Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 3 | nº 490|30 de outubro de 2023
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
BOVINOS
Com os frigoríficos longe dos negócios, preços do boi gordo seguem estacionados
Nas praças de SP, as cotações do macho terminado registram três semanas consecutivas de estabilidade; arroba paulista é negociada ao redor de R$ 235, segundo a Scot Consultoria
Há três semanas, o valor do boi gordo segue estável nas praças de São Paulo, uma das principais referências no mercado pecuário brasileiro. “As escalas de abate dos frigoríficos paulistas estão mais longas e, com isso, boa parte das indústrias locais ficou fora das compras na sexta-feira (27/10)”, relatou a Scot Consultoria. O macho terminado “comum” seguiu valendo R$ 235/@ no mercado paulista, enquanto a vaca e a novilha gordas são negociadas por R$ 218/@ e R$ 227/@, respectivamente (preços brutos e a prazo), de acordo com os dados da Scot. O “boi-China” foi cotado em R$ 240/@ (base SP, no prazo, valor bruto, com ágio de R$ 5/@ sobre o boi gordo “comum”. “O momento é de estabilidade, pois há uma ligeira maior oferta de bovinos disponíveis para o abate, e o consumo interno (de carne bovina) diminuiu após o feriado (Dia de Nossa Senhora Aparecida)”, ressalta a analista Nicole Santos, acrescentando: “As escalas estão confortáveis para as indústrias, com os abates preenchidos até meados de novembro”. Na avaliação de Nicole, o mercado do boi gordo, aparentemente, encontrou “um ponto de equilíbrio”, mas a ponta compradora tem tentado baixar os preços uma vez que a oferta de bovinos, principalmente confinados (segundo giro da engorda intensiva), deve ser maior nas próximas semanas. Nesse sentido, continua a analista da Scot, variações negativas na cotação do boi gordo não estão descartadas. Segundo a S&P Global Commodity Insights, a fraca procura por animais terminados segue gerando impactos negativos na formação dos preços da arroba bovina em várias praças do País. Na sexta-feira, apurou a S&P Global, o volume de negócios no mercado físico do boi gordo foi inexpressivo. “Com escalas prontas para além do dia 6 de novembro, muitas unidades de abate optaram por limitar ainda mais o fluxo de aquisição de boiada gorda”, justificou a consultoria. Ao mesmo tempo, os baixos preços da carne bovina destinada ao exterior e o ritmo lento das vendas da proteína no atacado/varejo têm causado um certo desânimo entre os frigoríficos brasileiros. Neste ano, a produção brasileira de carne bovina cresceu além da capacidade de absorção dos mercados interno e externo, observou a S&P Global. “O descarte de vacas e um movimento de liquidação de plantel elevaram a oferta da proteína na ponta final”, afirmou a S&P Global, completando: “O volume de produção de carne bovina em 2023 deve ser o maior da história”. Cotações: PR-Maringá: boi a R$ 227/@ (à vista) vaca a R$ 207/@ (à vista); SP-Noroeste: boi a R$ 231/@ (prazo) vaca a R$ 217/@ (prazo); MS-Dourados: boi a R$ 225/@ (à vista) vaca a R$ 205/@ (à vista); MS-C. Grande: boi a R$ 227/@ (prazo) vaca a R$ 207/@ (prazo); MT-Cáceres: boi a R$ 202/@ (prazo) vaca a R$ 189/@ (prazo); MT-Cuiabá: boi a R$ 202/@ (à vista) vaca a R$ 187/@ (à vista); MT-Colíder: boi a R$ 197/@ (à vista) vaca a R$ 185/@ (à vista); GO-Goiânia: boi a R$ 222/@ (prazo) vaca R$ 207/@ (prazo); RS-Fronteira: boi a R$ 223/@ (à vista) vaca a R$ 195/@ (à vista); PA-Marabá: boi a R$ 214/@ (prazo) vaca a R$ 197/@ (prazo); PA-Paragominas: boi a R$ 222/@ (prazo) vaca a R$ 209/@ (prazo); TO-Araguaína: boi a R$ 222/@ (prazo) vaca a R$ 207/@ (prazo); RO-Cacoal: boi a R$ 210/@ (à vista); vaca a R$ 195/@ (à vista) MA-Açailândia: boi a R$ 212/@ (à vista) vaca a R$ 195/@ (à vista).
