Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 2 | nº 73| 22 de fevereiro de 2022
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
BOVINOS
Boi gordo; arroba segue estável na maioria das praças pecuárias
A segunda-feira (21/2) foi de poucos negócios no mercado brasileiro do boi gordo. Segundo apurou a Scot Consultoria, nas regiões do interior paulista, o boi gordo segue valendo R$ 338/@, enquanto a vaca e a novilha prontas para abate são negociadas a R$ 303/@ e R$ 330/@, respectivamente (preços brutos e a prazo)
“A estratégia está voltada para as operações que visam atender a esperada retomada da demanda doméstica com o feriado prolongado de Carnaval, que se inicia no próximo sábado”, observa a consultoria IHS. Na segunda-feira, as indústrias se ausentaram das compras de gado, preferindo fazer um balanço dos estoques nas câmaras frias antes de tomar decisões estratégicas em relação ao feriado prolongado. As indústrias sediadas em São Paulo seguem em movimento para comprar boiada gorda no Mato Grosso, devido à maior escassez de oferta de animais nas regiões paulistas. Segundo a consultoria, as indústrias sul-mato-grossenses, muitas delas com boa parte da produção destinada ao mercado externo, iniciou movimentos mais intensos de compras, sinalizando preços acima das máximas vigentes. A consultoria observou movimentos iniciais de altas diárias nos preços boi gordo nas praças de Dourados (de R$ 310/@ para R$ 315/@), Campo Grande (de R$ 312/@ para R$ 317/@) e de Três Lagoas (de R$ 310/@ para R$ 315/@). “O forte ritmo das exportações segue demandando uma atuação mais agressiva por parte de alguns frigoríficos, que encontram certa dificuldade para encontrar lotes de animais com os padrões exigidos pelo mercado externo (abatidos mais jovens, geralmente com idade inferior a 30 meses)”, observa a IHS. Cotações: PR-Maringá: boi a R$ 310/@ (à vista) vaca a R$ 290/@ (à vista); SP-Noroeste: boi a R$ 345/@ (prazo) vaca a R$ 305/@ (prazo); MS-Dourados: boi a R$ 315/@ (à vista) vaca a R$ 290/@ (à vista); MS-C. Grande: boi a R$ 317/@ (prazo) vaca a R$ 292/@ (prazo); MT-Cáceres: boi a R$ 305/@ (prazo) vaca a R$ 290/@ (prazo); MT-Tangará: boi a R$ 305/@ (prazo) vaca a R$ 290/@ (prazo); MT-Cuiabá: boi a R$ 307/@ (à vista) vaca a R$ 295/@ (à vista); GO-Goiânia: boi a R$ 312/@ (prazo) vaca R$ 295/@ (prazo); RS-Fronteira: boi a R$ 330/@ (à vista) vaca a R$ 310/@ (à vista); PA-Marabá: boi a R$ 282/@ (prazo) vaca a R$ 276/@ (prazo); PA-Paragominas: boi a R$ 289/@ (prazo) vaca a R$ 282/@ (prazo); TO-Araguaína: boi a R$ 287/@ (prazo) vaca a R$ 278/@ (prazo); RO-Cacoal: boi a R$ 294/@ (à vista) vaca a R$ 280/@ (à vista); MA-Açailândia: boi a R$ 283/@ (à vista) vaca a R$ 264/@ (à vista).
PORTAL DBO
Com aumento das compras pelos EUA, Egito e China, receita das exportações de carne bovina tem alta de 74,5% na 2ª semana de fevereiro/22
O volume exportado alcançou 73,4 mil toneladas, com média diária de 8,1 mil toneladas
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, a receita dos embarques de carne bovina in natura teve um incremento de 74,5% na segunda semana de fevereiro/22 frente ao total embarcado em fevereiro do ano passado. “O incremento no faturamento se deve primeiro pelo fato de ter aumentado o volume em 39% e o preço médio em 22%. Podemos ressaltar que esse aumento de volume é por conta dos Estados Unidos, Egito e China”, informa o analista de mercado da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini. Para o analista de mercado da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, “é preciso ficar atento ao comportamento do câmbio que tem recuado e isso deve impactar negativamente no faturamento das indústrias”, comentou. Os preços médios na segunda semana de fevereiro deste ano ficaram próximos de US$ 5.504 mil por tonelada, alta de 21,30% frente a fevereiro de 2021, com preços médios de US$ 4.539 por tonelada. O volume embarcado atingiu 73,4 mil toneladas até a segunda semana de fevereiro/22. O volume exportado está quase alcançando o total exportado em fevereiro do ano passado, que ficou em 102,1 mil toneladas em 18 dias úteis. A média diária exportada ficou em 8,1 mil toneladas, avanço de 43,9% frente à média exportada no mês de janeiro do ano passado, que ficou em 5,6 mil toneladas.
