Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 3 | nº 480|16 de outubro de 2023
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
BOVINOS
Semana fechou com estabilidade nos preços da arroba
Nas praças de São Paulo, o valor do animal “comum” subiu 2,2% na última semana, enquanto o “boi-China” teve aumento de 4,3% em sete dias, informa a Scot Consultoria
Na sexta-feira pós-feriado (13/10), o mercado do boi gordo não mudou, informou a Scot Consultoria. “Com o incremento nas cotações do boi comum e da novilha gorda durante a semana, as cotações ficaram estáveis”, relatou a consultoria. No mercado paulista, a arroba do boi destinado ao mercado interno está sendo negociada em R$ 235, enquanto a vaca e a novilha gorda valem R$ 210 e R$ 225, respectivamente (preços brutos e a prazo). O “boi-China” está cotado em R$ 240/@, no prazo (valor bruto), portanto, com ágio de R$ 5/@sobre o animal “comum”, acrescentou a Scot. Segundo o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot, a oferta brasileira de boiadas segue compassada e a demanda firme, sustentando os preços vigentes. Em São Paulo, o valor do boi “comum” registrou alta de 2,2% na última semana, enquanto o “boi-China” teve aumento de 4,3% em sete dias. No mercado de reposição, com os preços do boi gordo firmes, as cotações dos animais jovens também melhoraram nos últimos meses, em relação aos patamares registrados no primeiro trimestre do ano, e agora seguem lateralizados. “Os incrementos que vêm ocorrendo no mercado do boi gordo têm estimulado a ponta vendedora a reter oferta e pedir mais pelos bovinos de reposição”, afirmou Nicole Santos, também analista da Scot. As negociações envolvendo lotes de animais jovens estão ruins, uma vez que a demanda segue não acompanhando a oferta. “Além disso, os volumes de chuvas esparsos que têm caído no Centro Norte do País e no Estado de São Paulo ainda não foram suficientes para melhorar a condição das pastagens”, observou Nicole. No mercado de carne bovina, com a menor oferta de boiadas e boa expectativa para a demanda com o feriado nacional, os preços dos cortes subiram, informa Felipe Fabbri. Em relação ao mercado de exportação, ao longo de outubro/23, até a primeira semana do mês, registrou desempenho (7,6 mil toneladas/dia) abaixo do visto em setembro/23 (9,7 mil toneladas/dia). “O volume embarcado também é menor na comparação anual”, acrescenta Fabbri. No entanto, diz o analista, mesmo com um menor volume, o dólar acima de R$ 5 traz alento à indústria exportadora. Cotações: PR-Maringá: boi a R$ 236/@ (à vista) vaca a R$ 212/@ (à vista); SP-Noroeste: boi a R$ 246/@ (prazo) vaca a R$ 227/@ (prazo; MS-Dourados: boi a R$ 231/@ (à vista) vaca a R$ 215/@ (à vista); MS-C. Grande: boi a R$ 233/@ (prazo) vaca a R$ 217/@ (prazo); MT-Cáceres: boi a R$ 204/@ (prazo) vaca a R$ 187/@ (prazo); MT-Cuiabá: boi a R$ 202/@ (à vista) vaca a R$ 182/@ (à vista); MT-Colíder: boi a R$ 200/@ (à vista) vaca a R$ 187/@ (à vista); GO-Goiânia: boi a R$ 212/@ (prazo) vaca R$ 187/@ (prazo); RS-Fronteira: boi a R$ 219/@ (à vista) vaca a R$ 186/@ (à vista); PA-Marabá: boi a R$ 217/@ (prazo) vaca a R$ 207/@ (prazo); PA-Paragominas: boi a R$ 222/@ (prazo) vaca a R$ 209/@ (prazo); TO-Araguaína: boi a R$ 222/@ (prazo) vaca a R$ 207/@ (prazo); RO-Cacoal: boi a R$ 205/@ (à vista) vaca a R$ 190/@ (à vista) MA-Açailândia: boi a R$ 215/@ (à vista) vaca a R$ 200/@ (à vista).