S&P Global/Scot Consultoria/Portal DBO
Vendas de animais de reposição continuam estagnadas, com invernistas fora das compras
Fase de baixa (nos preços) do ciclo pecuário e pastos ainda secos em boa parte do Brasil Central paralisam negociações envolvendo animais jovens, relatou a Scot Consultoria
O mercado brasileiro de animais para reposição tem enfrentado dificuldade nas negociações em todo o País, informou a analista Nicole Santos, da Scot Consultoria. Em São Paulo, ao longo desta semana, houve melhora nos preços das categorias mais leves (bezerros de desmama e de ano) e piora para as categorias mais eradas (garrote e boi magro), na comparação com o quadro registrado na semana anterior. “As vendas (de animas jovens, não-terminados) seguem estagnadas e, quando os preços melhoram, é em função da ponta vendedora, que tem buscado acompanhar os aumentos que vinham ocorrendo no mercado do boi gordo”, relatou Nicole. A ponta compradora, em contrapartida, reduziu o ímpeto de compra de bovinos de reposição, diz a analista. “Esse cenário vem como resposta ao desestímulo que a fase de baixa (nos preços) gera pela cria e recria e, além disso, os pastos ainda estão secos em boa parte do Brasil Central”, justifica Nicole. De acordo com as previsões climáticas, a chuva deve vir com maior intensidade para o Centro-Sul a partir de novembro, preparando o terreno para o início da temporada de “boiada de capim”, entre dezembro/23 e janeiro/24. “Esse pode ser um bom momento para investir em bovinos de reposição, já que as expectativas para 2024 são de que os preços comecem a melhorar, principalmente para o bezerro, indicando a proximidade da virada de fase do ciclo pecuário, que deve ocorrer entre o final de 2024 e início de 2025”, recomendou Nicole. No Estado do Mato Grosso do Sul, a relação de troca melhorou para o recriador/invernista, considerando todas as categorias de reposição. Com isso, é possível comprar mais bovinos destinados à reposição do rebanho com a venda de um boi gordo de 19@, na comparação com o mês anterior. Atualmente, com a negociação de um boi gordo nas praças de MS, é possível adquirir 2,1 bezerros de desmama, 1,8 bezerro de ano, 1,5 garrote e 1,3 boi magro, segundo levantamento da Scot.
PORTAL DBO
SUÍNOS
Carcaça suína perdeu 1,05% no mercado paulista
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, o preço médio da arroba do suíno CIF ficou estável, custando, em média, R$ 123,00, enquanto a carcaça especial cedeu 1,05%, com valor de R$ 9,40/kg, em média
Conforme informações do Cepea/Esalq sobre o Indicador do Suíno Vivo, referentes à quinta-feira (26), houve recuo somente no Paraná, na ordem de 0,32%, chegando a R$ 6,18/kg. Os preços ficaram estáveis em Minas Gerais (R$ 6,47/kg), Rio Grande do Sul (R$ 6,19/kg), Santa Catarina (R$ 6,03/kg) e São Paulo (R$ 6,57/kg).
Cepea/Esalq
FRANGOS
Sexta-feira (27) com preços mistos para o mercado do frango
De acordo com informações do Cepea, a oferta interna de produtos de origem avícola esteve controlada ao longo deste mês e foram poucas as movimentações de maiores aquisições de lotes de animais por parte dos frigoríficos
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave na granja ficou estável em R$ 5,00/kg, enquanto o frango no atacado teve aumento 0,74%, valendo R$ 6,85/kg. Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço. Em Santa Catarina, o preço ficou inalterado em R$ 4,28/kg, assim como no Paraná, custando R$ 4,47/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quinta-feira (26), a ave congelada teve perda de 0,41%, atingindo R$ 7,11/kg, enquanto o frango resfriado baixou 0,41%, fechando em R$ 7,20/kg.
