O grande desafio é dar escala e viabilidade econômica às soluções de baixo carbono. Nossa missão é levar conhecimento técnico e tecnologia ao campo.” Os avanços dos frigoríficos apontam um caminho possível, mas os desafios de escala e mensuração ainda limitam o impacto da pecuária de baixo carbono. Para Renata Potenza, coordenadora sênior de clima do Imaflora, o setor privado tem papel decisivo na mitigação do metano, mas as ações ainda são limitadas. “O país precisa de métricas comparáveis e sistemas robustos de monitoramento, reporte e verificação [MRV] para comprovar resultados. O que hoje é projeto precisa virar política setorial”, afirma. Apesar do compromisso firmado na COP26 de reduzir em 30% as emissões até 2030, o metano segue em alta, segundo o SEEG/Observatório do Clima. Potenza aponta barreiras como resistência cultural dos pecuaristas, falta de assistência técnica e crédito, que ainda travam o avanço de soluções no campo. “O Brasil tem potencial técnico para cortar até 36% das emissões até 2030, sendo 28% apenas da agropecuária, o que permitiria superar o compromisso internacional. Mas para isso é preciso conectar inovação com política pública e crédito rural”, afirma. O Imaflora apoia o Ministério da Agricultura na elaboração de um plano de aceleração para a agenda de metano, a ser apresentado na COP30.
VALOR ECONÔMICO
EMPRESAS
FriGol registra receita recorde no terceiro trimestre
A receita bruta atingiu R$ 1,25 bilhão, avanço de 31,9%, em relação ao mesmo período de 2024. As exportações representaram 62,1% da receita bruta do FriGol
O frigorífico FriGol reportou lucro líquido de R$ 55,7 milhões no terceiro trimestre deste ano, valor quatro vezes superior aos R$ 13,1 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior.
“Foi um dos melhores trimestres de nossa história, sustentado pelo aumento dos volumes embarcados e pela valorização dos preços no mercado internacional, especialmente na China”, afirmou, em nota, Luciano Pascon, CEO da FriGol. A receita bruta atingiu R$ 1,25 bilhão, avanço de 31,9%, enquanto a receita líquida foi de R$ 1,20 bilhão, melhor resultado da história da companhia. O Ebitda totalizou R$ 109,4 milhões, aumento de 121,6%, com margem de 9,1%. Nos nove primeiros meses do ano, o Ebitda acumulado soma R$ 276 milhões, indicando um resultado anual recorde. As exportações representaram 62,1% da receita bruta, com a China respondendo por 81% desse total. Em seguida vieram Israel (8%), Europa (3%), Hong Kong (2%) e demais destinos (6%). Os embarques para a Europa, por sua vez, cresceram 140% em relação ao mesmo período de 2024. No mercado interno, responsável por 37,9% da receita, os produtos de maior valor agregado tiveram crescimento de 3,3% em volume. Ao todo, a empresa abateu 173.142 bovinos no trimestre, leve recuo de 0,6% em relação ao ano anterior. A queda é atribuída à menor oferta de gado e a uma alta de cerca de 35% no preço da arroba.
“O ano de 2025 tem sido marcado pela geração operacional consistente, com eficiência industrial, disciplina financeira e mercado externo favorável. Nos nove primeiros meses, o Ebitda acumulado alcançou R$ 276 milhões, indicando perspectiva de encerrarmos o ano com resultado anual recorde”, observou, também em nota, o diretor financeiro e sustentabilidade da companhia, Carlos Corrêa.
VALOR ECONÔMICO
GOVERNO
Japão fará nova auditoria para liberar carne bovina do Brasil
Fávaro espera a abertura do mercado ainda neste ano, mas fontes do setor avaliam que as negociações podem demorar mais. Japão pode liberar pré-listing e facilitar exportações do Brasil
A abertura do mercado do Japão para a carne bovina brasileira está cada vez mais próxima. Essa é a expectativa do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que confirmou que o Brasil deve receber, ainda neste mês, uma nova visita de autoridades japonesas. “Com essa auditoria final nas plantas frigoríficas, acho que o protocolo fica pronto e devemos ter o anúncio, se Deus quiser, ainda este ano”, destacou o ministro. Em junho, uma comitiva esteve no Brasil para fazer inspeção em estabelecimentos de vigilância sanitária como parte de um processo de avaliação do país após o reconhecimento, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), como livre de febre aftosa sem vacinação. Com base nessas auditorias, o Japão poderá autorizar o Brasil a operar no modelo de pré-listing, o que facilitaria a exportação para todo o território japonês.
