Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 1 | nº 32| 17 de dezembro de 2021
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
BOVINOS
Compradores avaliam o mercado do boi gordo para traçar estratégia de compra
Mesmo com o anúncio da abertura dos portos chineses a cotação da arroba do boi gordo não reagiu
Com o anúncio da retomada da exportação para a China, os compradores paulistas avaliaram o mercado para traçar estratégia de compra para os próximos dias. Com escalas de abate relativamente confortáveis, as cotações permaneceram estáveis. No Espírito Santo, com as escalas de abate alongadas e o consumo fraco, os preços vigentes caíram. A cotação do boi gordo caiu R$1,00/@ na comparação feita dia a dia, enquanto a cotação da vaca e novilha gordas ficou estável. Dessa maneira, os preços da arroba do boi, vaca e novilha gordos estão em R$ 312, R$ 293 e R$ 305, respectivamente (valores brutos e a prazo). Na região de Paragominas - PA os preços do boi e novilha gordos caíram R$1,00/@. O da vaca ficou estável, segundo a Scot Consultoria. Em SP, cotações giram na casa dos R$ 315. O economista Yago Travinigi, analista da Agrifatto, estima que, durante a ausência da China, o Brasil deixou de faturar US$ 1,22 bilhão, o equivalente a 177 mil toneladas de carne bovina. Segundo a IHS Markit, a disparidade entre os preços de compra e venda do boi gordo cresceu forte em função da “queda de braços” que se instaurou no mercado. Enquanto isso, o mercado doméstico de carne bovina segue inconsistente, o que contribui para a posição de cautela das indústrias frigoríficas. O clima chuvoso em grande parte do Brasil tem colaborado para melhoria da massa verde nos pastos, o que auxilia na retenção de animais, observa a IHS. Na opinião da consultoria, a disponibilidade de mercadoria nas câmaras frias está adequada à demanda vigente e há relatos de sobras de alguns cortes bovinos devido ao ritmo lento das vendas (interna e externa), além do menor preço das carnes concorrentes (frango e suínos). “Poucas unidades de abate fecharam as suas programações para a primeira semana de janeiro. Porém, mesmo aquelas plantas frigorificas que têm necessidade de preencher as suas escalas de abate para depois do Natal, não chegam a ir com tanto apetite às compras de gado”, ressalta a IHS. Cotações: PR-Maringá: boi a R$ 300/@ (à vista) vaca a R$ 281/@ (à vista); GO-Goiânia: boi a R$ 303/@ (prazo) vaca R$ 289/@ (prazo); MT-Cuiabá: boi a R$ 300/@ (à vista) vaca a R$ 279/@ (à vista); MS - C. Grande: boi a R$ 303/@ (prazo) vaca a R$ 291/@ (prazo); SP-Noroeste: boi a R$ 317/@ (prazo) vaca a R$ 296/@ (prazo); RS-Fronteira: boi a R$ 327/@ (à vista) vaca a R$ 309/@ (à vista); PA-Paragominas: boi a R$ 288/@ (prazo) vaca a R$ 279/@ (prazo); TO-Araguaína: boi a R$ 283/@ (prazo) vaca a R$ 274/@ (prazo).
PORTAL DBO
Produção de gado confinado no Brasil deve crescer 5% em 2022, diz estudo
O número de bovinos engordados pelo sistema de confinamento subiu 1,6% neste ano. A previsão para 2022 é melhor: deve ficar 5% acima das 6,5 milhões de cabeças deste ano
A previsão é dos responsáveis pelo Censo de Confinamento da empresa do setor de agro DSM.
O gado confinado é criado em locais fechados, com ração mais controlada. O boi no pasto fica solto e pode comer tanto a grama quanto a ração. Em geral, produtores de confinamento, dizem que a carne do sistema é melhor, mas estudos mostram que isso não acontece necessariamente. Os bois confinados são minoria no Brasil (cerca de 10% da produção). Os produtores veem um cenário otimista para a pecuária de corte em 2022, com preços mais baixos de grãos como milho e soja usados na comida do gado. Neste ano, esses e outros custos de produção, como os dos bezerros para reposição, dispararam. Pecuaristas e analistas esperam ainda condições climáticas favoráveis a partir de janeiro. Eles lembram que a seca prejudicou pastos, confinamentos e lavouras pelo país. O ânimo é atribuído também ao retorno da China às compras de carne bovina brasileira, anunciado na quarta-feira (14). A suspensão das importações pelo país asiático, em setembro, fez a cotação da arroba cair e levou à freada nos abates por parte dos frigoríficos. Mas também há desafios: supermercados europeus anunciaram na quinta-feira (16) a suspensão da venda de carne brasileira porque estaria vindo de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. A crise econômica e o baixo poder de compra do consumidor brasileiro são outros problemas e reduziram o consumo no país. Mesmo com a instabilidade da pecuária em 2021, atingir 6,5 milhões de cabeças confinadas agrada o setor. Isso representa alta de 1,6% em relação aos 6,4 milhões de animais em 2020 e acompanha a evolução histórica de crescimento anual. Lembrando que os 6,4 milhões de 2021 já tinham sido um recorde. O levantamento da DSM é bastante esperado devido à amplitude e confiabilidade. Pelo menos 600 profissionais percorrem os Estados e avaliam centenas de confinamentos.