AGÊNCIA SAFRAS
Esalq aponta ganhos com recuperação de pastagens
Prática contribuiu para o crescimento do PIB brasileiro em 0,31% na última década, ou quase R$ 17 bilhões
Estudo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) apontou que a recuperação de pastagens degradadas no Brasil na última década contribuiu para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 0,31%, ou quase R$ 17 bilhões. A recuperação também gerou contribuições socioeconômicas e ambientais, como altas da produtividade nas pecuárias de corte e de leite, mitigação da emissão de carbono na atmosfera e aumentos da renda do produtor rural, do consumo das famílias, dos empregos, dos salários e da arrecadação tributária. Os dados podem ser um importante aliado dos pecuaristas brasileiros na tentativa de desfazer a imagem negativa perante a opinião pública do ponto de vista ambiental. Para o governo, podem orientar o estabelecimento de novas políticas. O estudo avaliou dois cenários. O primeiro levou em consideração toda a área de pastagens degradadas recuperada no país - 19,4 milhões de hectares entre 2010 e 2018, de acordo com dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O segundo avaliou apenas os 4,1 milhões de hectares recuperados por meio da linha de crédito do Programa ABC específica para essa finalidade, com aplicação de R$ 8,1 bilhões em financiamentos entre 2013 e 2020. A linha de base da análise levou em consideração as variáveis macroeconômicas a partir de 2015. “Uma vez que o PIB da economia brasileira em 2015 foi de aproximadamente R$ 6,05 trilhões, a elevação observada, acumulada em 2021, de 0,31% do PIB no cenário 1 e de 0,07% no cenário 2, representa, computados sobre o valor de 2015, um ganho social de, respectivamente, R$ 16,9 bilhões no cenário 1 e de R$ 4,2 bilhões no cenário 2”, diz o estudo. No recorte específico da linha de crédito do Programa ABC, foi possível calcular a taxa de retorno social. Cada real investido na técnica sustentável gerou R$ 0,56 à sociedade. “É uma taxa de retorno social de 56% no período, de 6,5% em termos reais ao ano. É um valor alto mesmo se comparado a outras políticas, como o uso de etanol e biodiesel, com impacto de 0,03% no PIB”, disse o pesquisador da Esalq/USP Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, que coordenou o estudo. “É isso que permite a produção crescer mesmo com a área menor. Esse é o caminho”. O estudo também levou em conta o acúmulo de carbono no solo pela atividade pecuária, tema ainda sem consenso no mundo científico, mas que cada vez mais entra na mira dos pesquisadores. Nessa análise, a pecuária de corte desenvolvida em áreas de pastagens recuperadas teve redução de 9,67% das emissões por unidade produzida. Para a pecuária de leite, a queda foi de 5,86%. Sem considerar o estoque, a mitigação ficou em 2% e 1,3%, respectivamente.
VALOR ECONÔMICO
Autoridades de MT abatem 70 bovinos trazidos ilegalmente da Bolívia
Policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) interceptaram três caminhões boiadeiros
Policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) interceptaram três caminhões boiadeiros, com 68 cabeças de gado, vindos da Bolívia para o Estado de Mato Grosso na última quinta-feira. A importação de bovinos da Bolívia para o Brasil é proibida, porque não há protocolos sanitários estabelecidos entre os países. Os animais foram sacrificados por fiscais do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) na segunda. Como não há informações sobre sanidade e nutrição desse gado, não é seguro destinar a carne ao consumo. A entrada ilegal de bovinos representa um risco sanitário e econômico para o Estado de Mato Grosso, que quer ser reconhecido como zona livre de aftosa sem vacinação neste ano. Atualmente, o status vale apenas para o município de Rondolândia e partes de Aripuanã, Colniza, Comodoro e Juína. Além do risco de trazer doenças para o rebanho brasileiro, a atitude viola tratados internacionais do Brasil com a Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). “Se falharmos com o que foi pactuado com a OIE poderemos perder certificações. O mercado europeu não vai comprar carne mato-grossense se não tivermos o controle da fronteira”, explica o Coordenador de Sanidade Animal do Indea, Felipe Peixoto.
VALOR ECONÔMICO
SUÍNOS
Suínos: preços em alta marcam a segunda-feira
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF subiu 4,90%/3,70%, chegando em R$ 107,00/R$ 112,00, enquanto a carcaça especial ficou estável, valendo R$ 8,30 o quilo/R$ 8,50 o quilo
No caso do animal vivo, conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à sexta-feira (18), ficaram estáveis os preços no Paraná e no Rio Grande do Sul, valendo, respectivamente, R$ 5,16/kg e R$ 5,05/kg. Houve aumento de 1,95% em São Paulo, chegando a R4 5,76/kg, avanço de 1,63% em Santa Catarina, alcançando R$ 4,98/kg, e de 0,33% em Minas Gerais, fechando em R$ 6,00/kg.
Cepea/Esalq
Exportação de carne suína com redução de preço e de volumes
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, as exportações de carne suína in natura na terceira semana de fevereiro (14 dias úteis) preocupam pela perda de volume e redução de preço
Para o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a suinocultura "está com o pires na mão". Ele explica que, se os embarques mantiverem esse ritmo, o balanço no final do mês não deve passar de 60 mil toneladas. “Voltamos ao patamar de exportação anterior à China dar o 'boom' de embarques. Estamos preocupados porque além de perder preço médio, estamos perdendo volume embarcado. Dificilmente as exportações vão voltar às 90 mil toneladas por mês. O que pode haver de esperança é as compras da Rússia, mas ainda assim, não será nos mesmos volumes que a China costumava importar", afirma. A receita das exportações de carne suína até agora em fevereiro, US$ 90 milhões, representa 52% do montante de todo fevereiro de 2021, US$ 173,2 milhões. No volume embarcado, as 41.488 toneladas representam 58% do total exportado em fevereiro do ano passado, com71.457 toneladas. A receita por média diária foi de US$ 6, 4 milhões, valor 33,1% menor do que fevereiro de 2021. No comparativo com a semana anterior, houve baixa de 4,44%. Em toneladas por média diária, 2.963 toneladas, recuo de 25,4% no comparativo com o mesmo mês de 2021. No preço pago por tonelada, US$ 2.171 neste fevereiro, ele é 10,4% inferior ao praticado em fevereiro passado.
