Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná
Ano 2 | nº 113 |25 de abril de 2022
NOTÍCIAS SETORIAIS – BRASIL
BOVINOS
Boi gordo: baixo volume de negócios
Analistas apostam em mercado com tendência de baixa pela maior oferta de boiadas a partir de maio, mês da campanha de vacinação contra a febre aftosa
Na sexta-feira pós-feriado (22/4), o mercado brasileiro do boi gordo teve um dia de poucas negociações, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário. Segundo os analistas da IHS Markit, a maior preocupação segue em torno do fluxo das exportações brasileiras de carne bovina. A IHS Markit projeta que o país deve exportar em torno de 170 mil toneladas. Porém, os analistas levantam hipóteses de embarques mais fracos nos meses vindouros, devido aos problemas gerados pela China, o maior cliente mundial da carne brasileira. Recentemente o governo chinês suspendeu a importação da proteína brasileira de unidades processadoras de três frigoríficos nacionais. Além disso, a China ainda mantém um rígido lockdown, sobretudo em Xangai, devido ao retorno das contaminações por Covid-19 (estima-se que 25 milhões de moradores dessa cidade estejam praticamente impedidos de sair de suas casas). “As interrupções das atividades portuárias na China já geram atrasos nos desembarques, dificultando a operação logística dos países fornecedores”, observam os analistas. Como o mercado doméstico brasileiro também segue em ritmo de conta-gotas, devido à atual crise financeira no País (inflação em disparada e alta taxa de desemprego), os preços do boi gordo tendem a seguir tendência de baixa. No último dia da semana, as cotações dos animais terminados, tanto machos quanto fêmeas, fecharam em queda em algumas importantes praças do País. Houve queda em várias das regiões situadas no Mato Grosso, responsável pelo maior rebanho de bovinos de corte do País. Na maioria das praças mato-grossenses, os preços do boi gordo recuaram R$ 5/@ na sexta-feira. Cotações: PR-Maringá: boi a R$ 305/@ (à vista) vaca a R$ 280/@ (à vista); SP-Noroeste: boi a R$ 332/@ (prazo) vaca a R$ 285/@ (prazo); MS-Dourados: boi a R$ 300/@ (à vista) vaca a R$ 280/@ (à vista); MS-C. Grande: boi a R$ 305/@ (prazo) vaca a R$ 280/@ (prazo); MT-Cáceres: boi a R$ 287/@ (prazo) vaca a R$ 275/@ (prazo); MT-Tangará: boi a R$ 287/@ (prazo) vaca a R$ 275/@ (prazo); MT-Cuiabá: boi a R$ 285/@ (à vista) vaca a R$ 275/@ (à vista); MT-Colíder: boi a R$ 287/@ (à vista) vaca a R$ 270/@ (à vista); GO-Goiânia: boi a R$ 300/@ (prazo) vaca R$ 275/@ (prazo); RS-Fronteira: boi a R$ 340/@ (à vista) vaca a R$ 310/@ (à vista); PA-Marabá: boi a R$ 282/@ (prazo) vaca a R$ 272/@ (prazo); PA-Paragominas: boi a R$ 290/@ (prazo) vaca a R$ 285/@ (prazo); TO-Araguaína: boi a R$ 280/@ (prazo) vaca a R$ 270/@ (prazo); TO-Gurupi: boi a R$ 285/@ (à vista) vaca a R$ 265/@ (à vista); RO-Cacoal: boi a R$ 265/@ (à vista) vaca a R$ 255/@ (à vista); MA-Açailândia: boi a R$ 280/@ (à vista) vaca a R$ 260/@ (à vista).