Cepea/Esalq
Acordo de “pré-listing” com Cuba é novo reconhecimento para o sistema brasileiro, destaca a ABPA
O estabelecimento de um acordo que reconhece equivalência os sistemas de inspeção do Brasil e Cuba (o chamado “pré-listing”), anunciado ontem pelo Ministério da Agricultura do Brasil, é mais um reconhecimento internacional à qualidade e ao status sanitário da avicultura e da suinocultura do Brasil, ressalta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Pelo pré-listing, as autoridades de Cuba delegam às autoridades brasileiras a certificação e habilitação de estabelecimentos que cumpram os requisitos sanitários determinados pelo Centro Nacional de Saúde Animal (CENASA) – órgão local de inspeção sanitária. Conforme informado pelo MAPA, o acordo vale por dois anos, pode ser renovado e alcança outras cadeias produtivas como lácteos, bovinos e frutos do mar. “Cuba é mais um país a estabelecer acordo com o sistema brasileiro por meio do sistema de pré-listing, que somente este ano foi estabelecido também com o Reino Unido e Chile. É o reconhecimento dos elevados níveis de controle de qualidade e sanitário empregados pelo Brasil sob supervisão do Ministério da Agricultura, que tem permitido ao país avançar no mercado internacional”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin. Apenas em 2023 (entre janeiro e setembro), Cuba importou 16,6 mil toneladas de carne de frango do Brasil, e 2 mil toneladas de carne suína. Somadas, as duas proteínas geraram receitas de US$ 27,3 milhões para o Brasil.
ABPA
Frango/Cepea: Média do frango vivo está estável na parcial de outubro
As cotações do frango vivo estão estáveis de setembro até esta parcial de outubro no estado de São Paulo, segundo informações do Cepea
A oferta interna de produtos de origem avícola esteve controlada ao longo deste mês e foram poucas as movimentações de maiores aquisições de lotes de animais por parte dos frigoríficos. Com a estabilidade dos preços do frango vivo (considerando-se a média do estado de São Paulo), e as valorizações dos principais insumos da atividade avícola (milho e farelo de soja), o poder de compra do avicultor paulista vem recuando nesta parcial do mês.
Cepea
JBS promete investimento extra de R$ 12 bi no Brasil se dupla listagem for aprovada
Caso se concretize, investimento total do grupo J&F no país até 2026 deve chegar a R$ 50 bilhões. Anúncio do possível aporte extra ocorreu durante a inauguração das duas novas fábricas de produtos de valor agregado em Rolândia (PR)
A JBS anunciou que, se a dupla listagem no Brasil e Estados Unidos for concluída, investirá R$ 12 bilhões adicionais no país até 2026. Neste mês, a controladora J&F Investimento comunicou o plano de R$ 38 bilhões para o período, com R$ 3 bilhões destinados à empresa de carnes. O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, anunciou o possível aporte extra durante a inauguração das duas novas fábricas de produtos de valor agregado em Rolândia, no norte do Paraná. Segundo a companhia, as unidades são as fábricas mais modernas de empanados e salsichas do mundo. “Esse projeto é importante para JBS porque exemplifica a nossa estratégia de valor agregado e de marca, que temos falado o tempo todo. Esse investimento vai nesse caminho”, disse Tomazoni. A inauguração das novas unidades em Rolândia contou com a presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin.
GLOBO RURAL
GOVERNO
Em missão na Ásia, governo busca derrubar entraves a frigoríficos brasileiros
Comitiva liderada pelo Ministro Carlos Fávaro quer também ampliar exportação de gado vivo para a região. Empresas de carne bovina precisam pagar taxa para negociar com Indonésia
A delegação brasileira que embarcou na sexta-feira (27/10) para a Ásia, liderada pelo Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vai tentar retirar algumas barreiras que impedem o fluxo de negócios entre frigoríficos nacionais e os importadores da Indonésia. Apesar de o mercado estar aberto, uma regra do acordo comercial prevê que as compras de carne bovina brasileira devem ser feitas por uma empresa estatal da Indonésia com uma taxação próxima de US$ 500 por tonelada. A medida é imposta apenas ao Brasil e tem travado os negócios, segundo o Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa. "Vamos pedir um tratamento igualitário aos demais países exportadores [como Austrália, que não têm essa taxa na venda]. Essa taxa faz com que não estejamos exportando nada de carne bovina para lá, pois fica inviável", disse Perosa. A abertura efetiva do mercado indonésio ocorre no início deste ano. Segundo o secretário, a taxação estava prevista nas negociações feitas anteriormente. Em março, o governo indonésio anunciou uma cota de 100 mil toneladas de carne bovina brasileira com certificação halal, que seguem as exigências das leis islâmicas vigentes no país asiático. A cota de importação de carne bovina congelada, desossada e sem gordura atende a empresa PT. Berdikari. A companhia pertence à Bumn Food, holding alimentícia do governo indonésio com sede em Jacarta, a capital do país. Representante da indústria nacional confirmou o desinteresse das plantas em negociar com o país asiático por conta da taxa e do preço oferecido nas negociações, abaixo de outros mercados, segundo essa fonte. Com isso, não houve exportação até agora. O setor também espera que a missão avance com a habilitação de outros frigoríficos. Segundo o sistema do Ministério da Agricultura, 21 unidades estão habilitadas para exportar carne bovina in natura para a Indonésia. No país, a missão brasileira também tentará ampliar o número de plantas habilitadas para exportação de gado vivo e avançar nas tratativas para abertura do mercado de carne de frango, disse Perosa. A tentativa inicial será colocar na mesa a possibilidade de exportação de miúdos de aves. A equipe de Fávaro também fará uma visita de cortesia ao novo ministro da Agricultura da Indonésia, Arief Prasetyo Adi. Na sequência, a comitiva vai à Índia onde participará de um evento com dezenas de empresários em Nova Déli para prospectar possibilidades de ampliação de mercados para os produtos brasileiros. O Secretário Roberto Perosa destacou oportunidades na área de pulses, que depende de estímulos de preço para puxar o aumento da produção nacional. "A Índia é a nova fronteira mundial, com a maior população do mundo, mas ainda tem muitas barreiras ao comércio, como a taxação para a nossa exportação de frango inteiro, e é onde vamos tentar avançar", apontou.