UOL ECONOMIA
Exportações de carne bovina para a China enfrentarão crise logística
Com fim do embargo, efeito sobre os valores domésticos tende a ser praticamente imediato, enquanto escoamento de produto já estocado pode levar mais de um mês
A liberação das exportações de carne bovina brasileira para a China após mais de 100 dias de suspensão exigirá um intenso trabalho logístico da indústria frigorífica e do Ministério da Agricultura (Mapa) para escoar os estoques mantidos desde setembro. O processo, que envolve a certificação e o embarque em contêineres refrigerados, pode levar de 20 a 40 dias, a depender do volume. “A partir de agora, os frigoríficos estão trabalhando para dar vazão àquela carne que estava estocada e já tinha sido abatido nos padrões de importação da China. Então, primeiro o frigorifico vai dar vazão para esse produto que estava parado para depois pensar em produzir mais carne destinada ao mercado chinês”, explica o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias. Estoques da indústria somam cerca de um milhão de toneladas após fim de embargo chinês. Ele destaca, no entanto, que a liberação tem um "efeito psicológico" sobre o mercado, que já deve refletir nos preços da arroba do boi gordo. “Essa retomada da China é uma notícia importante do ponto de vista da demanda, que pode entrar em 2022 com um ambiente mais otimista. Se fosse depender só do mercado interno, realmente não teria força para a arroba experimentar movimentos de alta. Nos supermercados, o efeito também deve ser imediato. “Por mais que se leve um tempo para que essa carne seja efetivamente exportada, o fato é que as negociações já se iniciaram. Então o preço já reflete de imediato. E além disso, o mercado funciona muito baseado nas expectativas. Então, se o dono do boi sabe que o preço vai ficar mais alto, ele já se antecipa e aumenta o preço para o mercado doméstico”. A previsão da Safras & Mercado é de que o volume das exportações se recupere da forte queda observada durante o embargo chinês, mas em patamares inferiores ao registrado em 2020 e início deste ano. “A impressão que a gente tem é que realmente a China está trabalhando em prol da sua suinocultura para depender menos de importação e isso é muito importante da gente mencionar, porque quer dizer que aquele boom de exportação de 2020 e 2021 está no final”, destaca Fernando Iglesias. De acordo com o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), a suspensão das exportações para a China gerou um prejuízo de US$ 762,3 milhões ao setor entre os meses de outubro e novembro deste ano.
GLOBO RURAL
SUÍNOS
Suínos: preços estáveis na quinta-feira (16)
Segundo o Cepea/Esalq, agentes do setor suinícola esperavam que o mercado se aquecesse ao longo de dezembro, o que é típico para este período do ano, mas a oferta elevada de animais e a diminuição na demanda final têm pressionado as cotações da carne e também do animal vivo
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF ficou estável em R$ 110,00/R$ 118,00, enquanto a carcaça especial cedeu 1,08%/1,03%, custando R$ 9,20/R$ 9,60 o quilo. Na cotação do animal vivo, conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quarta-feira (15), os preços ficaram estáveis nas principais praças produtoras, valendo R$ 6,77/kg em Minas Gerais, R$ 5,56/kg no Paraná, R$ 5,97/kg no Rio Grande do Sul, R$ 5,82/kg em Santa Catarina e R$ 6,60/kg em São Paulo. A virada entre a primeira e a segunda quinzena de dezembro trouxe mais quedas para os preços na suinocultura independente, e de acordo com lideranças da área, a oferta excessiva tem contribuído para a redução dos preços.
Cepea/Esalq
Suinocultura independente: contrariando as expectativas, dezembro segue com quedas nos preços
Sobre oferta de animais é a principal causa dos recuos
A virada entre a primeira e a segunda quinzena de dezembro trouxe mais quedas para os preços na suinocultura independente, e de acordo com lideranças da área, a oferta excessiva tem contribuído para a redução dos preços. Na quinta-feira (16), a Bolsa de Suínos realizada pela Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), registrou estabilidade nos preços, com o animal vivo valendo R$ 7,20/kg. No mercado mineiro, o preço caiu de R$ 6,80/kg vivo para R$ 6,40/kg vivo, de acordo com informações da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg). Segundo o consultor de mercado da entidade, Alvimar Jalles, o mês de dezembro de 2021, atípico se considerada a história, segue com boa demanda, porém, com oferta abundante. Em Santa Catarina também foi registrado queda na quinta-feira, saindo de R$ 6,57/kg vivo para R$ 6,26/kg vivo, conforme informações da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS). No Paraná, considerando a média semanal (entre os dias 09/12/2021 a 15/12/2021), o indicador do preço do quilo vivo do Laboratório de Pesquisas Econômicas em Suinocultura (Lapesui) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve queda de 1,80%, fechando a semana em R$ 6,42. "Espera-se que na próxima semana o preço do suíno vivo apresente queda, podendo ser cotado a R$ 5,93", informou o Lapesui. O mercado gaúcho, que negocia os animais no mercado independente às sextas-feiras, também registrou recuo, passando de R$ 6,84/kg vivo para R$ 6,58/kg vivo na última sexta-feira (10.