S&P Global/Scot Consultoria/Portal DBO
Boi/Cepea: Indicador opera na casa dos R$ 230 desde o final de setembro
As exportações brasileiras de carne bovina in natura somaram 38,11 mil toneladas na primeira semana de outubro, com média diária de embarques de 7,624 toneladas, de acordo com dados da Secex
Caso esse ritmo seja mantido até o encerramento deste mês, o Brasil pode exportar 160 mil toneladas da proteína. Em setembro, vale lembrar, o Brasil embarcou o segundo maior volume da história para o mês. De acordo com pesquisadores do Cepea, esse cenário atrelado à redução na oferta de animais para abate vem sustentado os preços da arroba do boi gordo negociado no mercado interno – o Indicador CEPEA/B3 vem operando na casa dos R$ 230 desde o final de setembro.
Cepea
SUÍNOS
Suínos: cotações estáveis
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, o preço médio da arroba do suíno CIF ficou estável em R$ 128,00, assim como a carcaça especial, valendo R$ 10,00/kg, em média
Conforme informações do Cepea/Esalq sobre o Indicador do Suíno Vivo, referentes à quarta-feira (11), devido ao feriado de Nossa Senhora Aparecida, houve tímida queda de 0,15% em Minas Gerais, chegando em R$ 6,70/kg, e alta de 0,60% em São Paulo, alcançando R$ 6,71/kg. Os preços ficaram inalterados no Paraná (R$ 6,32/kg), Rio Grande do Sul (R$ 6,22/kg), e Santa Catarina (R$ 6,71/kg).
Cepea/Esalq
Suínos/Cepea: Preços apresentam movimentos distintos entre as praças
Os preços do animal vivo apresentaram movimentações distintas nesta primeira quinzena de outubro entre as regiões acompanhadas pelo Cepea
As oscilações ocorreram conforme as condições locais de oferta e de procura. No Sudeste, com as negociações mais aquecidas, o cenário foi de alta nos valores. Já no Sul, os valores caíram em algumas praças, influenciados pela oferta. Quanto ao poder de compra de suinocultores paulistas frente aos principais insumos da atividade (milho e farelo de soja), cresceu em setembro frente ao verificado em agosto. Trata-se do segundo mês consecutivo de avanço no poder de compra. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário favorável ao suinocultor foi possível diante dos aumentos nos preços médios de comercialização do animal vivo, que superou o movimento de alta verificado para o milho, e da desvalorização da oleaginosa.
Cepea
FRANGOS
Cotações no mercado do frango estáveis
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave na granja ficou estável em R$ 5,00/kg, assim como o frango no atacado, valendo R$ 7,10/kg
Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço. Em Santa Catarina, o preço ficou inalterado em R$ 4,28/kg, enquanto no Paraná houve recuo de 0,22%, chegando a R$ 4,47/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quarta-feira (11), devido ao feriado de Nossa Senhora Aparecida, a ave congelada ficou estável em R$ 7,22/kg, assim como o frango resfriado, valendo R$ 7,29/kg.