AGÊNCIA SAFRAS
FRANGOS
Frango: segunda-feira de preços estáveis
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave na granja ficou estável em R$ 4,90/kg, enquanto a ave no atacado subiu 0,87%, valendo R$ 5,80/kg
Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço, enquanto Santa Catarina ficou estável em R$ 3,99/kg, assim como no Paraná, custando R$ 5,08/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à sexta-feira (18), a ave congelada sofreu recuo de 0,49%, chegando a R$ 6,10/kg, enquanto a resfriada baixou 0,62%, fechando em R$ 6,38/kg. Cepea/Esalq
Embarques de carne de frango caem em relação à fev/20
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, as exportações de carne de aves in natura na terceira semana de fevereiro (14 dias úteis) tiveram queda a fevereiro/21
Para o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, houve um leve recuo em relação ao mesmo mês do ano passado, mas não há o que se preocupar. "Estamos indo bem, não teve um caso sequer de gripe aviária no Brasil, enquanto na Europa, Ásia e até nos Estados Unidos tem casos em granjas comerciais. Isso aponta para exportações consistentes neste ano. A carne de frango brasileira segue muito competitiva", afirmou. As receitas com as exportações de carne de frango até agora em fevereiro alcançaram US$ 396 milhões, o que representa 83,7% do montante obtido em todo fevereiro de 2021, que foi de US$ 472,7 milhões. No volume embarcado, as 233.699 toneladas representam 72,18% do total exportado em fevereiro do ano passado, com 323.758 toneladas. A receita por média diária foi de US$ 28,2 milhões, valor 7,7% maior do que fevereiro de 2021. No comparativo com a semana anterior, houve alta de 15%. E toneladas por média diária, 16.692 toneladas, houve redução de 7,2% no comparativo com o mesmo mês de 2021. Quando comparado ao resultado da semana anterior, alta de 14,22%. No preço pago por tonelada, US$1,694 ele é 16,1% superior ao praticado em fevereiro passado. Frente ao valor atingido na semana anterior, leve alta de 0,62%.
AGÊNCIA SAFRAS
Após Gulfood, associados da ABPA projetam mais de US$ 1 bilhão em exportações
Resultados da parceria ABPA & ApexBrasil superam expectativas de agroindústrias avícolas na maior feira de alimentos halal do mundo
As agroindústrias exportadoras da avicultura nacional devem realizar ao longo dos próximos doze meses negócios que devem superar $ 1 bilhão, a partir das negociações realizadas durante a Gulfood 2022, em ação liderada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Encerrada na última quinta-feira (17) em Dubai (Emirados Árabes Unidos), a Gulfood é a maior feira de alimentos halal do planeta. Durante os cinco dias do evento, as 20 agroindústrias produtoras e exportadoras associadas à ABPA, que estavam na feira, consolidaram mais de US$ 50 milhões em vendas para clientes de nações do Oriente Médio e de outras partes da África, Ásia e Europa, que participaram da feira. Além da promoção de negócios, a parceria ABPA & ApexBrasil focou, também, no posicionamento de imagem da proteína animal do Brasil, por duas linhas estratégicas: a divulgação de informações e atributos setoriais e pela degustação de produtos brasileiros que carregam as marcas Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Breeders e Brazilian Duck. Além disso, uma grande área gastronômica foi instalada no evento. No cardápio estavam omeletes e o shawarma, prato típico islâmico, feito com cortes de carne de frango e de pato (a novidade da ação da ABPA este ano). Ao todo, mais de 6.000 shawarmas e 1.000 omeletes foram servidos no evento para os mais de 2,8 mil clientes, potenciais compradores, stakeholders e autoridades que visitaram o espaço da avicultura no evento.
ABPA
EMPRESAS
A Marfrig vai ocupar seu espaço no conselho da BRF
Assembleia de acionistas da dona da Sadia vai eleger novo conselho em 28 de março
A Petros até conseguiu impedir que a Marfrig aumentasse sua fatia acionária na BRF, mas não poderá evitar que a firma de Marcos Molina exerça a influência que a participação de 33% na dona da Sadia lhe confere. Depois de estrear na BRF como um investidor declaradamente passivo, a Marfrig declarou que agora que vai indicar membros para o conselho de administração da BRF. Num fato relevante, a companhia informou que seu board decidiu que a Marfrig "deve exercer seus direitos de acionistas para passar a influenciar na administração da BRF". A assembleia de acionistas da BRF está agendada para 28 de março e a companhia precisa divulgar a proposta da administração, com a chapa, com um mês de antecedência. A BRF deve revelar a chapa na sexta-feira. Algumas definições importantes já ocorrem amanhã, apurou o Pipeline. Considerando a participação de quase 33%, a Marfrig teria condições de indicar a maior parte dos membros do conselho. No entorno da BRF, a expectativa é que os membros mais vocais contra o follow-on — José Luiz Osório e Marcelo Bacci — não sigam no conselho, a menos que a Petros peça o voto múltiplo...