GLOBO RURAL
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Previsão de safra da Secretaria da Agricultura avalia impacto das chuvas nas lavouras
Maior impacto foi sobre trigo e cevada, que tiveram recuos importantes de produtividade. No caso do trigo, a estimativa de produção apontada no relatório deste mês reduziu em 300 mil toneladas comparativamente à previsão divulgada em setembro. No Norte, de maneira geral, as lavouras apresentam bom estado
As chuvas volumosas de outubro tiveram impacto principalmente nas lavouras do Sul do Paraná. Já na região Norte, onde a maior parte das principais culturas da safra 2022/2023 está colhida, não há registros significativos de perdas até o momento. As informações estão na Previsão Subjetiva de Safras (PPS) divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Na região Sul do Estado, o impacto foi percebido especialmente na produção de cereais de inverno da safra 2022/2023, como o trigo e a cevada. De acordo com o Deral, esses cereais tiveram recuos importantes de produtividade. No caso do trigo, a estimativa de produção apontada no relatório deste mês reduziu em 300 mil toneladas comparativamente à previsão divulgada em setembro. Agora, estima-se a produção de 3,86 milhões de toneladas. A redução no potencial refletiu nos preços. No Norte, de maneira geral, as lavouras apresentam bom estado. É o caso da mandioca e da cana-de-açúcar, por exemplo, que já têm aproximadamente 89% das áreas colhidas, e mais de 90% das áreas em boas condições. “Isso mostra uma situação que não foi crítica para o Norte do Estado até o momento, apesar das chuvas volumosas de outubro”, diz o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. A economista e chefe do Deral em exercício, Larissa Nahirny, destaca que, apesar da redução na produção de cereais de inverno, a safra 22/23 atingiu um bom desempenho, somando 45,9 milhões de toneladas. “Da mesma forma, são boas as perspectivas para o ciclo 2023/2024, se tivermos boas condições climáticas, pois até o momento a soja e o milho não apresentaram alterações significativas no potencial produtivo”. Nas culturas da safra 2023/2024 também foram registrados mais problemas nas lavouras do Sul do Estado, enquanto que a região Norte praticamente não sofreu impactos das intempéries climáticas. Na região Norte, por exemplo, cerca de 81% do arroz irrigado está plantado e 100% das lavouras estão em boas condições, assim como a sericicultura. Já no Sul, onde se concentram culturas importantes como o feijão, a situação é menos positiva. Cerca de 79% do feijão estão plantados na região, com 83% das lavouras em boas condições, 17% em condições medianas e 1% em condições ruins, principalmente na região de União da Vitória. A estimativa da safra de trigo sofreu novo corte em outubro. Os números do Deral apontam que serão produzidas neste ano 3,86 milhões de toneladas na área de 1,41 milhão de hectares (já 84% colhida). Comparativamente, este volume é 17% inferior ao potencial inicial, de 4,6 milhões de toneladas e aproximadamente 300 mil toneladas inferior ao que apontava a estimativa de setembro. As lavouras de cevada, que apresentavam boas condições, foram prejudicadas pelas chuvas. Na última semana, as condições das lavouras foram rebaixadas de 83% boas e 17% médias para 67% boas, 29% médias e 4% ruins, o que deve interferir na qualidade do produto a ser colhido. Atualmente, 32% da área está colhida. Praticamente metade do colhido foi retirada na última semana, em um momento que não era ideal, devido à umidade dos grãos nas lavouras. As produtividades também foram afetadas, e espera-se uma produção de 355,6 mil toneladas atualmente, 10% menor frente às 397 mil toneladas potenciais, segundo o Deral. O relatório mensal do Deral manteve praticamente inalterados a área e o volume de produção esperados para a primeira safra de milho e soja de 2023/2024. A expectativa é de que sejam plantados 314 mil hectares de milho e que resultem numa produção de 3,1 milhões de toneladas. O plantio chegou a 91% da área e a maioria das lavouras tem condição boa no campo. Já na safra de soja são esperados o plantio de 5,8 milhões de hectares, com uma produção de 21,9 milhões de toneladas. “O plantio também avançou consistentemente e atingiu 58% da área total no Estado. As regiões Oeste e Centro-Oeste do Estado praticamente finalizaram o plantio, enquanto que a região Norte está a pleno vapor e o Sul começa a ganhar intensidade a partir desta última semana de outubro”, explica o analista do Deral Edmar Gervásio.