Cepea/Esalq
Suspensão de tarifa de importação do Egito deve beneficiar carne de frango do Brasil
Medida será válida por 6 meses
O Governo do Egito anunciou esta semana a suspensão da tarifa para a importação de carne de frango, o que deverá impactar diretamente no fluxo dos embarques de produtos brasileiros para o mercado do norte da África, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Conforme comunicado divulgado pelo Governo Egípcio, a suspensão da tarifa MFN (válida para todos os países), que era de 30%, foi zerada pelo período de 6 meses para frango inteiro - que é o principal produto enviado pelo Brasil para este mercado. O Brasil é o principal fornecedor do produto para o mercado egípcio, com mais de 90% de participação sobre as importações do país do norte africano. “Com a suspensão da tarifa, a expectativa é que o produto brasileiro fique mais competitivo, complementando a oferta local, que tem sido impactada pelos efeitos da Influenza Aviária em seu território e dos aumentos dos custos de produção”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin. O Egito está entre os 20 maiores importadores de carne de frango do Brasil. Entre janeiro e setembro, o mercado importou 50 mil toneladas do produto, gerando receita de US$ 107,7 milhões no período. “Historicamente o mercado do Egito é um relevante comprador de frango inteiro do Brasil, especialmente as faixas mais pesadas. Essa melhoria das condições tarifárias para o acesso ao mercado egípcio se soma à recente abertura para exportações de carne de frango à Argélia, que tem perfil de consumo parecido, possibilitando novas oportunidades para os exportadores brasileiros", ressalta o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.
ABPA
Frango/Cepea: Média diária de embarques avança em setembro
O volume exportado de carne de frango (produtos in natura e processados) e a receita obtida com os embarques recuaram entre agosto e setembro
Todavia, a média diária de exportações aumentou no mesmo comparativo. Segundo dados da Secex compilados e analisados pelo Cepea, 397,1 mil toneladas de carne de frango foram enviadas ao exterior em setembro, recuo mensal de 11,1% e baixa de 0,6% na comparação com setembro de 2022. A média diária de embarques foi de 18,7 mil toneladas, alta de 3,1% frente à de agosto e 8% superior à registrada há um ano.
Cepea
MEIO AMBIENTE
Estudo reafirma a ‘tropicalização’ de cálculos sobre emissões no agro
Estudo do Observatório da Bioeconomia da FGV recomenda que o Brasil apresente suas métricas de emissão da agropecuária para se posicionar como líder da agricultura sustentável. “Andam dizendo que não é possível medir quanto vacas, bois e bezerros emitem de gases-estufa. Isso é mentira”, diz Eduardo Assad
Um touro criado no Brasil emite 72 quilos de metano anualmente. Um boi com mais de dois anos de idade, não confinado, emite entre 63 kg a 72 kg de metano anuais, dependendo do Estado da Federação em que está sendo criado. Um bezerro emite 34 kg se tiver menos de um ano, mas serão 52 kg aos dois anos. Vaca de leite, depende — se for de baixa produção, entre 81 e 93 quilos, e a de alta produção, entre 60 a 96 quilos. Essas informações demonstram que padrões de emissão da agropecuária brasileira foram tropicalizados há anos e são diferentes dos preconizados por organismos internacionais. Os dados fazem parte de uma acurada análise de pesquisadores do Observatório de Bioeconomia do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV. O estudo organiza métricas de emissões de gases-estufa na agropecuária brasileira e derruba argumentos do setor para ter reivindicado sua exclusão do Projeto de Lei 412/2022, que regulamenta o mercado de carbono no Brasil e avançou no Senado há dez dias. Na introdução de suas 85 páginas, o estudo “Quantificação das emissões de GEE no setor agropecuário: Fatores de emissão, métricas e metodologias” faz uma apresentação de como funciona o sistema do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, mostra as disparidades com o sistema nacional e indica os gargalos e desafios para que o inventário de emissões do país avance. “O debate sobre o mercado de carbono explodiu, e começaram a falar coisas equivocadas sobre as emissões brasileiras do agro”, afirma Eduardo Assad, pesquisador do Observatório da Bioeconomia e coordenador do estudo. “Disseram que os fatores de emissão no Brasil não são tropicalizados, mas isso ocorre há mais