VALOR ECONÔMICO
MEIO AMBIENTE
Cresce na UE pressão para ampliar lista de produtos a serem barrados por relação com desmatamento
A Bélgica, por exemplo, defendeu que seja avaliado impacto ambiental de cana de açúcar para eventual alargamento da lista — o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar
Vários ministros de agricultura da União Europeia (UE) defenderam nesta segunda-feira a ampliação da lista de commodities a serem interditadas no mercado europeu por vinculação com desmatamento e degradação das florestas, o que tende a ampliar a pressão sobre exportações brasileiras em futuro próximo. Outros mostraram inquietação com os custos da futura regulação europeia para suas companhias. Em sua proposta feita em novembro de 2021, a Comissão Europeia, o braço executivo da UE, listou seis commodities a serem alvejadas, com base em estudos de impacto e representando a maior parte do desmatamento induzido pela UE: óleo de palma (33,95%), soja (32,83%), madeira (8,62%), cacau (7,54%), café (7,01%) e carne bovina (5,01%). Em reunião ontem dos ministros de agricultura, sob a presidência da França, em Bruxelas, a Holanda sugeriu a inclusão de milho e borracha, a exemplo de movimentos no Parlamento Europeu. Esses dois produtos parecem mais certos de serem alvejados, segundo observadores. O ministro alemão de agricultura, Cem Oezdemir, uma das lideranças do Partido Verde, defendeu progressivo endurecimento da regulação para proteger as florestas. Vários outros defenderam a lista atual de seis ou continuação de estudos de viabilidade de inclusão de produtos na lista que será fechada nas próximas semanas ou meses. O ministro alemão apoiou também o plano da UE de exigir produto “livre de desmatamento”, seja ele legal ou ilegal. Já a Suécia insiste numa distinção entre esses tipos de desmatamento. Mais tarde, o comissário de Meio Ambiente da UE, Virginijus Sinkevicius, relatou que os Estados Unidos e o Reino Unido preparam proposta similar, e que é “crucial ser sério sobre a questão, (porque) se queremos realmente frear o desmatamento temos de tratar tanto de desmatamento ilegal como legal”. Para a analista Emily Rees, diretora da consultoria Trade Strategies, em Bruxelas, na proposta do Reino Unido o escopo de produtos que devem ser livres de desmatamento é mais abrangente do que a lista da Comissão Europeia. “No debate parlamentar europeu, foi imediatamente incluída a questão de estender a medida para milho e borracha. Se os ministros de agricultura tentarem acrescentar novos produtos, eles terão que justificar em base de risco, para evitar um protecionismo seletivo que seria inconsistente com as regras da OMC," afirmou. A Comissão Europeia propõe a implementação de um sistema de diligência obrigatória para o conjunto dos operadores e comerciantes que colocam no mercado da UE os produtos listados. Também haverá um ranking sobre o risco do país de origem ou da produção da commodity.
VALOR ECONÔMICO
Embrapa Agrossilvipastoril começa pesquisas sobre carbono na pecuária
Será feita a mensuração das emissões de óxido nitroso e metano pelo solo e serão avaliados os índices de ganho de peso dos novilhos nelore
Segundo o site da Embrapa, foi assinado nesta semana um novo contrato de cooperação técnica e financeira entre a Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop, MT), Acrimat e Acrinorte. O documento dá continuidade a uma parceria iniciada em 2015 com pesquisas sobre produção e reprodução de bovinos de corte em sistemas integrados. Agora, o foco será em indicadores sobre balanço de carbono nos sistemas produtivos. O estudo será feito em um experimento instalado há dez anos na Embrapa Agrossilvipastoril, em quatro diferentes tratamentos: pecuária exclusiva, integração lavoura-pecuária (ILP), integração pecuária-floresta (IPF) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O objetivo é comparar as diferenças no balanço de carbono entre os sistemas. “O contrato é importante e inovador, na medida em que as instituições buscam soluções para mudanças climáticas no sentido de mensurar qual a quantidade de carbono captado na atmosfera e aportado tanto em sistemas solteiros quanto nos sistemas integrados de produção agropecuária. Será importante também o fato de a informação gerada nesse projeto poder subsidiar certificadoras em um programa maior”, afirma a Chefe-Geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo. Para a realização da pesquisa, a Acrimat aportará R$130 mil, que serão usados para custeio de mão-de-obra e insumos veterinários. A Acrinorte, por sua vez, fornecerá 160 bezerros nelore para serem usados no estudo. Diferentemente dos anos anteriores, quando apenas poucos pecuaristas cediam o rebanho, neste ano a diretoria da associação optou por realizar uma campanha de doação entre seus associados, para ampliar a participação e envolvimento dos criadores com a pesquisa que está sendo desenvolvida. Desde o início da parceria entre Embrapa Agrossilvipastoril, Acrimat e Acrinorte, pesquisadores obtiveram informações relevantes para o setor produtivo de Mato Grosso. Na primeira etapa, os trabalhos foram feitos com machos e focaram no desempenho animal e da pastagem. Entre os resultados encontrados, estão informações que mostram a melhor produtividade em sistemas integrados e que comprovam o efeito do conforto térmico no maior ganho de peso, mesmo de animais nelore. A segunda fase das pesquisas utilizou novilhas nelore e avaliou índices de precocidade sexual em sistemas integrados. Entre os resultados encontrados está o maior ganho de peso e espessura de gordura na garupa dos animais que ficaram em sistemas ILP e a maior concentração sérica do fator de crescimento IGF-I naqueles que ficaram em sistemas silvipastoris. Além disso, os bezerros nascidos em sistemas integrados apresentaram cerca de dez quilos a mais, em média, em comparação aos filhotes de vacas que ficaram somente em pastagem.