SEAB-PR/DERAL
Chuva atinge áreas rurais e aviários ficam debaixo d'água no Paraná
Lavouras também ficaram alagadas em alguns municípios. Mais de 40 cidades do Estado foram atingidas e meteorologistas alertam que o risco de chuva forte permanece
“Chegou uma hora que tivemos que abandonar, senão a gente também não estaria vivo”, afirmou o produtor rural Odolir Piccolli, que, junto do irmão Valdemir, é dono de uma granja que ficou completamente alagada, em Dois Vizinhos (PR) no fim de semana. Ele contou à Globo Rural que começou a chover na madrugada e, por volta das 14h, a água subia rapidamente. “Subiu dois metros em questão de meia hora, invadiu a propriedade e ficou na altura da cintura. Mais 15 minutos e a gente teria dificuldade para sair de lá”, disse. Segundo o produtor, a propriedade fica ao lado do rio Dois Irmãos, que transbordou e provocou uma correnteza muito forte em direção ao lado oposto, que é um desnível. “Levou tudo o que tinha pela frente”, disse. Os irmãos estimam um prejuízo de aproximadamente R$ 500 mil, com a perda de 70% das 90 mil aves alojadas, estrutura e ração. Nos vídeos, é possível ver que a enxurrada arrastando animais. O município de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná, foi um dos principais atingidos pelas fortes chuvas neste fim de semana. Os temporais alagaram a área urbana, afetando mais de seis mil pessoas, de acordo com a Defesa Civil do Estado. “Foi um negócio que a gente nunca presenciou”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Dois Vizinhos, Darci Smaniotto, à Globo Rural. No campo, muitos produtores rurais sequer conseguem chegar às fazendas, porque as enxurradas derrubaram pontos e árvores pelo caminho e também há áreas alagadas, disse Smaniotto. Ele conseguiu chegar à fazenda neste domingo para avaliar os danos causados por precipitações que somam 300 milímetros em 30 horas, segundo pluviômetros de fazendas vizinhas. “Foi muito agressivo”. Citando dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a Climatempo informa que, nas últimas 48 horas, o município de Dois Vizinhos recebeu 302,4 milímetros de chuva. Na região, a janela de plantio da soja começou em 15 de setembro e cerca de 60% da área foi plantada até este domingo, estima o presidente do sindicato. “O que estava pré-germinando, germinando ou o que foi plantado há poucos dias não sabemos o que vai acontecer. O que vai dar de mortalidade de plantas e algumas que não vão germinar”, lamentou.
GLOBO RURAL
China compra 25% da produção paranaense e se torna principal “cliente” na exportação estadual
Com aportes nos setores de obras de infraestrutura, agricultura e fabricação de automotores, o Paraná figura como o terceiro estado a receber o maior volume de investimentos chineses no país durante 2022, conforme os dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC)
Além disso, o país asiático é o principal comprador dos produtos do estado paranaense, com US$ 3,7 bilhões movimentados de janeiro a julho deste ano, o que representa 25% de todo volume de exportação do Paraná no período. O gerente de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Higor de Menezes, ressalta que a China é um parceiro estratégico e a expectativa é que as relações com o estado sejam intensificadas. "Além de comprador as nossas commodities, o país pode ser, ainda, um parceiro como mediador diplomático na abertura de novos mercados na Ásia pela força geopolítica e influência na região", analisa. O gerente da Fiep também avalia que existe potencial de investimentos financeiros dos chineses em projetos de infraestrutura, logística e de transferência de tecnologia. Segundo Menezes, a China já investiu mais de US$ 1 trilhão de dólares, nos últimos anos, em países em desenvolvimento. Por isso, o Brasil precisa resolver os gargalos para aproveitar oportunidades que surgem na relação comercial com a China. “Buscamos no mundo por soluções para nossos gargalos e o aprimoramento de nossos processos, sobretudo por meio da valorização das cadeias de produção”, explica.