de 20 anos. Falaram que as métricas que usamos não são corretas e que têm que estar de acordo com as metodologias internacionais”, continua Assad, arquiteto do Plano ABC, da Agricultura de Baixo Carbono. “Ou que não é possível medir quanto emitem as vacas, o que é mentira”. “A primeira mensagem do estudo é que os fatores de emissão do Brasil estão tropicalizados há muito tempo. A segunda, que temos ferramentas importantes que permitem calcular as pegadas de carbono e emissões em qualquer setor da agropecuária brasileira sem precisar recorrer a mecanismos e calculadoras estrangeiras”, diz. Assad foi o coordenador técnico do último inventário nacional das emissões de gases-estufa, de 2020, um compromisso que o Brasil assumiu na Convenção da Mudança do Clima da ONU. “Foi um trabalho enorme, que embasou a 4ª Comunicação Nacional do Brasil à ONU e envolveu 300 pesquisadores”, lembra. O estudo de agora retoma as informações do inventário e as relaciona com métricas internacionais. “É uma espécie de freio de arrumação. É preciso colocar equilíbrio na discussão. Prejudica o mercado não existir validação desses dados e métricas, que têm robustez científica”, diz Assad. O estudo indica discrepâncias no uso de réguas internacionais de medição em relação às nacionais. O IPCC, por exemplo, considera que os bois emitem 56 quilos de metano por animal ao ano, “do Oiapoque ao Chuí, enquanto nós trabalhamos com boi de mais de 2 anos, boi até 2 anos, bezerros. E vamos criando categorias para demonstrar quanto realmente a pecuária emite no Brasil”, continua. O índice do IPCC é único para toda a produção na América Latina.
VALOR ECONÔMICO
EMPRESAS
BRF projeta cenário positivo para vendas no fim de ano
A BRF anunciou no início deste mês seu novo portfólio de itens comemorativos, que conta com 31 produtos para as festas de fim de ano. Líder no segmento com 58% de market share – 63% em aves, 74% em peru, 45% em tênder, 23% em suínos –, a companhia faz projeção otimista para o cenário econômico
O portfólio conta com cinco novos itens – quatro da marca Sadia e um da marca Kidelli. Sadia apresenta como novidades o Pernil Recheado com Linguiça Defumada Sadia, em versão com praticidade de preparo na airfryer e que serve até cinco porções; Costela Suína com Molho Barbecue, ideal para as churrasqueiras e que serve três porções; Torta Tender com Cream Cheese e Alho Poró, ideal para ceias menores, encontros de fim de ano e que fica pronta em 45 minutos; e Cupim Cozido, que traz a expertise da Marfrig em carne bovina para o portfólio da principal marca de consumo da BRF. Já Perdigão pretende seguir na liderança de mercado com o tradicional Chester, que corresponde a 53% de market share de aves especiais e 47% do volume de comemorativos da BRF. Segundo pesquisa realizada pela BRF, 62% dos brasileiros consideram testar novidades para complementar a ceia. Cerca de 25% das ceias são formadas por famílias de 3 a 5 pessoas que buscam proteínas menores e 11% dos consumidores buscam mais praticidade e menor tempo no preparo. O churrasco também tem crescido na preferência dos consumidores nas festividades. A BRF projeta cenário positivo para as vendas de fim de ano. Com tendência de inflação menor, o consumo deve crescer 9% no segundo semestre de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022, além da projeção de aumento de 3,5% na renda per capita em comparação ao último trimestre do ano passado, segundo dados da Kantar e projeções da LCA citados pela BRF. O país conta, ainda, com a menor taxa de desemprego dos últimos oito anos. Além do portfólio disponível nas gôndolas, a BRF retorna com os kits natalinos de Sadia e Perdigão, que podem ser adquiridos por pequenas, médias e grandes empresas para seus colaboradores e pelos consumidores finais. A operação de produção e entrega de kits natalinos envolve fábricas, um enorme time comercial e 20 centros de distribuição próprios. Ao todo, são 2,9 milhões de km rodados para que tudo seja entregue até o fim do ano. A companhia dispõe, também, de um sistema de entregas diverso, que conta com transporte aéreo, carreta, caminhão, veículo e até mesmo cabotagem, por via fluvial. Os kits chegam aos mais de 5,3 mil municípios para que ninguém fique de fora da magia do Natal em 2023. Somados os kits ao portfólio novo, a BRF afirma contar com a maior operação logística do Brasil para produção e distribuição de produtos comemorativos em geral.