PORTAL DBO
Com agenda com ministro, fiscais agropecuários adiam decisão sobre operação-padrão
Anffa Sindical, o sindicato da categoria, vai se reunir com Marcos Montes na terça-feira
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) vai se reunir nesta terça-feira (26/4) com o Ministro da Agricultura, Marcos Montes, para apresentar as propostas da categoria de reajuste salarial e reestruturação da carreira. Só depois do encontro é que os servidores devem decidir se realizam ou não uma nova operação-padrão. A categoria é contra a proposta de reajuste salarial linear de 5% para os servidores públicos federais. Segundo o sindicato, o percentual não repõe sequer a defasagem nos salários dos auditores fiscais agropecuários, que estão há cinco anos sem reposição das perdas inflacionárias. Apesar de a palavra final sobre eventuais reajustes ser da equipe econômica, a intenção do Anffa Sindical é manter a interlocução com o Ministério da Agricultura. Montes acompanhou o pleito da categoria quando era Secretário Executivo da Pasta. Após a reunião com Marcos Montes, o sindicato deve marcar um encontro na quarta-feira com os delegados sindicais dos Estados. A ideia é avaliar o resultado da agenda com o ministro para discutir novos passos da mobilização. A entidade também marcou reunião com a ex-ministra da Agricultura, deputada Tereza Cristina (PP-MS), e o deputado Sanderson (PL-RS). No fim de dezembro, os auditores iniciaram a operação padrão em protesto por melhorias na carreira, que durou até março. A ação gerou filas em postos de fronteira e prejuízos milionários a importadores e exportadores. Os profissionais da categoria são responsáveis por fiscalizar e avaliar as cargas de alimentos e insumos agropecuários que entram ou saem do país e pelas inspeções em estabelecimentos de produção, como os frigoríficos.
VALOR ECONÔMICO
SUÍNOS
Suínos: preços sem movimentação na sexta-feira
Agentes reajustaram os preços para seguir a tendência do vivo, mas continuam cautelosos no repasse ao atacado, para que o mercado consiga absorver os novos valores
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF ficou estável em R$ 118,00/R$ 125,00, assim como a carcaça especial, custando R$ 9,20 o quilo/R$ 9,50 o quilo. No caso do animal vivo, conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quarta-feira (20), houve alta apenas em Santa Catarina, na ordem de 0,38%, chegando a R$ 5,35/kg. Ficaram estáveis os preços em Minas Gerais, custando R$ 6,67/kg, R$ 5,48/kg no Paraná, R$ 5,48/kg no Rio Grande do Sul, e R$ 6,42/kg em São Paulo.
Cepea/Esalq
Suínos/Cepea: Cotações da carne e do vivo seguem em alta
Os preços do suíno vivo no mercado independente e também da carne continuam em elevação, de acordo com dados do Cepea. Isso se deve à intensificação das compras de novos lotes de animais para abate por parte dos frigoríficos, devido à maior demanda doméstica e ao incremento nas exportações da proteína
Segundo o Cepea, para o suíno vivo, além da demanda aquecida, a oferta controlada e os preços ainda elevados dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, motivam produtores a buscarem maiores valores na comercialização do animal, no intuito de garantir a rentabilidade da atividade. Para as carnes, agentes reajustaram os preços para seguir a tendência do vivo, mas continuam cautelosos no repasse ao atacado, para que o mercado consiga absorver os novos valores mesmo diante da demanda nacional enfraquecida.
Cepea
Mercado de carne suína mostra sinais de recuperação, diz Safras
Levantamento apontou a média de preços do quilo vivo da carne suína no Brasil avançou 9,1% na semana, passando de R$ 5,21 para R$ 5,69
Segundo o analista da Safras & Mercado, Allan Maia, os preços da carcaça e do quilo vivo reagiram novamente no Centro-Sul nos últimos dias, com a reposição entre o atacado e o varejo evoluindo bem. “Há perspectiva de que o ambiente de negócios possa perder um pouco de ritmo até o fechamento do mês, com o consumo impactado pela menor capitalização da população” explica. Maia sinaliza que mesmo com a reação nos preços, a carcaça suína permanece bem atrativa para a população, considerando que a relação de troca com o frango congelado ainda está próxima a 1,2 em São Paulo. “Isso significa que com o preço de um quilo da carcaça suína é possível comprar 1,2 quilo de frango congelado, o que pode ajudar o escoamento. Outro ponto favorável é que a concorrente carne bovina apresenta preços restritivos na ponta final para as famílias de menor renda”, avalia. O analista destaca que os negócios envolvendo o quilo vivo evoluíram de maneira ajustada na semana, com registro de animais disponíveis ainda leves em várias localidades. “O controle do peso deve resultar em menor oferta à frente. As margens da atividade estão melhorando, mas ainda estão deterioradas. Desta maneira o ajuste produtivo deve seguir acontecendo no decorrer das próximas semanas”, ressalta. Levantamento de Safras & Mercado apontou a média de preços do quilo vivo no país avançou 9,1% na semana, passando de R$ 5,21 para R$ 5,69. A média preços pagos pelos cortes de pernil no atacado avançou 4,56%, de R$ 9,40 para R$ 9,83. A carcaça teve aumento de 13,6%, passando de R$ 8,09 para R$ 9,19. As exportações de carne suína “in natura” do Brasil renderam US$ 102,676 milhões em abril (10 dias úteis), com média diária de US$ 10,267 milhões. A quantidade total exportada pelo país no período chegou a 46,713 mil toneladas, com média diária de 4,671 mil toneladas. O preço médio ficou em US$ 2.198,20. Em relação a abril de 2021, houve baixa de 5,5% no valor médio diário da exportação, ganho de 7,1% na quantidade média diária exportada e desvalorização de 11,7% no preço médio. A análise semanal de preços de Safras & Mercado apontou que a arroba suína em São Paulo subiu de R$ 115 para R$ 135. Na integração do Rio Grande do Sul, o quilo vivo avançou de R$ 5,05 para R$ 5,10. Em Santa Catarina o preço do quilo na integração permaneceu em R$ 5,10. No Paraná o quilo vivo mudou de R$ 5,10 para R$ 5,60 no mercado livre, enquanto na integração o quilo vivo continuou em R$ 5,30.