AGROLINK
FRANGOS
Frango: quinta-feira com pequenas variações
Segundo o Cepea/Esalq, após um longo período de estabilidade (de agosto a novembro), o valor do animal está em queda, devido ao enfraquecimento das vendas da carne na ponta final, tanto no mercado interno quanto para o externo, contexto que trava as negociações envolvendo o vivo
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave na granja ficou estável em R$ 5,00/kg, enquanto o frango no atacado cedeu 0,79%, valendo R$ 6,30/kg. No caso do animal vivo, o preço não mudou em Santa Catarina, valendo R$ 3,76/kg, e ficou estável no Paraná, custando R$ 5,75/kg. São Paulo ficou sem referência de preço nesta quinta-feira. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quarta-feira (15), a ave congelada teve aumento de 0,30%, chegando a R$ 6,70/kg, enquanto o frango resfriado subiu 0,15%, fechando em R$ 6,71/kg.
Cepea/Esalq
CARNES
Preço alto e renda baixa fazem brasileiro consumir 8,6 quilos a menos de carne no ano
Além da queda no consumo médio houve migração para produtos de menor valor
O brasileiro deixou de consumir 8,6 quilos de carne per capita neste ano, em relação ao anterior, considerando o consumo de carnes bovina, suína e de frango. Além disso, houve uma substituição de proteínas mais caras para produtos mais em conta. Essa queda no consumo é resultado de um ano difícil tanto para a indústria de proteína como para os consumidores. Do lado da indústria, os custos de produção foram bem mais altos neste ano. Quebra da safra de milho, exportações elevadas de grãos, principalmente de soja, energia mais cara e pressão do dólar nos insumos importados –o resultado foi uma elevação do preço das proteínas. Do lado do consumidor, o desemprego, a alta dos alimentos, a volta da inflação em geral e a falta de renda retiraram o poder de compra e afastaram muitos das proteínas. Conforme dados da quinta-feira (16) da Scot Consultoria, o consumo de carne bovina, perto de 35 quilos per capita nos anos anteriores, caiu para 25 kg neste, uma redução de 29%. Já o consumo de carnes de aves e de suínos estão em alta, segundo Ricardo Santin, da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). O consumo médio per capita de carne de frango subiu para 46 quilos neste ano, com evolução de 2%. Já o de carne suína foi a 16,8 quilos, com alta de 5% no ano. Boa parte da queda do consumo de carne bovina se deve ao preço. A oferta de gado foi menor, os abates caíram e as exportações, apesar da interrupção da China, se mantiveram aquecidas. O resultado foi uma elevação dos preços no varejo. Considerando os dados da ABPA e da Scot Consultoria para essas três carnes, o consumo médio por brasileiro para este ano está estimado em 87,8 quilos, 8,9% abaixo dos 96,4 kg do ano anterior. Alcides Torres, da Scot, destaca que, mesmo no período em que a China esteve fora do mercado brasileiro , o varejo não registrou queda da carne bovina. Os frigoríficos estão em uma sinuca de bico, diz Torres. Já o varejo, que não conseguiu repassar preços na alta do boi, manteve os valores da proteína elevados no período de queda no preço da arroba, a fim de recompor margens. Os repasses nos preços nas carnes vão continuar em 2022, segundo Santin. Haverá um aumento contínuo e diluído ao longo do ano, devido à mudança de patamar dos custos de produção. Estes não deverão ter fortes reajustes, mas ficarão estáveis na alta. O executivo da ABPA avalia que o poder de renda da população não permite grandes aumentos, mas que o boi deverá ter reajustes para cima com o retorno da China. Com isso, as demais proteínas vão continuar ganhando espaço na preferência do consumidor. Com base nos dados de Torres e de Santin, dá para prever que, sem uma recomposição da renda do consumidor — o que não deverá ocorrer em curto prazo—, o consumo médio de proteínas deverá continuar achatado e com migração de produtos mais caros para os de menores preços. A ABPA divulgou na quinta-feira os números do setor deste ano e expectativas para o próximo, A produção de carne de frango, que deverá ser de 14,35 milhões de toneladas neste ano, 3,5% a mais do que no anterior, poderá atingir 14,9 milhões no próximo. As exportações continuam aquecidas, somando 4,58 milhões em 2021, com aumento de 8%, podendo chegar a 4,75 milhões em 2022. Os números foram bons também para a suinocultura, cuja produção de carne atingirá 4,7 milhões de toneladas neste ano e 4,85 milhões no próximo. As exportações passam de 1,13 milhão para 1,2 milhão.