CARNETEC
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Itaipu banca obra de aeroporto e atua até em abrigo para emas
Dívida da obra chega ao fim após 50 anos, e usina ganha destaque por gastos em projetos não associados à geração de energia
O tratado internacional da usina Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), completa 50 anos neste ano, em momento que coincide com o fim do pagamento do empréstimo de US$ 63,5 bilhões (valor histórico) para viabilizar a execução do projeto em parceria com o Paraguai. Porém, o feito de saldar a dívida bilionária é ofuscado por iniciativas dos dois países de destinar recursos para projetos não associados aos serviços de geração de energia ou à compensação pelo impacto da usina. Críticos à postura dos governos acusam a administração da usina de inflar as despesas operacionais para bancar obras de interesse de políticos da região, o que limita os cortes no preço da energia. No início do mês, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, lamentou o fato de a redução de custo aplicada por Itaipu manter o preço da energia em nível de hidrelétricas em construção, que precisam de remuneração mais alta. Neste ano o preço da energia de Itaipu para Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficou em R$ 187 por megawatt-hora (MWh). Questionado, o Ministério de Minas e Energia destacou que, entre 2022 e 2023, teve redução de 19,5% do custo unitário do serviço de eletricidade, o “Cuse”. Este é o valor pactuado entre os países, que caiu de US$ 20,75 para US$ 16,71 por quilowatt (kW). “Essa redução foi fruto de consenso entre os representantes do Brasil e do Paraguai no âmbito do conselho de administração de Itaipu e reflete um novo cenário de custos da binacional, que beneficia o consumidor de energia elétrica, sem prejuízo à qualidade da prestação de serviços de Itaipu”, informou o ministério. O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, defende que o “Cuse” deveria ter ido para US$ 8/kW a partir deste ano. Os senadores intrigados com a destinação dos recursos, chamaram o diretor-geral de Itaipu, do lado brasileiro, Enio Verri, para prestar esclarecimentos na quinta-feira. Apesar de renunciar ao cargo de deputado federal pelo PT do Paraná, no início do ano, Verri deve ganhar projeção ainda maior no Estado no novo cargo. Críticos acusam Itaipu de bancar obras de interesse de políticos da região da usina Na comissão, o senador Esperidião Amin (PP-SC) indicou que, dentro de “despesas gerais e administrativas”, contidas no demonstrativo financeiro da usina, há US$ 505 milhões usados pelo Brasil e pelo Paraguai para “programas de responsabilidade socioambiental”. Convertido em reais, o valor alcança R$ 2,5 bilhões divididos ao meio entre os dois países. Isso supera o total de royalties (US$ 483,5 milhões) também dividido em partes iguais. No Brasil, os royalties seguem regras de distribuição e aplicação definidas em lei. O histórico recente de obras bancadas por Itaipu inclui a segunda ponte de travessia para o Paraguai, no valor de R$ 336,6 milhões, a ampliação do aeroporto de Foz de Iguaçu, de R$ 270 milhões, a duplicação da Rodovia das Cataratas (BR-469), ao custo de R$ 129 milhões, e melhorias na Estrada da Boiadeira (BR-487), de R$ 228 milhões. No caso das emas do Palácio da Alvorada, a usina “está fornecendo orientação técnica para o manejo”. Informaram ainda que “a assistência se baseia na prática acumulada ao longo de quase quatro décadas de operação do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da hidrelétrica, que conta hoje com um plantel de 350 animais, de 55 espécies”.