EMBRAPA
INTERNACIONAL
Peso do Brasil no agro mundial crescerá na década, estima EUA
Usda aposta em retorno dos preços das commodities para patamar inferior ao dos anos recentes. O Departamento de Agricultura dos EUA prevê que o Brasil exporte 3,69 milhões de toneladas de carne bovina e 1,84 milhão de suína em 2031. Com isso, o país manterá a liderança mundial nas vendas de carne bovina, participando com 26,3% do comércio mundial.
A China continuará sendo o grande motor desse setor, mas vários outros mercados, como Bangladesh, Vietnã, Irã e México, merecem uma atenção especial por parte dos produtores e exportadores de grãos, de óleos e de proteína animal. O ritmo de crescimento mundial da população desacelera, mas o aumento de renda, principalmente nos países em desenvolvimento e na Ásia, dará sustentação à produção de alimentos, com destaque para as proteínas. Os dados são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que aposta em um retorno dos preços das commodities para um patamar inferior ao dos anos recentes. O setor continuará rentável, mas a aceleração dos custos vai impedir um rendimento maior. Na avaliação dos norte-americanos, o Brasil despontará em todos os principais produtos que tem participação no mercado externo. A soja continuará sendo o carro-chefe do setor brasileiro, com perspectivas de exportações de 136 milhões de toneladas no período 2031/32. Com isso, a participação brasileira no comercio internacional da oleaginosa subiria para 62%. Embora o país ganhe importância na soja, a participação nas exportações de farelo e de óleo continuará limitada. As vendas externas brasileiras de milho ganham um bom impulso, conforme essas projeções do Usda, que avalia o comportamento do setor nos próximos dez anos. Dos atuais 43 milhões de toneladas, o volume subirá para 65 milhões em 2031, elevando a participação brasileira para 26% no comércio mundial. Em dez anos, Brasil, Ucrânia e Estados Unidos terão 90% das exportações mundiais de milho. O salto maior na participação mundial fica para o algodão. Terra à disposição e maior utilização de tecnologia vão permitir ao Brasil atender 27% da demanda mundial dessa fibra, um percentual bem superior aos 17% atuais.
O Brasil será destaque também na produção e exportação de proteína animal . Manterá a liderança mundial nas exportações de frango, colocando 5,2 milhões de toneladas dessa proteína no mercado mundial. O Departamento de Agricultura dos EUA prevê que o Brasil exporte 3,69 milhões de toneladas de carne bovina e 1,84 milhão de suína em 2031. Com isso, o país manterá a liderança mundial nas vendas de carne bovina, participando com 26,3% do comércio mundial. A participação na carne suína sobe para 13% em 2031, e o país ocupará o terceiro lugar, posição atual do Canadá. A China, na avaliação dos americanos, avança ainda mais nas compras de soja e de carne bovina. No primeiro caso, as previsões são de importações de 142 milhões de toneladas em 2031, um volume bem acima dos 110 milhões previstos pelos próprios chineses para o período. A necessidade de compra de carne bovina pela China, o que já vem ocorrendo nos últimos anos, aumentará ainda mais, com a importação atingindo 4 milhões de toneladas por ano daqui a uma década. Segundo o Usda, os preços das commodities vão se acomodando ao longo dos anos. Para a soja, o órgão estima o bushel (27,2 kg) a US$ 10 (R$ 51, na cotação atual). Atualmente está próximo de US$ 13 (R$ 66) no campo. O milho, que é negociado a US$ 4,80 (R$ 24,47) por bushel (25,4 kg), estará em US$ 4 (R$ 20,39). O México terá o maior crescimento mundial na compra de carne bovina, com aumento de 33% no período. Filipinas, Indonésia e Malásia também aceleram as compras dessa proteína.