FOLHA DE SP
ABPA eleva estimativas de produção e exportação de carnes de frango e suína
Projeções também apontam crescimento doo consumo per capita doméstico
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou na quinta-feira novas estimativas para as cadeias de carnes de frango e suína em 2021 e 2022, e os dados de produção e exportação superam as perspectivas divulgadas pela entidade em setembro. De acordo com a ABPA, o Brasil deverá produzir de 14,3 milhões a 14,35 milhões de toneladas de carne de frango este ano, até 3,5% mais que em 2020. Para 2022, são esperadas entre 14,7 milhões e 14,9 milhões de toneladas, avanço de até 4%. Já as exportações dessa proteína em 2021 passaram a ser estimadas entre 4,53 milhões e 4,58 milhões de toneladas, volume 8% superior ao do ano passado. Em 2022, os embarques poderão totalizar de 4,65 milhões a 4,75 milhões de toneladas, alta de 5%. Diante dos dados de produção e exportação, a perspectiva de disponibilidade de carne de frango no mercado interno vai de 9,72 milhões de toneladas a 9,82 milhões de toneladas em 2021, avanço de até 2%. Em 2022, a oferta poderá chegar a entre 9,95 e 10,25 milhões, avanço de até 5,5%. O consumo per capita é estimado em 46 quilos neste ano, crescimento de 2%, e pode avançar mais 4% no ano que vem, para 48 quilos por pessoa. No caso da carne suína, a produção em 2021 agora é estimada entre 4,67 milhões e 4,7 milhões de toneladas, aumento de até 6%. Para o ano que vem, o volume pode crescer até 4%, para entre 4,8 milhões e 4,85 milhões de toneladas. A ABPA prevê exportações de carne suína até 10,5% maiores neste ano, entre 1,115 milhão e 1,13 milhão de toneladas. Em 2022, os embarques tendem a crescer até 7,5%, para algo entre 1,15 milhão e 1,2 milhão de toneladas. Assim, a oferta interna deve variar de 3,54 milhões e 3,585 milhões de toneladas neste ano, crescimento de até 5%. A disponibilidade pode avançar, ainda, 4,5% no ano que vem, para a faixa entre 3,6 milhões e 3,7 milhões de toneladas. O consumo per capita é estimado em 16,8 quilos em 2021 (+5%) e 17,3 quilos em 2022 (+3%). As exportações não foram responsáveis pela alta de preços das carnes de frango e suína no mercado doméstico, frisou o Presidente da ABPA, Ricardo Santin. Segundo ele, a oferta ao mercado interno se mantém sólida, mas o setor precisou repassar parte do aumento de custos de produção. A ABPA espera uma estabilização dos insumos em 2022, ainda que em patamares elevados frente aos registrados antes da escalada. As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) são de uma safra 2021/22 recorde, o que daria tranquilidade para o mercado, segundo Santin. O Presidente da entidade reforça, ainda, que os problemas com estiagem nos Estados Unidos devem ser driblados com aumento das importações e maior utilização de cereais de inverno. Santin está confiante quanto ao crescimento do consumo dessas proteínas no ano que vem. Para ele, o ajuste no salário mínimo, o pagamento do Auxílio Brasil e, principalmente, a retomada da economia brasileira devem alavancar a demanda. De acordo com o Diretor de Mercado da entidade, Luis Rua, a disponibilidade de carne bovina seguirá limitada em 2022, cooperando para que os preços dessa proteína sigam elevados - abrindo espaço para as demais. Quanto à China, maior compradora das proteínas brasileiras, a ABPA vê uma demanda ainda sólida, mesmo com o país asiático reestruturando sua produção interna, buscando 95% de autossuficiência em carne suína.
VALOR ECONÔMICO
MEIO AMBIENTE
Supermercados europeus param de vender carne brasileira por desmatamento
Desmatamento na Amazônia brasileira aumentou quase 22% entre agosto de 2020 e julho de 2021
Seis redes europeias de supermercados, inclusive duas de propriedade da empresa holandesa Ahold Delhaize e uma subsidiária do Carrefour, anunciaram na quarta-feira, 15, que vão parar de vender uma parte ou todos os derivados de carne bovina brasileira por conta de laços com o desmatamento da Floresta Amazônica. Os compromissos vão desde o anúncio da rede de supermercados Lidl Netherlands, que se comprometeu a parar de vender todo tipo de carne oriunda da América do Sul a partir de 2022, a decisões mais direcionadas, como interromper vendas de determinados tipos de carne. Muitos dos produtos afetados são da JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo. Os boicotes são uma resposta a uma investigação conjunta da Repórter Brasil, do The Bureau of Investigative Journalism e do jornal britânico The Guardian que apontou que a JBS comprou gado de uma fazenda com pastos desmatados ilegalmente. A reportagem apontou que os bovinos foram levados desta fazenda a outra do mesmo dono antes de serem vendidas à JBS, uma prática conhecida como "triangulação de gado". A JBS disse à Reuters que tem tolerância zero com desmatamento ilegal e que já parou de trabalhar com mais de 14 mil fornecedores que não cumpriam com o compliance da empresa. A JBS afirmou que monitorar fornecedores indiretos - aqueles anteriores à venda final para o abatedouro - é um desafio para o setor inteiro, mas que irá implementar até 2025 um sistema que consiga fazê-lo. A processadora de carne afirmou que a investigação da Repórter Brasil mencionou apenas cinco de 77 mil fornecedores diretos da empresa, e que os demais alcançam os padrões da JBS no momento da compra. O desmatamento da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo, disparou desde a posse do Presidente Jair Bolsonaro em 2019, com seu governo revogando medidas de proteções ambientais. Bolsonaro afirma que busca mais agricultura e mineração na Amazônia para tirar a região da pobreza. O desmatamento na Amazônia aumentou quase 22% entre agosto de 2020 e julho de 2021, marcando um recorde nos últimos 15 anos. Entre outros compromissos das empresas europeias, a Albert Heijn, subsidiária da Ahold Delhaize, maior rede de supermercados da Holanda, vai parar completamente de comprar carne bovina brasileira. Um porta-voz da Albert Heijn disse à Reuters que a companhia vende, atualmente, apenas alguns produtos de origem brasileira por semana. A francesa Auchan também removerá produtos de carne ligados à JBS de suas prateleiras. As redes de supermercado Carrefour e Delhaize da Bélgica vão parar de vender a marca de carne seca da Jack Link's. JBS e Jack Link's têm uma joint venture que produz carne seca. Procurada, a Jack Link's não comentou. No Reino Unido, a Sainsbury's disse que vai parar de comprar a carne bovina que vende com sua própria marca do Brasil, e disse que 90% de sua carne bovina já é oriunda do Reino Unido e da Irlanda.