VALOR ECONÔMICO
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar sobe após feriado sob influência de EUA e conflito no Oriente Médio
O dólar à vista interrompeu uma sequência de quatro sessões de queda e fechou a sexta-feira em alta ante o real, com as cotações reagindo aos dados de inflação divulgados nos EUA na véspera e ao avanço da moeda norte-americana no exterior, em meio à escalada do conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0888 reais na venda, em alta de 0,76%. No acumulado da semana -- que teve um dia útil a menos em função do feriado de quinta-feira -- o dólar recuou 1,42%. Na B3, às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,66%, a 5,0975 reais. Na quinta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em setembro, com avanços surpreendentes nos custos de aluguel e de gasolina. O resultado ficou acima da expectativa de elevação de 0,3% da pesquisa da Reuters com economistas. O número, que sugere uma inflação ainda pressionada nos EUA, elevou as apostas de que o Federal Reserve poderá aumentar sua taxa básica de juros mais uma vez ainda em 2023, o que deu força ao dólar ante outras divisas na sessão de quinta-feira. Como os mercados estavam fechados no Brasil na quinta-feira, em função do feriado, os ajustes de preços ocorreram nesta sexta-feira. Nos mercados, os receios em torno do conflito no Oriente Médio impulsionaram o petróleo, o ouro e o dólar, além de colocarem em baixa os rendimentos dos Treasuries, em meio à busca dos investidores por proteção nos títulos norte-americanos. No Brasil, a sessão da sexta-feira -- espremida entre o feriado e o fim de semana -- também foi atípica, com liquidez reduzida. No exterior, o dólar se mantinha em alta ante as moedas fortes e em relação a boa parte das demais divisas no fim da tarde.
REUTERS
Ibovespa cai mais de 1% com aversão global ao risco
O Ibovespa fechou em queda consistente na sexta-feira, diante da aversão global ao risco em meio ao conflito no Oriente Médio e a preocupações econômicas, e também influenciado por um ajuste local no retorno do feriado
O Ibovespa fechou em queda de 1,11%, a 115.754,08 pontos, após quatro altas seguidas. O volume financeiro somou 21,2 bilhões de reais, contra média no ano de 25 bilhões de reais e média em outubro (até o dia 11) de 19,2 bilhões de reais. Na semana, o índice acumulou alta de 1,39%. "De manhã, o Ibovespa teve um ajuste ao que foi o mercado ontem", disse Gabriel Mota, assessor de renda variável da Manchester Investimentos, citando impacto negativo de dado de inflação maior que o esperado nos Estados Unidos divulgado na quinta-feira. "O que intensificou um pouco mais a queda à tarde foi a escalada de tensão em Israel e Gaza", acrescentou. O S&P 500 recuou 0,50%, enquanto o Nasdaq perdeu 1,23%. Israel disse ter realizado ataques com tanques e infantaria em Gaza, no primeiro anúncio de mudança de ofensivas aéreas para terrestres, após investida do Hamas na semana passada no sul do país. Alguns moradores de Gaza estavam abandonando suas casas na sexta depois que Israel ordenou que mais de um milhão de pessoas deixassem a metade norte da Faixa de Gaza em 24 horas. O anúncio de Israel elevou a cautela de investidores, impulsionando o petróleo, que já estava em alta, para um ganho de quase 6% no dia, com temor de que o conflito possa se expandir de modo a impactar a oferta da commodity em países próximos. Além disso, gerou procura por ativos considerados seguros, como o dólar e o ouro. Apesar de ter ajudado a impulsionar as ações de petrolíferas, a alta dos preços do petróleo também trouxe algum início de preocupação com a inflação global. "Se esse aumento de preço vier para ficar, no médio prazo, essa defasagem terá que vir para os preços dos derivados", disse Victor Luiz Martins, analista sênior da Planner Corretora. Incertezas que envolvem o conflito no Oriente Médio também fizeram com que investidores procurassem não tomar tanto risco antes do final de semana, o que influenciou na maior cautela da sessão, disseram analistas.