GAZETA DO POVO
ECONOMIA/INDICADORES
Após cair mais de 1%, dólar fecha em alta de 0,44% com fala de Lula sobre meta fiscal
Após chegar a cair mais de 1% pela manhã, o dólar à vista virou para o positivo à tarde e fechou a sexta-feira com ganhos firmes ante o real
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0132 reais na venda, em alta de 0,44%. Na semana, a moeda ainda acumulou baixa de 0,38%. Na B3, às 17:35 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a 5,0175 reais. Pela manhã, a divulgação de números positivos da economia norte-americana estimulou o apetite dos investidores por ativos de maior risco. O departamento do Comércio informou que o núcleo do índice de preços PCE, o favorito do Federal Reserve, subiu 0,3% em setembro, em linha com o esperado, depois de aumentar 0,1% no mês anterior. O núcleo do PCE aumentou 3,7% em uma base anual em setembro, no menor ganho em mais de dois anos, após um aumento de 3,8% em agosto. Por trás da alta do dólar estão os receios em torno do cumprimento da meta fiscal em 2024. O governo trabalha com uma meta de resultado primário zero para o próximo ano, embora o próprio Ministério da Fazenda venha reconhecendo as dificuldades para cumprir o objetivo. O discurso na Fazenda -- e também no Banco Central, que depende do equilíbrio fiscal para dar continuidade ao ciclo de cortes de juros -- é de que, ainda que o objetivo seja difícil, o governo deve continuar a persegui-lo. Com a fala desta sexta-feira, Lula gerou um ruído no mercado. Ninguém do mercado tinha a ilusão de que o governo ia chegar à meta zero. Mas o esforço em direção ao zero é importante, é o que mostra no fim do dia o compromisso com o fechamento das contas”, pontuou Laís Costa, analista da Empiricus Research.
REUTERS
Ibovespa fecha em queda com bateria de balanços
O Ibovespa fechou em queda na sexta-feira, marcada por uma bateria de notícias corporativas e desempenho misto em Wall Street
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,29%, a 113.301,35 pontos. O volume financeiro na sexta-feira somou 23 bilhões. Na semana, o Ibovespa ainda assegurou uma alta de 0,13%, mas continua na direção de um resultado negativo no mês, com declínio de 2,8% acumulado até o momento. Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero e que o objetivo dificilmente será alcançado, já que não pretende cortar investimentos para atingi-lo, ressaltando que o mercado muitas vezes cobra o cumprimento de algo que sabe que não irá ocorrer. O economista-chefe especialista em política fiscal da Warren Rena, Felipe Salto, que está no grupo dos que não acreditam que a meta fiscal zero seja alcançada no próximo ano, afirmou que as afirmações de Lula não alteram o seu cenário fiscal, conforme nota enviada a clientes. "A fala de hoje não é novidade para ninguém. Apenas reforça o discurso de preservação de investimentos públicos, em linha com as diretrizes do atual governo", afirmou, avaliando que tampouco significa que o Ministério da Fazenda tenha jogado a toalha em relação ao arcabouço fiscal. "Nosso cenário é de cumprimento do arcabouço, com meta fiscal zero não sendo observada em 2024, mas acionando-se ambos os gatilhos no devido prazo", acrescentou. Ainda assim, a curva futura de juros reagiu com alta nas taxas dos contratos de DI, o que pressionou principalmente papéis de empresas de consumo e construtoras. O índice do setor de consumo na B3 fechou em queda de 3,22%, enquanto o do setor imobiliário recuou 2,54%. Na próxima semana, as atenções estarão voltadas para o Fed, que anuncia sua decisão na quarta-feira. Apesar da expectativa de que a taxa de juros permanece na faixa de 5,25% a 5,5% a ano, ainda existem dúvidas sobre os movimentos seguintes, dada a resiliência da economia norte-americana.