Agro Estadão
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Plantio de soja avança para 79% da área no Paraná, colheita de trigo vai a 88%, diz Deral
O plantio da soja da safra 2025/26 no Paraná atingiu 79% da área estimada até esta semana, avanço de oito pontos percentuais em relação à semana anterior, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral).
Na mesma época do ano passado, o índice de plantio da oleaginosa estava em 85%, indicando um ritmo ligeiramente mais lento nesta temporada, de acordo com órgão da Secretaria de Agricultura do Estado, um dos maiores produtores de soja do Brasil. A condição das lavouras de soja permanece majoritariamente boa, com 93% das áreas avaliadas nessa categoria, enquanto 6% estão em condição média e 1% em condição ruim. A maior parte das lavouras está em fase de desenvolvimento vegetativo (80%), seguida pela germinação (16%) e floração (4%), em linha com o mesmo período do ano passado. O milho primeira safra também apresenta avanço significativo, com 99% da área já semeada, contra 98% na semana anterior e no mesmo período de 2024. A qualidade das lavouras é considerada boa em 94% dos casos.
A colheita do trigo do Paraná, também um dos principais produtores do cereal do Brasil, alcançou 88% da área cultivada, contra 95% no mesmo período do ano passado. As lavouras restantes estão majoritariamente em fase de maturação, com 85% da área.
REUTERS
Paraná retira carnes de aves cozidas da ST
Segundo o decreto, a novidade passa a valer já a partir de janeiro. Esse prazo serve justamente para que a indústria se adeque às mudanças, integrando essas carnes ao regime regular do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Ratinho Junior assinou na segunda-feira (3) o decreto nº 11.712/2025 que retira as carnes de aves cozidas do regime de Substituição Tributária (ST). A medida era uma demanda do setor produtivo e deve aumentar a competitividade dos produtos paranaenses no mercado nacional, fortalecendo todo o setor. As carnes de aves cozidas são apenas um dos diversos produtos que fazem parte da cadeia da avicultura do Estado e incluem, por exemplo, as embalagens de carne de frango desfiada. Embora o produto seja visto como uma pequena parcela da produção industrial do Estado, ela é considerada importante por agregar valor a um setor no qual o Paraná já é líder. Segundo o decreto, a novidade passa a valer já a partir de janeiro. Esse prazo serve justamente para que a indústria se adeque às mudanças, integrando essas carnes ao regime regular do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na ST, o recolhimento do ICMS não é feito pelo estabelecimento que vende o produto, mas diretamente na indústria de forma antecipada. Na prática, isso faz com que os comerciantes paguem para manter os produtos em estoque — o que faz com que os produtos paranaenses tenham dificuldade de competir com carnes de outros estados, em que a tributação já acontecia fora da ST. Com a mudança, eles arcarão com os custos tributários apenas no momento da venda efetiva. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre, o Paraná produziu mais de 558,6 milhões de unidades de aves — o que corresponde a mais de um terço de toda a produção nacional.
Esse é o segundo movimento do gênero adotado pelo Paraná para fortalecer sua agroindústria. Em março, o Estado já tinha retirado as carnes temperadas da Substituição Tributária.
AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar sobe para perto dos R$5,40 em meio à aversão global a ativos de risco
A aversão a ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de uma correção de preços mais profunda no mercado de ações dos Estados Unidos, deu força ao dólar ante o real na terça-feira, com a moeda norte-americana se reaproximando dos R$5,40.
O dólar à vista fechou com alta de 0,77%, aos R$5,3991. No ano, porém, a divisa acumula queda de 12,62%. Às 17h03, na B3, o dólar para dezembro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,70%, aos R$5,4325. A sessão desta terça-feira foi marcada pela aversão aos ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de que possa haver uma correção intensa no mercado de ações norte-americano, impulsionado nos últimos meses pela euforia em torno da inteligência artificial. Durante evento em Hong Kong, o presidente-executivo do Morgan Stanley, Ted Pick, citou a possibilidade de “haver reduções de 10% a 15%” nos preços das ações, sem que isso decorra de algum colapso macroeconômico. Neste cenário, os índices de ações foram pressionados na Europa e nos Estados Unidos, enquanto o dólar ganhou força ante boa parte das demais divisas, incluindo o real. “Vínhamos em uma toada mais favorável, com os ativos de risco performando super bem no último mês, puxados pelos ativos de tecnologia”, afirmou o superintendente de Tesouraria do Daycoval, Luiz Fernando Gênova.