AGÊNCIA SAFRAS
FRANGOS
Frango congelado e resfriado com leve alta
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave no atacado caiu 0,89%, chegando em R$ 7,78/kg, o frango na granja ficou estável, valendo R$ 6,50/kg
Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço, enquanto Santa Catarina ficou estável em R$ 4,07/kg, e no Paraná foi registrado recuo de 1,05%, custando R$ 5,64/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quarta-feira (20), tanto a ave congelada quanto a resfriada tiveram leve alta de 0,50%, ambas custando R$ 7,98/kg.
Cepea/Esalq
Frango/Cepea: Com demanda externa firme, valor da carne está em alta no mês
O preço médio mensal da carne de frango está em alta nesta parcial de abril, segundo dados do Cepea
A conjuntura internacional de menor oferta desse produto – por conta dos conflitos no leste europeu e casos de gripe aviária em países produtores como os Estados Unidos – tem aumentado a demanda pela carne de frango nacional. Assim, as exportações brasileiras estão aquecidas, o que, por sua vez, vem limitando a oferta doméstica e resultando em alta nos preços, mesmo diante da demanda nacional enfraquecida.
Cepea
MEIO AMBIENTE
Nova tecnologia da Embrapa estimula reciclagem de dejetos animais
Pesquisadores da Embrapa Agroenergia, com sede em Brasília, desenvolveram dois catalisadores metálicos para a produção de carbono e hidrogênio a partir do biogás. As tecnologias têm vida útil maior que as já existentes por serem compostas de metais de terras raras.
O desenvolvimento das tecnologias pode estimular a reciclagem dos dejetos animais, já que um dos métodos de obtenção do biogás no país baseia-se na digestão anaeróbica dos rejeitos. No Brasil, as técnicas de geração de biogás incluem também o uso de biomassa florestal, de resíduos de hortifrúti e até efluentes da cultura do dendê. Ambos os catalisadores foram aprovados em testes de laboratório, de pequena escala, e aguardam parceiros interessados em finalizar a tecnologia e testá-la em plantas industriais. O hidrogênio obtido com uso do catalisador, por exemplo, pode ser empregado em vários processos industriais, como produção de amônia, refino do petróleo, metalurgia e indústria de alimentos. Já o monóxido de carbono é matéria-prima para indústrias como a química e a farmacêutica, entre outras. “O gás de síntese, que é a mistura de hidrogênio e monóxido de carbono, pode ser obtido também de fontes renováveis e usado para a produção de energia e de combustíveis líquidos. Uma forma de obtenção desse gás a partir de fontes renováveis é a reforma do biogás. O gás de síntese possui diversas aplicações, como a produção de hidrocarbonetos, metanol e hidrogênio”, diz o pesquisador Emerson Schultz, que liderou o desenvolvimento dos catalisadores. A conversão do biogás em gás ocorre em altas temperaturas, entre 700º e 800º C. Os componentes do biogás passam por um catalisador que aumenta a velocidade das reações químicas. “Acreditamos que o hidrogênio verde obtido a partir da reforma do biogás possa desempenhar importante papel na obtenção de vários outros produtos, como a amônia verde, por exemplo”, disse a pesquisadora da Embrapa, Itânia Soares.
Valor Econômico.
INTERNACIONAL
Queda incomum na demanda de soja da China pode preceder contração de carne suína
A China parece estar estrangulando significativamente as importações de soja este ano para bem abaixo das normas recentes, após um recorde no ano passado, que coincidiu com uma restauração significativa de seu rebanho de suínos, o maior do mundo.