REUTERS
Governo central tem superávit primário de R$11,5 bi em setembro, acima do esperado
O governo central registrou superávit primário de 11,548 bilhões de reais em setembro, em resultado fortemente impactado por ganhos atípicos, informou o Tesouro Nacional na sexta-feira
O resultado do governo central, que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, veio no mês passado melhor que o saldo positivo de 10,0 bilhões de reais projetado por analistas em pesquisa da Reuters. Também ficou um pouco acima do saldo positivo de 10,936 bilhões de reais registrado no mesmo mês do ano passado. No mês passado, as despesas totais do governo cresceram 11,5% acima da inflação na comparação com mesmo mês de 2022, ritmo mais forte do que a alta de 10,7% observada na receita líquida, que desconta as transferências a Estados e municípios. As receitas do governo foram impactadas principalmente por um ganho atípico de 26 bilhões de reais resultante da entrada de recursos não sacados do Pis/Pasep. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, as contas federais registraram déficit de 93,376 bilhões de reais, ante um superávit de 33,822 bilhões de reais no mesmo período de 2022. Em 12 meses até setembro, o saldo ficou negativo em 71,4 bilhões de reais. Em dados corrigidos pela inflação, o déficit corresponde a 0,7% do PIB.
REUTERS
Agroindústria tem melhor mês de agosto em sete anos
Indicador da FGV Agro subiu 2,5% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado. Avanço de 6,2% do grupo de alimentos e bebidas mais do que compensou o recuo de 1,7% do segmento de não alimentícios
O Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) calculado pelo Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) subiu 2,5% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado. O avanço de 6,2% do grupo de alimentos e bebidas mais do que compensou o recuo de 1,7% do segmento de não alimentícios. Segundo os pesquisadores, foi o melhor mês de agosto para o segmento nos últimos sete anos. Esse resultado ajudou a reduzir a queda acumulada de 0,9% até julho para 0,4%. “Ao menos no levantamento, a agroindústria vem reagindo”, destacam. “Caso consiga registrar, em setembro, uma variação interanual maior ou igual a 2,9%, conseguirá sair do campo negativo considerando a variação acumulada no ano”. O desempenho negativo da agroindústria neste ano está atrelado às taxas de juros ainda elevadas. O indicador da indústria geral acumula no ano recuo de 0,3%. A FGV Agro reforça que o setor de produtos não alimentícios é o mais afetado, com queda acumulada no ano de 4,5%. “Agosto foi a décima segunda contração consecutiva. Os principais destaques negativos, por conta da taxa de variação e do peso dentro do segmento, foram insumos agropecuários, produtos florestais e produtos têxteis”, apontam. Já o segmento de alimentos e bebidas cresceu 3% na somatória dos oito primeiros meses do ano, sendo que o mês de agosto foi o melhor em 12 anos. Nesse grupo, destaque para alimentos, com alta de 7,6%; bebidas recuaram 2,3%.
GLOBO RURAL
Pressão adicional nas contas do governo pode piorar resultado fiscal previsto, diz secretário do Tesouro
O governo federal pode fechar 2023 com um déficit primário pior do que o previsto anteriormente após medidas aprovadas no Congresso e fatores econômicos aumentarem pressões sobre as contas, disse na sexta-feira o Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron
Em entrevista para comentar dados das contas públicas, Ceron afirmou que o cenário é mais desafiador, mas ponderou que nada muda em relação à busca do governo por uma melhora fiscal. "Faltam três meses para concluir o período de apuração do exercício. Tem um caminho que estava sendo seguido, tem pressões adicionais que foram criadas", disse. "Olhando em relação àquele cenário original, a gente estaria caminhando para um horizonte que rondaria 1,1% a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), vamos ver agora com essas novas pressões." Entre os fatores, Ceron citou projeto aprovado no Congresso que ampliou transferências a Estados e municípios em 2023, um aumento de gasto de cerca de 20 bilhões de reais neste ano. O secretário disse que a queda na inflação e o movimento do câmbio também devem gerar uma perda nominal de arrecadação de até 30 bilhões de reais neste ano em relação ao estimado inicialmente. Em outro ponto, ele disse que a previsão de ganhos adicionais em 2023 com mudanças no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) pode cair de 50 bilhões de reais para cerca de 10 bilhões de reais. Na entrevista, ele afirmou que o cenário atual é mais desafiador para as contas públicas, com efeitos em 2024 -- quando a equipe econômica pretende zerar o déficit primário. Ele disse que o governo avalia o cenário e a possível necessidade de adoção de novas medidas, ao ponderar que não está sinalizando se há discussão sobre mudar a meta fiscal do próximo ano. "Para 2024, obviamente está sendo feita uma leitura sobre o impacto das medidas", disse. "Está um pouco cedo para fazer esse balanço." Na entrevista, o secretário ainda afirmou que a prorrogação da desoneração da folha salarial de setores da economia pelo Congresso preocupa e tem "impacto fiscal relevante".