REUTERS
Exportações do agro somaram US$ 13,7 bilhões em setembro
Destaques da pauta no mercado externo foram a soja em grãos, milho e açúcar. Já os embarques de carnes diminuíram. Exportação de soja aumentou em setembro, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura
As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 13,7 bilhões em setembro de 2023, e praticamente mantiveram o patamar registrado no mesmo mês do ano passado. Os destaques da pauta no mercado externo foram a soja em grãos, milho e açúcar. Já os embarques de carnes diminuíram no período. Segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, o resultado de setembro foi fortemente influenciado pelo recuo do índice de preços dos produtos exportados, que caiu 10,4%. Mesmo assim, a safra recorde de grãos em 2022/23 possibilitou incremento no volume embarcado pelo Brasil no período, de 11,7%, o que sustentou o faturamento das exportações do agro. Com isso, a participação do setor nas exportações totais do Brasil subiu de 47,9% para 48,2% em setembro. As importações de produtos do agronegócio recuaram 17,7% no mês passado, para US$ 1,32 bilhão. A aquisição de insumos, que não entra na conta para o saldo da balança do setor, também caiu. O Brasil importou quase 40% a menos de fertilizantes e 32,2% a menos de defensivos agrícolas. Por outro lado, cresceu a compra de produtos para nutrição animal (61,3%) e de máquinas e implementos agrícolas (21,7%). As exportações de soja em grãos atingiram volume recorde para os meses de setembro, com 6,4 milhões de toneladas, segundo a Pasta, quase 60% a mais que a quantidade exportada no mesmo mês do ano passado. As vendas alcançaram US$ 3,3 bilhões, com alta de 31,8%. A China comprou praticamente 80% do produto embarcado pelo país no período. O faturamento com as exportações de milho aumentou 10,2%, para US$ 1,98 bilhão. Foram embarcadas 8,7 milhões de toneladas no mês passado, alta de 36,4% na comparação com setembro de 2022. A China também se tornou o principal mercado importador do cereal brasileiro. No período, o país asiático comprou US$ 724,6 milhões, mais de 36% do total exportado pelo Brasil. "Os preços internacionais do açúcar continuaram elevados em setembro, devido ao déficit hídrico registrado nas lavouras asiáticas e preocupações com uma possível quebra de safra", diz a nota do Ministério da Agricultura. Com isso, as exportações de açúcar brasileiro subiram quase 30%, para US$ 1,60 bilhão. As vendas externas de carnes brasileiras diminuíram 19,2% em setembro, para US$ 1,96 bilhão, com a baixa de 0,9% no volume exportado e de 18,4% no preço médio de exportação. As exportações de carne bovina recuaram 26,4%, para US$ 970,07 bilhões. O volume vendido caiu 4,4%, mas o preço despencou 23%. A China continua sendo o principal país importador da proteína in natura, embora as compras tenham diminuído mais de 30% em termos de valor e 3,2% em volume. No caso da carne de frango, houve queda de 12,5% na receita das exportações na comparação entre os meses de setembro de 2022 e de 2023, com o valor exportado ficando em US$ 708,36 milhões. O volume exportado, no entanto, subiu 1,2%, atingindo 388,34 mil toneladas. O resultado é explicado pela queda de 13,5% no preço médio do produto embarcado. Já as exportações de carne suína recuaram 0,4% e ficaram em US$ 240,55 milhões. A China pisou no freio e comprou menos da metade do que havia importado em setembro de 2022, com negócios de US$ 56,74 milhões agora. Entre janeiro e setembro de 2023, as vendas externas do agronegócio brasileiro somam US$ 126,22 bilhões. O valor é recorde e representa um crescimento de 3,6% na comparação com o mesmo período em 2022 (US$ 121,87 bilhões).