Isso permitiu que a produção de carne suína da China no primeiro trimestre de 2022 subisse para o maior em mais de três anos, preenchendo um déficit de proteína deixado pela peste suína africana (PSA). A PSA havia eliminado uma grande parte do rebanho de suínos há alguns anos. Mas pode haver uma retração se os custos da alimentação permanecerem altos, principalmente porque os produtores de suínos chineses podem estar abatendo animais após um longo período de perda de dinheiro. Isso poderia reduzir ainda mais a demanda por soja, já notavelmente fora da tendência este ano. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, a China importará 91 milhões de toneladas de soja em 2021-22, contra quase 100 milhões no ano anterior. Isso marcaria a segunda vez desde 2003-04 que as importações caíram no ano, sendo a outra em 2018-19, quando a ASF e a guerra comercial dos EUA derrubaram a demanda. A China produz mais de 90% da carne que consome, e o USDA vê a população comendo um volume recorde de carne em 2022, após uma grande queda há três anos. A produção está no limite inferior dos níveis pré-PSA, mas a oferta restante será coberta por importações substancialmente mais fortes do que nos tempos pré-PSA. Geralmente, as importações de soja mais baixas sugerem uma produção de suínos mais leve e um aumento potencial nas importações de carne, mas as reduções nas importações tanto de matérias-primas quanto de produtos acabados podem não ser simultaneamente sustentáveis sem uma mudança de demanda em maior escala. Uma mudança proeminente é o gosto crescente dos consumidores chineses por carne bovina, grande parte importada dos Estados Unidos. Em meados de abril, a China havia comprado mais carne bovina dos EUA do que suína para embarque em 2022, apesar de a carne bovina custar quase três vezes mais. Ainda assim, a carne suína continua sendo a proteína preferida da China, que deve responder por 69% do consumo de carne este ano, contra 13% da carne bovina. Autoridades chinesas disseram nesta semana que os produtores de suínos provavelmente voltarão a ter lucro no terceiro trimestre deste ano, mas isso estava sob a suposição de que os preços da ração seriam corrigidos até então.
REUTERS
NOTÍCIAS SETORIAIS – PARANÁ
Navegação por cabotagem: o que a BR do Mar pode fazer pelo Paraná
Navios de bandeira estrangeira poderão transportar cargas entre portos brasileiros, com a BR do Mar, a nova lei da cabotagem. Para um percurso de 2 mil quilômetros dentro do país, o custo para levar uma carga de navio seria 70% menor se comparado ao transporte por caminhão
De acordo com dados do Ministério da Infraestrutura, apenas 11% das mercadorias movimentadas dentro do país são transportadas por navios. “Na Europa, a cabotagem é muito forte e estima-se que esse percentual seja de 50%”, diz Rodrigo Buffara Farah Coelho, Gerente Geral do terminal portuário Cotriguaçu, em Paranaguá. A navegação por cabotagem no porto paranaense é ínfima. Nos dois últimos anos, representou menos de 5% do total movimentado. Apesar disso, tem tido um crescimento. De acordo com informações da administração do porto de Paranaguá, em 2021 a navegação por cabotagem cresceu 19% em comparação com 2020 e, quando comparado com 2016, o movimento do último ano foi 34% maior. A irrelevância da navegação por cabotagem no Brasil parece estar com os dias contados. No começou desse ano, foi sancionada pela presidência da República a chamada "Lei da Cabotagem" (Lei 14.301/2022), instituindo um marco regulatório para esse tipo de transporte, popularmente conhecida como "BR do Mar". Um dos principais entraves que impediram até agora a opção por esse tipo de transporte foi a obrigatoriedade de o serviço ser prestado por navios fabricados dentro do próprio país. Segundo Coelho, com a nova lei e a possibilidade de afretamento de navios de outras bandeiras, o custo deve cair e a navegação por cabotagem deve crescer. Ele lembra também que havia uma “burocracia gigantesca” que atrapalhava e que a expectativa com a BR do Mar é que tudo fique simplificado, já que o governo tem interesse em fomentar esse modal. “Para distâncias até 300 quilômetros, o transporte mais barato é o rodoviário, de 300 a 1500 quilômetros o melhor é o trem, e acima disso é o navio”, explica João Arthur Mohr, Gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo ele, para um percurso de 2 mil quilômetros dentro do país, o custo para levar uma carga de navio seria 70% menor se comparado ao transporte por caminhão. Isso considerando só o transporte de um porto a outro. “Aí tem que se acrescer o custo do transporte rodoviário e/ou ferroviário da indústria ao porto de partida e do porto de destino até o atacadista, por exemplo. Mesmo assim, por cabotagem seria mais barato. Qualquer mercadoria que o Paraná vá levar da Bahia para cima já compensa transportar por navio”, observa. De acordo com informações da Fiep, os setores industriais do Paraná que mais devem se beneficiar com a BR do Mar são: carnes, petroquímica, automóveis e trigo. O Gerente Técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, confirma que as cooperativas do estado têm interesse em vender trigo para o Norte e Nordeste do país e a cabotagem seria a melhor opção. “As duas regiões juntas têm potencial para consumir, por ano, 1 milhão de toneladas de trigo produzidas no Sul do Brasil. O Paraná pode fornecer cerca de 200 mil toneladas do produto”, informa. O representante da Ocepar, no entanto, faz uma ressalva. Segundo ele, é preciso melhorar muito a questão da intermodalidade em todo o país. “Os portos precisam estar integrados com as rodovias e as ferrovias. Ainda não estamos acostumados a trabalhar dessa forma e para ser viável é necessária essa integração, porque a carga não pode ficar parada no porto esperando para seguir viagem ao destino final”, observa. Além disso, Turra argumenta que custo total do transporte na navegação por cabotagem tem que ficar entre 20% e 30% menor em comparação ao transporte rodoviário para valer a pena.
GAZETA DO POVO
Maior carga em 12 anos: quais impostos mais pesam sobre pessoas e empresas no Brasil
Segundo o Tesouro Nacional, a maior parte dos impostos é arrecadada pelo governo federal, que recolheu 66,3% dos tributos em 2021, ou 22,48% do PIB
Relatório divulgado pelo Tesouro Nacional mostra que o total de impostos pagos no Brasil em 2021 chegou ao maior nível em pelo menos 12 anos, atingindo R$ 2,942 trilhões, ou 33,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O documento revela ainda como a tributação incide majoritariamente sobre o consumo de bens e serviços, o que é apontado por economistas como prejudicial às classes mais baixas da população. De acordo com as estimativas do órgão, a maior parte dos impostos é arrecadada pelo governo federal, que recolheu 66,3% dos tributos do país, ou o equivalente a 22,48% do PIB. Em 2021, a União arrecadou R$ 1,951 trilhão, um aumento de 24,7% em relação a 2020. Por exigência da Constituição, parte da arrecadação tributária da União é posteriormente distribuída a estados e municípios. Em 2021, aproximadamente 18% da receita total do governo federal foi transferida aos governos regionais, segundo o Tesouro. Governos estaduais arrecadaram R$ 789 bilhões em 2021, 23,6% a mais que no ano anterior. O valor corresponde a 26,8% de tudo o que foi pago de imposto pelos brasileiros, ou 9,09% do PIB. Os impostos municipais, por fim, somaram R$ 202,3 bilhões no ano passado, com alta de 19,4% sobre 2020. O valor equivale a 6,9% de toda a arrecadação tributária, ou 2,33% do PIB. Os dados são considerados preliminares, uma vez que a área responsável pelo "dado oficial" da carga tributária é Receita Federal, que ainda não divulgou seus cálculos relativos a 2021. Considerando a estrutura da carga tributária, segundo o relatório do Tesouro, em 2021 43,5% dos impostos – ou R$ 1,28 trilhão – incidiram sobre bens e serviços, o que acaba pesando sobre a atividade empresarial e sendo repassado ao consumidor. Entram nessa classificação PIS, Cofins, IPI, IOF, Cide, DPVAT, ICMS e ISS, entre outros. Impostos sobre renda, lucros e ganhos de capital, como IRPF, IRPJ e CSLL, corresponderam a R$ 696 bilhões, ou 23,6% do que foi arrecadado. Outros R$ 710,69 bilhões foram para contribuições sociais, como previdência, FGTS e Pasep, o que equivale a 23,6% do total recolhido. Cerca de R$ 143,5 bilhões foram recolhidos sobre patrimônio, o que corresponde a 4,8% de todos os tributos cobrados no ano passado. Nessa categoria se enquadram impostos como ITR, IPTU, ITBI, ITCD e IPVA. Na comparação internacional, a carga tributária sobre o PIB no Brasil esteve – pelo menos até 2020 – abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais ricas do planeta. Em 2020, última atualização da entidade, esse indicador ficou em 33,73% na média da organização e em 31,77% no Brasil. A média brasileira, porém, supera com folga a da América Latina, que era de 22,95% até 2019. Considerando a relação do valor pago em tributos com a renda per capita, no entanto, o Brasil estaria acima da média dos países da OCDE. Dados de 2019 mostram o país na nona colocação em um grupo de 27 economias. Estima-se que, em 2021, o brasileiro trabalhou 149 dias apenas para pagar impostos. Além de a carga tributária ser elevada, o sistema de impostos brasileiro é considerado complexo na comparação com a média mundial. Um estudo divulgado no ano passado pelo Banco Mundial mostrou que companhias brasileiras gastam entre 1.483 e 1.501 horas por ano apenas para preparar, declarar e pagar impostos – o maior tempo entre 190 economias do mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), cerca de R$ 181 bilhões são gastos por ano por empresas no Brasil para manter pessoal, sistemas e equipamentos apenas para planejamento, acompanhamento e execução de obrigações fiscais. Cada empresa deve seguir hoje 4.626 normas fiscais, que contêm, ao todo, 51.945 artigos, 121.033 parágrafos, 386.993 incisos e 50.906 alíneas.