REUTERS
EMPRESAS
BRF pode levantar mais de R$ 6 bi com follow-on
Companhia fará assembleia de acionistas para votar aumento de capital; oferta resolve estrutura de capital
A BRF pode levantar mais de R$ 6 bilhões com um followon, solucionando a estrutura de capital que tanto incomoda os investidores e analistas e trava o valor da companhia apesar da reconhecida melhoria da gestão operacional da dona da Sadia - ainda que isso venha com o custo de uma diluição. A companhia acaba de propor aos acionistas um aumento de capital de até 325 milhões de ações, que valem hoje R$ 6,6 bilhões. O tema precisa ser aprovado em uma assembleia convocada para 17 de janeiro. Após esse aval, a BRF vai fazer a oferta de ações. A ideia é levantar entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. Levantar equity sempre foi um tabu no Conselho de Administração da BRF, mas as resistências amainaram diante da necessidade de reduzir as dívidas e, principalmente, as despesas financeiras que tanto pesam sobre o balanço. A BRF não paga dividendos há praticamente oito anos. Com o aumento de capital, o índice de alavancagem da BRF pode ficar abaixo de 2 vezes. Em setembro, o indicador rompeu a barreira de 3 vezes, um nível considerado prudencial pela gestão da companhia. Com isso, a BRF teve de pisar no freio dos investimentos programados até 2030, um plano estratégico com a companhia quer triplicar de tamanho, chegando a um faturamento de R$ 100 bilhões. Ao readequar a estrutura de capital, a BRF poderá não só retomar os investimentos, como economizar cerca de R$ 500 milhões em juros — engordando o Ebitda e colocando a companhia de volta ao azul. "No buy side, fundos tinham interesse em investir na BRF, mas não compravam o papel por sua estrutura de capital inadequada", diz um analista. Em 2021, as ações da BRF caíram 7,4%. A empresa vale R$ 16,5 bilhões em bolsa. O aumento de capital também abre espaço para a Marfrig ampliar a participação na BRF sem disparar a pílula de veneno de 33,3%. Num aumento de capital, todos os acionistas terão os mesmos direitos de subscrever os papéis no follow on. A depender da adesão da oferta pública, a fatia da Marfrig naturalmente aumentaria. Na quinta-feira, a Marfrig emitiu um sinal de sua solidez financeira — um oferecimento da geração de caixa monstruosa do negócio de carne bovina nos EUA. A companhia de Marcos Molina anunciou a resgate de US$ 100 milhões em notes que venciam em 2026, reduzindo a dívida bruta, e declarou um dividendo especial de R$ 830 milhões, chegando a yield de mais de 10%.
VALOR ECONÔMICO
BNDES levanta R$ 2,7 bi com block trade da JBS
Banco pediu propostas para descontos de até 2,95% e BofA levou com bid de 0,47%
O BNDES começou ontem a se desfazer de parte das ações que detém na JBS por meio de um block trade coordenado pelo Bank of America. Num processo competitivo rápido entre os bancos, o BNDES pediu propostas para descontos de até 2,95%. O BofA fez o bid com desconto de 0,47% sobre a cotação de fechamento de ontem, mas com demanda de investidores locais e estrangeiros e da própria JBS, o mandatado não deve ficar com o risco no fim do dia. A JBS tem um programa de recompra aberto, com mais de 30 corretoras cadastradas, daí a sinalização de compra. O leilão teve início às 10h, no ponto de partida de R$ 38,01, e vai até 11h — o banco já começou nos últimos minutos a tentar puxar o preço para cima, disse um gestor. O BNDES vai levantar, no mínimo, R$ 2,66 bilhões com o bloco. Sem follow-on, BNDES está liberado para block trade. Volume e desconto foram definidos pelo BNDES para não correr o risco de sair do leilão rápido de 1h para 24h. A posição na JBS é uma das maiores da carteira do BNDES, hoje com 24,5% do capital, somando 581,66 milhões de ações. Ao fim do dia, seriam 511,66 milhões.