“Mas, depois do Fed, com a indefinição sobre os juros nos Estados Unidos, começamos a ter um gatilho mais intenso de correção”, acrescentou, em referência ao fato de o Federal Reserve, após a reunião da semana passada, ter dado indicações de que os juros podem não cair novamente em dezembro nos EUA. No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante evento em São Paulo que por mais que o Banco Central seja pressionado a não baixar os juros, as taxas terão que cair. “Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair", disse Haddad. A expectativa do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantenha a Selic em 15% ao ano na noite de quarta-feira, mas os agentes buscarão pistas no comunicado da decisão sobre quando os cortes começarão. As reuniões seguintes do colegiado ocorrem em dezembro, janeiro e março.
REUTERS
Ibovespa oscila perto da estabilidade, mas sustenta os 150 mil pontos após renovar recorde
Bolsa brasileira tem reação contida ao mau humor externo, sustentada pelo otimismo com os resultados corporativos locais
Mesmo com a aversão a risco em Wall Street devido às incertezas com as empresas de inteligência artificial e ao corte de juros nos Estados Unidos, a bolsa brasileira tem uma reação contida ao mau humor externo, sustentada pelo otimismo com os resultados corporativos locais. Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá manter a Selic em 15%, os juros futuros operam em leve alta e pressionam algumas ações ligadas à economia doméstica. Por volta das 13h, o Ibovespa subia 0,07%, aos 150.554 pontos, com máxima em 150.888 pontos, novo recorde, enquanto a mínima foi de 149.979 pontos. O volume financeiro projetado para o índice na sessão é de R$ 13,3 bilhões. Em Nova York, o Dow Jones caía 0,29%; o S&P 500 perdia 0,72%; e o Nasdaq tinha queda de 1,20%. O índice apresenta dificuldade em adotar uma tendência única no pregão, em meio ao momento mais negativo do petróleo e do minério de ferro. Assim, a ON recuava 1,25% e as ações ordinárias e preferenciais da cediam 0,28% e 0,20%, respectivamente. Entre às maiores perdas, ON caía 2,04%. Os investidores também reagem aos balanços das companhias no terceiro trimestre. Embora a tenha apresentado resultados em linha com o esperado, o Itaú BBA aponta que a empresa pode ter frustrado alguns investidores ao não aumentar suas metas para o ano. A ação ordinária recuava 2,45% e liderava as baixas da sessão. O Citi, por sua vez, destaca que a empresa apresentou um terceiro trimestre positivo e segue no caminho para cumprir sua meta de receita. Para alcançar o “guidance” (projeções), seria necessário um crescimento de 11% no quarto trimestre, ritmo considerado confortável, dado o avanço de 20% da receita nos primeiros nove meses de 2025. O desempenho abaixo do esperado na divisão de celulose foi compensado pelos resultados resilientes nos segmentos de papel e embalagem, avalia o Itaú BBA. Mais cedo, os mercados globais apresentam forte aversão a risco, após a decepção com os resultados da Palantir Technologies, uma das principais referências em inteligência artificial. As declarações conservadoras de dirigentes do Federal Reserve (Fed), que colocaram em dúvida a queda dos juros americanos em dezembro, também reforçaram a postura mais cautelosa dos investidores. Para a Eleven Financial, o potencial de valorização do Ibovespa segue elevado, impulsionado pelo crescimento dos lucros, especialmente entre as companhias fora do setor de commodities, e por um valuation ainda bem abaixo das médias histórica e global. Em relatório assinado pelo chefe de pesquisa da casa, Fernando Siqueira, a Eleven avalia que o início do ciclo de cortes de juros em 2026 deve contribuir para a valorização do índice. A casa de análise lembra que o preço-alvo do Ibovespa para 2025, de 150 mil pontos, já foi atingido. Para 2026, a projeção é de que o índice avance a 175 mil pontos.
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