Gazeta do povo
ECONOMIA/INDICADORES
Dólar à vista fecha em alta de 4,07%, a R$4,8065
O dólar disparou na sexta-feira, registrando a maior alta percentual diária desde o começo da pandemia de Covid-19, em março de 2020. Em 2022, o dólar reduziu a desvalorização para 13,76%
O dia foi de forte ajuste de posições no câmbio, movimento ditado pelo nervosismo global que catapultou o dólar lá fora a máximas em mais de dois anos, por receios de um aperto monetário ainda mais acelerado nos EUA. Preocupações com a economia chinesa --principal destino das exportações brasileiras-- também pesaram, e tampouco ajudou renovado ruído político-institucional no Brasil, que, no entanto, investidores avaliaram como tendo impacto limitado no desenrolar do pregão da sexta. O Banco Central entrou em cena e anunciou o primeiro leilão de venda de dólar spot do ano. O Bacen colocou no mercado à vista 571 milhões de dólares, o que ajudou a manter o dólar afastado dos picos intradiários. "Subir até uns 2%, 2,5% estava normal, mas a partir daí começou um problema de liquidez, uma liquidação generalizada, então o BC teve de entrar", disse Marcos Weigt, Chefe de Tesouraria do Travelex Bank. O dólar chegou ao fim do pregão no mercado à vista com alta de 4,07%, a 4,8065 reais. É o maior valor desde 24 de março passado (4,8311 reais) e a mais forte alta percentual diária desde 16 de março de 2020 (+4,86%). Na semana, a moeda saltou 2,34%, maior ganho desde a semana finda em 19 de novembro de 2021 (+2,81%). A alta desta sexta foi tão expressiva que reverteu a queda do dólar no mês. A moeda agora sobe 0,92% no acumulado de abril --até a sessão anterior, acumulava baixa de 3,03%. Os comentários que mais chamaram atenção foram os do chefe do BC dos EUA, Jerome Powell, que na quinta-feira foi claro ao dizer que uma alta de 0,50 ponto percentual no juro estará "sobre a mesa" quando o Fed se reunir em 3 e 4 de maio para aprovar o próximo do que deve ser uma série de aumentos de taxas neste ano. Profissionais do mercado comentaram que ao longo do dia a impressão de que Roberto Campos Neto, Presidente do Bacen, estaria deixando de buscar a meta de inflação para 2023 causou mais alvoroço e colaborou para o mal-estar geral do mercado.
REUTERS
Ibovespa tem maior queda desde novembro e fecha pior semana em 6 meses
O principal índice da bolsa brasileira desabou na sexta-feira, acompanhando desempenho em Wall Street e refletindo o tombo da véspera nos mercados norte-americanos, quando a B3 fechou para feriado, diante de perspectiva de um aperto monetário mais agressivo nos Estados Unidos
Vale, Petrobras e bancos, ativos com maior peso no índice, foram as principais influências para a baixa. Copel foi a única alta do índice. De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 3,14%, a 110.755,74 pontos, o que seria o menor nível de fechamento desde 15 de março e a menor baixa diária desde 26 de novembro. O índice acumula cinco pregões consecutivos de queda. O volume financeiro foi de 25,2 bilhões de reais. Na semana, também segundo dados preliminares, o índice caiu 4,67%, o recuo mais intenso desde a semana encerrada em 22 de outubro. Trata-se da terceira baixa semanal seguida.
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