GLOBO RURAL
Despesa com juros dobrou para empresas desde 2019
Aumento dos gastos, motivado pela alta dos juros, deflagrou onda de renegociações de dívidas
Com o juro alto e o ciclo de queda das taxas ainda lento, o custo das dívidas segue pressionando as companhias brasileiras, com muitas tendo que se sentar com os credores para buscar uma negociação envolvendo as condições de pagamento, especialmente prazos. Em muitos casos, a discussão envolve os “covenants” financeiros, como são chamadas as cláusulas que, no geral, estabelecem um teto para o endividamento. Levantamento feito pela consultoria FTI a pedido do Valor mostra que as despesas das empresas com juros dobraram no intervalo de 2019 a 2023, algo que foi um motivador para a corrida das empresas por processos de reestruturação ao longo deste ano. No entanto, mais recentemente, por conta do início do corte de juros, muitas companhias colocaram essa decisão em compasso de espera, segundo especialistas. Em alguns casos específicos, as empresas trabalham para equacionar o problema e evitar algo maior. A questão é que muitas dívidas, especialmente aquelas feitas junto ao mercado de capitais, possuem um gatilho chamado de “cross default”. Ou seja, no caso da quebra de cláusula do contrato, outras dívidas podem ter o vencimento antecipado. Em alguns contratos, o covenant prevê até mesmo que a companhia mantenha um rating mínimo junto às agências de classificação de risco. Foi o caso do Grupo Casas Bahia, que conseguiu nos últimos dias evitar o exercício dessa cláusula com os detentores dos certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), mas com um preço mais salgado para a varejista. Dentre outros casos já públicos, está a empresa de logística Sequoia, que, depois de pedir “perdão” pelo descumprimento de indicadores financeiros, conversou com seus debenturistas e aprovou a troca de antigos papéis por novos. A petroquímica Unigel também teve que negociar com credores em busca de mais prazo. A fabricantes de cimentos InterCement foi mais uma que pediu tempo aos credores. A amostra da FTI incluiu 214 empresas de capital aberto. A metodologia inclui apenas aquelas com receitas anuais superiores a R$ 1 bilhão e exclui bancos e seguradoras. Nesse grupo, as despesas financeiras, no total, saíram de R$ 100 bilhões em todo o ano de 2019 para R$ 197 bilhões neste ano (considerando os últimos 12 meses até junho), refletindo um ciclo mais longo de juros altos no Brasil, cenário que deve persistir ao menos até o próximo ano, considerando o ritmo sinalizado pelo Banco Central (BC) para o corte da Selic. O custo subiu drasticamente, apesar de a alavancagem das empresas ter se mantido praticamente estável no período, de 3,3 vezes há quatro anos para 3,2 vezes em 2023, ainda de acordo com o estudo. O diretor da FTI Consulting, Renato Boranga, afirma que as empresas, no geral, sentam-se à mesa com seus credores antes de cruzar a fronteira imposta pelos covenants, exatamente para evitar a antecipação dos pagamentos. A situação tem sido gatilho para uma onda de revisão de ratings corporativos. A quantidade de rebaixamentos neste ano pela classificadora de riscos Fitch, por exemplo, já atingiu 26 empresas, mais do que a soma de 2021 e 2022, com uma concentração nos setores de varejo, saúde e energia. No entanto, segundo o diretor da Fitch Ricardo Carvalho, a visão é que o cenário começou a melhorar depois que o mercado de crédito reabriu, especialmente para as empresas maiores. A Fitch calcula que, considerando o custo médio da dívida pela Selic mais um spread de 2%, no momento antes do início do corte de juros (quando a taxa básica estava em 13,75% ao ano), o serviço da dívida estava consumindo 55% do Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nas empresas com alavancagem de 3,5 vezes. Hoje, mesmo com a queda da Selic a 12,75%, essa “queima” está em 52% para essas empresas, ou seja, ainda muito alta.
VALOR ECONÔMICO
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