FOLHA DE SÃO PAULO
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Portos do paraná abre consulta pública para nova área de arrendamento
A empresa pública Portos do Paraná abriu o prazo de consulta pública para o futuro leilão de arrendamento de mais uma área no Porto de Paranaguá. Denominada PAR 09, o terminal de 24 mil metros quadrados está localizado a Oeste do porto organizado (espaço que envolve a estrutura do porto e o entorno)
A consulta pública foi aberta na segunda-feira (21/02) e as contribuições podem ser feitas até as 23h59 do dia 06 de abril. A convocação está publicada em Diários Oficiais, do Estado e da União, desde a última sexta-feira (18/02). Trata-se de uma área classificada como brownfield, ou seja, já construída, e destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos vegetais, como explica o Diretor-Presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia. “Encerrado esse prazo, dentro do qual todos os interessados podem se manifestar, vamos analisar as sugestões recebidas e aprimorar, ainda mais, os projetos”, afirma Garcia. Após o encerramento do processo, e análises das contribuições pela Autoridade Portuária, o processo será remetido ao Tribunal de Contas da União. Segundo o executivo, todo o trâmite segue com transparência e ampla divulgação no site da Portos do Paraná. A audiência pública – a primeira deste ano, a ser realizada em breve, em data a ser definida - vai fomentar ainda mais o debate e esclarecer eventuais dúvidas sobre o arrendamento da área. O leilão deve ocorrer no segundo semestre deste ano, com investimentos totais esperados de cerca de R$ 492,6 milhões.
Agência de Notícias do Paraná
Quanto mais gasta, mais ganha”: contrato atual da Compagas remunera até as despesas
Com a renovação do contrato de distribuição do gás natural batendo à porta, o setor industrial paranaense pede o fim do que classifica como “privilégios” vigentes no atual contrato com a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) para baixar a conta e tornar o estado mais competitivo.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o atual contrato de concessão mantém taxas de retorno financeiro à companhia e aos acionistas muito acima das praticadas pelo mercado. Firmado em 1994, o contrato vence em 2024, quando seria renovado por mais 30 anos. O governo paranaense, porém, pretende antecipar essa renovação, já que quer tornar a Compagas mais atrativa ao mercado e, assim, privatizá-la (hoje, o governo, por meio da Copel, é o acionista majoritário da empresa). Um dos argumentos é que é inviável passar à iniciativa privada uma empresa cujo contrato de exploração do serviço está expirando. O Plano Estadual do Gás e as bases para essa renovação de contrato serão apresentados pela gestão estadual, em audiência pública, nesta terça-feira (22).
GAZETA DO POVO
Nova concessão do gás natural prevê outorga de R$ 500 milhões, a ser paga pelos consumidores
Outorga na nova concessão do gás pode elevar ainda mais a tarifa
Um dos pontos mais polêmicos do Plano Estadual para o Setor de Distribuição de Gás Canalizado que o governo do Paraná deverá apresentar na audiência pública desta terça-feira (22) diz respeito à outorga de R$ 500 milhões. O valor acabará sendo repassado à tarifa, aumentando ainda mais o preço do produto no Paraná, que já é um dos mais caros do país. Os R$ 500 milhões são uma espécie de "pedágio" que a Compagas deve pagar ao governo para ter o direito de seguir com o monopólio da distribuição do gás, tendo o contrato atual renovado por mais 30 anos. O gás natural é a principal fonte de energia de importantes setores industriais do Paraná, como madeira, papel e celulose, e indústria cerâmica. O insumo representa de 20% a 30% do custo de produção dessas empresas, que já se queixam de perda de competitividade devido à tarifa elevada. “Não há problema em cobrar a outorga, o problema é repassar isso ao consumidor, que é o que está sendo proposto”, critica Adrianno Farias Lorenzon, diretor de gás da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace). “Na verdade, da forma como o governo está propondo, quem vai pagar não será a distribuidora e sim os consumidores do gás”, alerta. Segundo Lorenzon, a minuta que o governo apresentará na audiência pública autoriza a distribuidora a repassar o valor da outorga na tarifa, o que deve impactar o preço em torno de R$ 0,15 por metro cúbico. O não repasse do valor da outorga na tarifa é um dos pontos defendidos pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) no estudo Contribuições à Consulta Pública 001/2021, entregue ao governo do estado em setembro último. O estudo indica que “a regra de inclusão do valor da outorga deve ser retirada, pois impactaria, de forma absolutamente maléfica, a margem bruta de distribuição nos 30 anos de contrato, aumentando, ainda mais, uma das margens mais elevadas do país”. Pelo estudo, que teve a consultoria de Barbosa e Gaertner Advogados Associados, o impacto seria de R$ 0,13 no preço do metro cúbico do gás, reduzindo as condições de competitividade do estado pelo aumento do custo de produção de setor industrial. Sobre a cobrança da outorga, o governo do Paraná explica, por meio de nota, que a cobrança está prevista no estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, contratada pelo governo para assessorar neste processo. O governo esclarece, no entanto que "aguarda a conclusão da análise dos estudos da Fipe e dos resultados colhidos na audiência pública para as definições".