VALOR ECONÔMICO
O lucro do BNDES na JBS
Desde 2007, empresa recebeu R$ 8,1 bilhões do BNDESPar
O BNDES começou a se desfazer ontem da participação da JBS, um investimento de mais de R$ 8 bilhões que montou no auge da política das campeãs nacionais e que vem entregando um belo retorno para o banco. A aposta ajudou a criar a maior companhia de carnes do planeta, com mais de US$ 60 bilhões em faturamento. Desde 2007, o JBS recebeu R$ 8,1 bilhões do BNDESPar — montante que inclui os aportes com a compra de ações e a conversão da participação do banco no frigorífico Bertin, que foi incorporado pela JBS. Em termos nominais, o montante investido se transformou em R$ 31 bilhões, um retorno de 283% ou R$ 22,9 bilhões. No cálculo de retorno, estão incluídos dividendos, prêmio de debêntures e de vendas já feitas pelo BNDES – parte da carteira foi transferida à Caixa, no governo Dilma. Já considerando os R$ 2,66 bilhões levantados hoje com a venda de uma parcela das ações do BNDES, o banco de desenvolvimento e a Caixa receberam R$ 11,5 bilhões. A participação remanescente do BNDES está avaliada mais de R$ 19 bilhões. O retorno real do investimento do BNDES na JBS também bateu Ibovespa, CDI e a meta atuarial do fundo de pensão do banco estatal (de IPCA + 5,25%). Corrigido pela inflação, o retorno foi de 110%. O retorno ficou 58% acima do CDI e 35% acima da meta atuarial do fundo de pensão do BNDES. Em relação ao Ibovespa, o banco teve um retorno 168% superior.
VALOR ECONÔMICO
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Duplicação da PR-445 entre Londrina e Mauá da Serra sai do papel após décadas de espera
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou na quinta-feira a autorização para o contrato da duplicação do trecho da rodovia que vai de Mauá da Serra ao distrito de Lerroville, em Londrina
A licitação para a obra foi concluída em novembro, e o investimento pelo Governo do Estado será de R$ 148 milhões. O prazo para concluir a obra é de 18 meses após assinatura do contrato e emissão da ordem de serviço. A restauração beneficia diretamente os mais de 25 mil habitantes de Mauá da Serra e Tamarana, além de todo o tráfego de veículos entre Londrina e Curitiba, ou entre Londrina e Paranaguá. A obra prevê a duplicação em uma extensão de 27,07 quilômetros da PR-445, e também engloba a implantação de um viaduto no acesso ao município de Tamarana, vias marginais entre Tamarana e Lerroville, uma rótula no acesso para Lerroville, pontes sobre os rios Santa Cruz e Apucaraninha, onze retornos em nível, a correção da geometria em sete curvas consideradas críticas, e restauração da pista existente. “Esse é o principal trecho de segurança viária da PR-445. Além da duplicação, que é muito importante para a mobilidade, esse trecho terá correções de curvas que diariamente têm muitos problemas. A ordem de serviço já está autorizada e a empresa já começa a trabalhar, ganhando mais velocidade no início do ano. Vamos fazer a fiscalização da obra para que ela seja entregue de forma perfeita e no menor prazo possível”, reforçou o Secretário Estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex. A pista nova terá duas faixas de rolamento de 3,6 metros cada em sentido único, e acostamento externo de 2,5 metros, separada da pista atual por um canteiro central de 7 a 9 metros de largura e faixa de segurança de 60 centímetros de cada lado na maior parte do trecho. No local onde não será possível o canteiro, as pistas serão separadas por barreira rígida de concreto New Jersey, com faixa de segurança interna de 1 metro de largura em cada lado. A obra será iniciada na região de Mauá da Serra sentido Londrina, que concentra um maior número de obras de arte especiais. Também serão readequados trechos de curvas paranaenses que concentram alto número de acidentes. A elaboração do projeto integra o Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná, uma parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e os recursos para executar a obra são do programa Avança Paraná. A nova duplicação na PR-445 se soma a outra, já concluída em março deste ano, entre o distrito de Irerê e Londrina. Além de duplicar 15,8 quilômetros de rodovia, a obra executou uma trincheira no acesso para Irerê, dois viadutos na interseção Coroados, dois viadutos na interseção Cegonhas, alargamento da ponte sobre o Ribeirão dos Apertados e uma ponte nova no local, duas novas pontes sobre os Ribeirões Três Bocas e Cafezal, e quatro pontes nos Ribeirões Cafezal e Três Bocas, nas marginais da rodovia. Com as duas obras, restarão 23 quilômetros entre Irerê e Lerroville para a duplicação completa do trecho entre Mauá da Serra e Londrina. Esta etapa final está em fase de finalização do projeto executivo pelo DER/PR, com previsão de conclusão para março de 2022.
Agência de Notícias do Paraná
STF atende estados e forma maioria para adiar redução de ICMS da luz e telefone
Em julgamento que ocorre em plenário virtual, oito ministros se manifestaram de maneira favorável para que a redução da alíquota passe a valer somente em 2024
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para atender a um pedido dos governadores e adiar a decisão que reduziu o ICMS dos serviços de energia elétrica e telecomunicações. A previsão é de que a medida gere um impacto de R$ 26,7 bilhões por ano aos Estados. Em julgamento que ocorre em plenário virtual, oito ministros se manifestaram de maneira favorável para que a redução da alíquota passe a valer somente em 2024. Votaram pelo adiamento os ministros, Kassio Nunes Marques, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli. O ministro Edson Fachin divergiu dos demais. O julgamento deve terminar até o fim desta sexta-feira (17). Os Estados alegam que com o adiamento dessa redução, a determinação ficaria alinhada aos Planos Plurianuais (PPAs), instrumento de planejamento governamental que define as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para o período de quatro anos.