"Tem questões que dificultam o não veto, questões jurídicas e fiscais, mas é uma decisão que cabe ao presidente da República", afirmou.
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Mercado de trabalho do agro está menor e mais qualificado
Segundo estudo da FGV Agro, avanço da tecnologia e queda da informalidade explicam perda de quase 560 mil postos entre 2016 e 2023. Salários são abaixo da média nacional
Menor e mais qualificado. Esse é o retrato do mercado de trabalho do agronegócio brasileiro, que registrou uma queda na população ocupada entre 2016 e 2023, à medida que a tecnologia avançou e a informalidade caiu, mostra o novo levantamento do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) obtido pelo Valor. O estudo, que considera dados da agropecuária (dentro da porteira) e da agroindústria, também indica que a remuneração dos trabalhadores do setor evoluiu em escala mais rápida do que nos demais setores da economia como um todo, embora os salários ainda estejam abaixo da média nacional. Entre o segundo trimestre de 2016, quando começou a série histórica da FGV, e o mesmo período de 2023, o agro perdeu 558 mil postos de trabalho. Isso significa um recuo de 3,9%, para 13,78 milhões de pessoas. A agropecuária foi a grande responsável por essa redução, com queda de 9,6% no intervalo avaliado, pressionada tanto pela agricultura (-9,7%) quanto pela pecuária (-9,5%). “Mas quando olhamos o mercado de trabalho, não podemos ver apenas o número de postos. Percebemos que o que fez o número total de ocupações diminuir foi a queda nos empregos informais por uma questão estrutural do setor”, afirma Roberta Possamai, pesquisadora do FGV Agro. Segundo ela, a incorporação de tecnologias cresceu no campo nos últimos anos, assim como a mecanização da colheita em algumas culturas, o que passou a demandar uma mão de obra mais qualificada. O mesmo movimento impulsionou o aumento de vagas formais, em detrimento dos informais, e melhores níveis de remuneração. No segundo trimestre de 2023, o agro atingiu o maior número de pessoas ocupadas em vagas formais (5,7 milhões) e a maior taxa de formalidade (41,5%) para um segundo trimestre, considerando a série histórica da FGV. Como comparação, o estudo mostra que no mercado de trabalho brasileiro como um todo, houve aumento das ocupações ao longo do período de 2016-2023 (+9,1%). Mas essa alta foi puxada, sobretudo, pelos informais, que registraram um crescimento de 12,4%. Os empregos formais cresceram também no Brasil, mas em uma proporção menor (+6,7%). Olhando para dentro da porteira, a pesquisadora observa que na agricultura os empregos formais cresceram 17,6%, ao passo que os informais caíram 16,2% — puxando para cima o índice de formalidade do setor. Na pecuária, o cenário foi um pouco diferente, tanto as vagas formais (-4,1%) quanto informais (-11,1%) diminuíram. Na agroindústria, um outro ângulo do mercado de trabalho aparece: aumentaram os postos formais (+5,47%) e os informais (+8,53%) entre o segundo trimestre de 2016 e o mesmo período de 2023. Entre abril e junho deste ano, os informais eram 1,78 milhão de pessoas nesse segmento do agro, e os funcionários com carteira assinada chegaram a 3,66 milhões. Possamai observa que a agroindústria foi mais exposta a efeitos externos, como a pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que prejudicaram toda a indústria brasileira. Isso também contribuiu para o crescimento da informalidade. Entre o segundo trimestre de 2016 e o mesmo de 2023, a remuneração média paga aos trabalhadores do agro cresceu, em termos reais, 12,6%, passando de R$ 1.793,69 para R$ 2.018,99. No mesmo período, a remuneração média brasileira cresceu em um ritmo muito menor (4,3%), ao sair de R$ 2.719,44 para R$ 2.836,40. Esse resultado foi puxado totalmente pela agropecuária, na qual empregados da agricultura (+25,9%) e da pecuária (+ 22,3%) contabilizaram salários maiores no período avaliado. A agroindústria não registrou aumento, pressionada pelo segmento de produtos alimentícios e bebidas, em que a remuneração caiu 6,9%.
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