GAZETA DO POVO
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar vai às mínimas em quase 7 meses, com fluxo para Brasil
O dólar começou a semana em queda e no menor patamar em quase sete meses frente ao real, beneficiada pela contínua rotação de fluxos em prol de mercados de juros mais altos --caso do Brasil--, num movimento aparentemente inabalado pela crise geopolítica que envolve a Rússia
O dólar à vista fechou em queda de 0,70%, a 5,1059 reais. É o menor valor desde a cotação de 5,0795 reais em 29 de julho do ano passado. Em fevereiro, a divisa cai 3,77%, aprofundando o recuo no acumulado de 2022 para 8,39%. O dia foi de nova valorização das commodities, incluindo o minério de ferro, um dos principais produtos da pauta de exportação do Brasil, o que ajuda a elevar os termos de troca (razão entre preços de exportação e importação), melhorando os fundamentos da taxa de câmbio. A sessão foi mista entre as moedas emergentes pares do real, e a brasileira mais uma vez se destacou, com fluxos de caça a pechinchas a ativos vistos com potencial de valorização, em dia de feriado nos EUA. Pelos cálculos do Goldman Sachs, apesar da valorização recente, o real segue como uma das divisas com maior desconto, de quase 30% com base em um modelo de taxa de câmbio de equilíbrio do banco, sobretudo considerando a taxa real de juros embutida para um ano, não distante de 10%. Não por acaso, o real segue atraindo apostas de alta. Especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) fizeram na semana encerrada na terça-feira passada nova compra líquida de contratos de real, levando as apostas favoráveis à moeda brasileira ao maior patamar em cinco anos. Contudo, esse movimento pode estar próximo do limite, alertaram estrategistas do Citi. "A sazonalidade é menos favorável para a adição de posições 'compradas' em reais na segunda quinzena de fevereiro", disseram os profissionais em nota, mantendo, porém, as apostas já em curso.
REUTERS
Ibovespa tem 3ª queda com tensões Rússia x Ucrânia
Apesar da continuidade do fluxo estrangeiro e da alta de ações ligadas ao petróleo, o acirramento das tensões se juntou ao dia de baixa liquidez nos mercados globais devido ao feriado nos EUA
A aversão global a ativos de risco voltou a pressionar o Ibovespa no pregão de hoje, levando o índice ao terceiro dia consecutivo de perdas. Apesar da continuidade do fluxo estrangeiro e da alta de ações ligadas ao petróleo, o acirramento das tensões entre a Rússia e países ocidentais se juntou ao dia de baixa liquidez nos mercados globais devido ao feriado nos EUA, trazendo a principal referência da bolsa local de volta à faixa dos 111 mil pontos. Após ajustes, o Ibovespa terminou o dia em queda de 1,02%, aos 111.725,30 pontos, perto dos menores patamares do dia. Com os mercados americanos fechados devido ao Dia dos Presidentes, o volume de negócios dentro do Ibovespa hoje foi bastante baixo, de R$ 13,81 bilhões, bem abaixo da média diária de R$ 22,81 bilhões observada neste ano. Em 2022, apenas o pregão do dia 17 de janeiro - quando também não houve negócios em Nova York devido ao feriado de Martin Luther King - viu um giro financeiro menor, de R$ 11,55 bilhões. As tensões entre a Rússia e países ocidentais seguiram escalando na segunda-feira. Após os rumores de que uma cúpula reunindo os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden e da Rússia, Vladimir Putin, terem trazido algum alívio para os mercados globais, o sentimento se deteriorou rapidamente durante a tarde. Putin reconheceu oficialmente a independência de duas regiões no leste da Ucrânia controladas por separatistas pró-Moscou, Donetsk e Luhansk, em um movimento que deve agravar a crise com o país vizinho e demais potências ocidentais. O Ibovespa tentou se manter em território positivo nas primeiras horas de pregão, impulsionado pela alta em papéis ligados ao setor de óleo e gás e pelo forte fluxo estrangeiro que continua sendo aportado no mercado local. Em meio às tensões geopolíticas, os futuros do petróleo Brent para abril fecharam em alta de 1,97%, aos US$ 95,39 o barril. Os preços da energia provavelmente aumentarão no caso de uma escalada na Ucrânia, bem como se as tensões diminuírem em meio à crescente demanda e oferta de petróleo restrita", afirmam os estrategistas globais do UBS. Apesar dos ganhos do setor, o fluxo de notícias negativas durante a tarde empurrou as demais ações da bolsa local para baixo. Mesmo em meio à escalada das tensões no Leste Europeu, os estrangeiros seguem aportando recursos no mercado secundário da B3, no segmento à vista. Na última quinta-feira, o saldo líquido de recursos externos que entrou na bolsa local foi de R$ 1,4 bilhão, levando o total acumulado de 2022 a R$ 53,7 bilhões.
VALOR ECONÔMICO
Mercado eleva estimativa para inflação este ano a 5,56%, mostra Focus
A meta de inflação para 2022 é de 3,5%
Especialistas deram sequência à série de altas na expectativa para a inflação este ano, indo bem acima do teto da meta, apesar de terem reduzido com força o cenário para a pressão de preços administrados, mostrou a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central. O levantamento divulgado nesta segunda-feira (21/02) aponta que a projeção da alta do IPCA este ano agora é de 5,56%, 0,06 ponto percentual a mais do que na semana anterior. Para 2023, a expectativa de inflação segue sendo de 3,5%. O centro da meta oficial para a inflação em 2022 é de 3,5%, e, para 2023, é de 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. A piora da projeção se deu mesmo com os especialistas consultados reduzindo a conta para a alta dos preços administrados em 2022 a 4,80%, de 4,99% antes. Por outro lado, para o ano que vem a projeção aumentou em 0,17 ponto, a 4,17%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), as estimativas de crescimento foram mantidas em 0,30% em 2022 e 1,50% em 2023. Também não sofreu alteração o cenário para a taxa básica de juros, com a Selic ainda calculada em 12,25% ao final deste ano e em 8,0% no próximo.