GAZETA DO POVO
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar interrompe sequência de ganhos após BC voltar a marcar presença no mercado
O dólar caiu ante o real na quinta-feira, interrompendo sequência de cinco ganhos diários consecutivos após o Banco Central injetar moeda à vista no mercado, enquanto, no exterior, a divisa norte-americana perdia terreno
O dólar spot fechou em queda de 0,47%, a 5,6802 na venda. Na B3, às 17:11 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,06%, a 5,6975 reais. O Banco Central vendeu 830 milhões de dólares em leilão à vista realizado pouco antes das 13h (horário de Brasília), fazendo a moeda dos Estados Unidos devolver completamente os ganhos registrados mais cedo na sessão contra o real. Essa é quarta vez em cinco sessões que o Banco Central faz intervenção do tipo no mercado de câmbio, de olho --segundo alguns participantes do mercado-- em movimento sazonal de saída de recursos do país com a aproximação do fim do ano, à medida que empresas fazem pagamentos de juros e dividendos. Na quinta-feira, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, notou a pressão sazonal no mercado de câmbio, e ressaltou que o BC faz intervenções ao observar os movimentos pontuais de saída.
Além da intervenção do BC no mercado à vista, o real também foi amparado na quinta-feira pela fraqueza internacional do dólar. Mesmo assim, no quadro mais amplo, o ambiente para o câmbio de países emergentes continuará desafiador com a chegada do primeiro aumento de juros do Fed. Ainda na quinta-feira, Campos Neto afirmou que o risco fiscal é um elemento que influencia a precificação do câmbio, ressaltando que a autoridade monetária não conta em seu cenário básico com novas ações que piorem o quadro das contas públicas. Investidores apontam há meses a deterioração da credibilidade fiscal --após pressão do governo por mais gastos no ano que vem, quando Bolsonaro deve tentar a reeleição-- como impulso para o dólar, que sobe 9,41% contra o real no acumulado de 2021. Recentemente, com a promulgação da PEC dos Precatórios, que abre espaço fiscal para o financiamento do Auxílio Brasil, instalou-se uma maior previsibilidade nos mercados locais, mas a alteração da regra do teto de gastos contida no texto ainda é vista como forte golpe à reputação do país. Aos temores fiscais, somam-se receios políticos, já que os brasileiros irão às urnas em 2022.
REUTERS
Commodities sustentam Ibovespa, que sobe na contramão de Nova York
O principal índice da bolsa local voltou a ter desempenho superior ao de seus pares em Nova York e fechou o dia em alta, retomando o patamar dos 108 mil pontos
Apesar do mau humor dos investidores globais, os ganhos observados nas empresas de commodities, especialmente no setor de mineração e siderurgia, mantiveram o Ibovespa em território positivo ao longo de toda a sessão. Assim, o índice fechou o pregão aos 108.326,33 pontos, em valorização de 0,83%. O volume total negociado foi de R$ 26,29 bilhões, acima da média diária anual de R$ 24 bilhões. O otimismo no mercado local foi limitado pela queda das ações em Wall Street. O S&P 500 fechou o pregão em baixa de 0,87%, o Dow Jones recuou 0,08% e o Nasdaq encerrou o dia em desvalorização de 2,47%. Após o Federal Reserve (Fed) ter adotado uma comunicação mais dura em sua decisão de política monetária da véspera, foi a vez do Banco da Inglaterra (BoE) trazer surpresas aos mercados hoje ao elevar suas taxas de juros para 0,25%, de 0,10%. A perspectiva de um mundo com menos acomodação monetária em 2022 fez com que os investidores saíssem de papéis mais sensíveis às variações nas taxas de juros, concentrados nos setores de tecnologia, e ampliassem a demanda por papéis mais cíclicos e ligados ao crescimento econômico. Assim, ações ligadas a commodities foram os grandes destaques, tanto na bolsa americana quanto no mercado local.