REUTERS
Focus indica aumento do juro neutro acima de 4%
Caso essa tendência se confirme, isso significa que o Banco Central terá que operar com uma taxa Selic mais alta nos próximos anos para manter a inflação sob controle
O boletim Focus de expectativas de mercado financeiro, divulgado ontem, indica um movimento de alta das estimativas de juros neutros para acima de 4% ao ano. O mercado aumentou, pela segunda semana seguida, a sua estimativa para o juro nominal em 2024, de 7,25% ao ano para 7,38% ao ano. Isso significa uma taxa real de juro de cerca de 4,38%, considerando a meta de inflação de 3% fixada pelo governo para o longo prazo. Esse percentual supera a estimativa de um juro neutro de 4% ao ano apontada pelo mercado na pesquisa pré-Copom de dezembro, um questionário que os analistas do setor privado respondem às vésperas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O próprio Banco Central estima uma taxa de juro neutra de 3,5% ao ano, segundo divulgou no Relatório de Inflação de dezembro. Mas a autoridade monetária atribui uma probabilidade relativamente alta de que o percentual seja maior do que isso, já que considera que a fragilidade fiscal aumenta o risco de aumento da taxa neutra. O ano de 2024 está longe o suficiente para sair do raio mais imediato da política monetária, por isso a taxa de juro estimada pelo mercado para o período é uma espécie de aproximação do juro neutro da economia. Hoje as atenções do Banco Central estão voltadas para o cumprimento da meta de inflação principalmente de 2023 e, em menor grau, de 2022. O juro real que vai vigorar em 2024 estará voltado garantir o cumprimento principalmente da meta de inflação de 2025. A alta na projeção para o juro em 2024 pode refletir, além de um eventual aumento do juro neutro, uma visão do mercado de que o combate à inflação poderá ser mais prolongado do que se esperava, em meio a uma maior resistência na alta dos preços globais. Um sinal dessas dificuldades é que a inflação projetada para 2024 também subiu pela segunda semana seguida, de 3,04% para 3,09%. A alta, porém, é menor do que o avanço do juro nominal no período, o que reforça a visão de que a alta dos juros neutros pode estar por trás da revisão das perspectivas para a Selic no período. A mediana das projeções para a Selic para os anos seguintes segue em 7% ao ano. Mas há sinais antecedentes de que pode estar em trajetória de alta. A média das projeções para 2025 subiu de 7,1% para 7,17%. No caso das projeções para 2026, passou de 6,9% para 7,07%. É difícil determinar ao certo o que está levando ao aumento das estimativas para o juro neutro. A julgar pela pesquisa préCopom de dezembro, dois fatores devem ser preponderantes: o aumento do risco fiscal e o cenário internacional mais desafiador.
VALOR ECONÔMICO
Campos alerta que tendência de inflação ainda é crescente no Brasil
Segundo o Presidente do BC, o último surto inflacionário no Brasil teve origem doméstica, mas agora tem também a inflação considerada importada, que vem da alta de preços no mundo
O Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na segunda-feira (21) que embora tenha observado um declínio, a tendência dos preços ainda é de crescimento no Brasil. Além disso, ele destacou a inflação importada, que engloba alta de preços no mundo e desvalorização cambial. Ele ressaltou ainda que a taxa de juros dos Estados Unidos, após os ajustes esperados pelo mercado, ainda fica abaixo da neutra. "O aperto teria que ser maior para fazer a inflação cair", afirmou em palestra no canal AgroMais. "A gente acha que nos EUA ainda há algum ajuste a ser feito", completou. Campos disse que a inflação no Brasil, que é uma das maiores do mundo, foi gerada por choques de energia elétrica e combustíveis. "A inflação no Brasil foi uma das mais elevadas no mundo, mas teve maior inflação de energia do mundo", ponderou. Ele ressaltou que se a inflação de energia fosse a média dos outros países, a média do índice brasileiro também seria igual. "Isso mostra que a inflação no país foi basicamente energia, tivemos choques de vários lados", pontuou. Campos destacou ainda que o mundo vive período de elevação de juros. "Só o Brasil e a Rússia hoje estão com juros acima do neutro, significa que o restante do mundo ainda vai subir juro", afirmou. Sobre atividade econômica, para ele, os dados mais recentes levarão analistas que têm previsão perto de zero para 2022 a revisar para cima a projeção. No mundo, reiterou Campos, a inflação é problema de demanda e não de oferta. "Tivemos deslocamento da demanda de bens, tivemos uma volta, mas ainda muito longe do equilíbrio", disse. "Há descompasso grande entre demanda de bens e serviços", completou. Segundo ele, os gargalos na cadeia de produção foram causados por aumento de demanda e não por redução na oferta. Além disso, segundo Campos, houve aumento na demanda por energia elétrica com aumento de demanda por bens na pandemia. Ele ressaltou ainda o aumento da renda das famílias nos Estados Unidos. "Houve deslocamento para cima na renda das famílias nos EUA, ainda está bem acima do que era antes da covid", concluiu.
VALOR ECONÔMICO
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