VALOR ECONÔMICO
BC vê inflação em 10,2% em 2021 e 4,7% em 2022
Para 2024, previsão é de que IPCA fique abaixo da meta de 3%
O Banco Central (BC) projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará significativamente abaixo da meta de 3% em 2024. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, divulgado na quinta-feira. Para 2021, 2022 e 2023, as estimativas são respectivamente de 10,2%, 4,7% e 3,2%, conforme divulgado na semana passada pela autoridade monetária, na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa é a projeção central do BC, que pressupõe taxa de juros extraída da pesquisa Focus, terminando 2021 em 9,25% ao ano, subindo na sequência para 11,75% ao ano, mas terminando 2022 em 11,25% ao ano e 2023 em 8% ao ano. Já a taxa de câmbio começa em R$ 5,65, a média da semana anterior à reunião do Comitê de Política Monetária, e evolui de acordo com a paridade do poder de compra. No documento de setembro, as estimativas eram 8,5% para 2021, 3,7% para 2022, 3,2% para 2023 e 2,8% para 2024. Na ocasião, o cenário do BC mostrava a Selic em 8,25% no fim de 2021, 8,5% no fim de 2022 e 6,75% no fim de 2023, e o câmbio partindo de R$ 5,25. Na avaliação do BC, “a inflação segue elevada e tem se mostrado mais persistente que o antecipado”. “Ainda que preços mais voláteis como os de alimentos, combustíveis e energia tenham apresentado grande contribuição para a alta da inflação, a pressão inflacionária se revela disseminada e abrange também componentes mais associados à inflação subjacente”, disse no Relatório Trimestral de Inflação de dezembro. Já “a pressão sobre os preços de bens”, decorrente da maior demanda e impulsionada por gargalos de oferta, “ainda não arrefeceu, enquanto a inflação de serviços já se mostra mais elevada, refletindo a gradual normalização da atividade no setor”. “Há preocupação com a magnitude e a persistência dos choques, com seus possíveis efeitos secundários e com a elevação das expectativas de inflação, inclusive para além do ano calendário de 2022”, afirmou. “Entre os fatores que explicam o nível elevado da inflação está a alta dos preços das commodities no mercado internacional, que se encontram 44% acima do patamar pré-pandemia”, indicou a autoridade monetária.
VALOR ECONÔMICO
Ipea revisa estimativas e prevê queda de 1,2% no PIB Agropecuário em 2021
Com revisão de resultados de 2020 pelo IBGE, instituto deixou de prever aumento neste ano
As revisões feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) nos dados da economia em 2020, com a elevação de 2% para 3,8% nos cálculos do avanço da agropecuária, forçaram uma mudança drástica nas previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o campo neste ano. As estimativas saíram de aumento de 1,2% em 2021 no PIB agropecuário para uma redução de 1,2%. A queda da produção de bovinos no terceiro trimestre e as reduções nas estimativas das colheitas de milho, cana-de-açúcar e laranja também puxaram o número para baixo. Segundo o Ipea, a revisão feita pelo IBGE elevou a base de comparação para a estimativa atual, o que ajuda a explicar a reversão do quadro econômico para o setor. Para 2022, a previsão do Ipea é que o PIB agropecuário crescerá 2,8%. A estimativa, ainda que positiva, é mais tímida que a divulgada anteriormente pelo instituto, de avanço de 3,4% no ano que vem. Os principais motivos para o crescimento da economia do setor são o aumento da produção de bovino, após dois anos consecutivos de quedas, nova alta estimada para a suinocultura e a expectativa de forte recuperação na produtividade e colheita do milho, depois das quebras em 2021 decorrentes dos efeitos climáticos. De acordo com o Ipea, o desempenho do setor no terceiro trimestre de 2021 apresentou forte queda e levou o resultado acumulado do ano para redução de 0,1%. A produção vegetal teve a maior queda nas previsões para 2021. Saiu de um crescimento de 1,2% para recuo de 2,6%. Para a produção animal, a nova estimativa é de redução de 0,7%, ante avanço de 1,2% projetado anteriormente. Culturas sazonalmente importantes para o período apresentaram baixas elevadas, acima de 10%, como milho, café e algodão. As novidades negativas foram a piora no cenário para as culturas de cana-de-açúcar e laranja, impactadas pela crise hídrica. O setor de proteína animal também sofreu retração. As produções de bovinos e leite recuaram 8,9% e 4,9%, respectivamente, nos três meses analisados. “O embargo da China às exportações de carne bovina impactou fortemente a produção de bovinos no terceiro trimestre, servindo como um desincentivo ao abate. O quarto trimestre também deve sofrer com esse impacto, mas de maneira mais atenuada”, diz a Carta de Conjuntura do Ipea, divulgada ontem. Segundo o instituto, o redirecionamento de remessas de carne bovina, impedidas de serem exportadas à China, para o mercado interno deve ser menor à medida que boa parte desse estoque já deve ter sido absorvido internamente. Mas por conta do peso do país asiático, que só reabriu ontem o mercado para as exportações do produto brasileiro, “o efeito sobre o abate ainda deve ser significativo”. O fechamento do ano ainda pode trazer recuos na produção de algumas culturas, como cana, laranja e milho, e impactar o resultado final do PIB agropecuário de 2021. Nas carnes, a expectativa é com a retomada das vendas para a China e a possibilidade de reversão de parte da queda esperada, caso haja tempo hábil para aumentar o abate com esse destino na última quinzena do ano. Para 2022, algumas preocupações persistem, diz o Ipea. Mesmo com a bienalidade positiva, as lavouras de café devem sofrer os efeitos da geada deste ano. O clima também ligou o alerta dos produtores gaúchos de soja e milho, que já enfrentam estiagem em algumas regiões. O instituto diz, no entanto, que é cedo para prever o impacto final na produção e que, no geral, a semeadura da safra ocorreu de maneira positiva no país e os plantios de grãos apresentam boas condições. O Ipea ainda prevê um ano de recuperação do abate e manutenção da demanda aquecida doméstica e externa para a produção animal, com a normalização das exportações para a China. O ponto de alerta neste caso é a elevação dos custos de logística e produtivos, com a mudança de patamar do preço da ração animal e outros insumos de manejo.
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